Longevidade

O aumento da longevidade humana juntamente com o envelhecimento da população (aumento proporcional dos idosos) pode ser considerado o fenômeno mais importante a nível mundial da atualidade, com sérias implicações sociais, econômicas, previdenciárias e de saúde. Países como Brasil vivenciam esse fenômeno desde meados do século passado, porém de forma muito mais acelerada do que os países mais desenvolvidos, que iniciaram esse processo há mais de um século. O baixo nível socioeconômico e educacional da maioria da população brasileira deve ser visto como um fator agravante no tocante ao equacionamento das necessidades de sobrevivência com saúde e qualidade de vida da crescente população de idosos. Políticas públicas são necessárias, mas requerem conhecimento sobre as condições de vida e saúde dessa população. Pesquisas sobre o tema são incipientes e profissionais especializados nem de longe atendem à demanda já existente. O intercâmbio com países e instituições acadêmicas que já vivenciam essa problemática há mais tempo é uma estratégia vital para que possamos avançar mais rapidamente na busca de soluções que se adequem a nossa realidade.

Linhas de Pesquisa

  • O papel do Sistema Imune no processo de envelhecimento e alternativas para a longevidade saudável

Várias são as alterações que ocorrem nos órgãos e tecidos durante o processo de envelhecimento humano. As alterações que ocorrem no Sistema Imune são apontadas como causa e/ou consequência de várias doenças relacionadas ao envelhecimento. Os dois braços da resposta imune (inata e adaptativa) sofrem alterações e como resultado observa-se menor eficácia na resposta a infecções, na imunização pós-vacina e a tumores, além do aumento de respostas autoimunes. É relatado também um processo discreto de inflamação crônica periférica que tem sido relacionado a diabetes, complicações cardiovasculares, Alzheimer, sarcopenia, entre outras doenças. Nosso grupo tem avaliado células do sangue periférico de indivíduos “saudáveis” acima de 60 anos com o objetivo de avaliar as possíveis alterações do Sistema Imune. O próximo passo é avaliar o impacto de estratégias como atividade física, suplementos, e adjuvantes vacinais na resposta imune. O projeto pode se inserir em várias outras linhas de pesquisa buscando o entendimento de como as alterações no Sistema Imune podem comprometer outros órgãos e tecidos, e como estratégias que mantenham a integridade do Sistema Imune podem contribuir para a longevidade saudável.

  • Promoção da saúde e a prevenção das perdas funcionais inerentes ao envelhecimento.

É conduzido, desde 1991, estudo epidemiológico longitudinal com idosos residentes na comunidade, com metodologia multidimensional para avaliar a saúde e a funcionalidade desses idosos, identificando os fatores de risco para mortalidade. Resultados dessa coorte mostraram que as perdas funcionais físicas e cognitivas são os principais fatores de risco para mortalidade e que há uma perda funcional constante associada ao envelhecimento. Estudos preliminares de intervenção nessa coorte mostraram que ações de promoção de atividade física e estimulação cognitiva são capazes de aumenta significativamente o tempo de atividade física no lazer e melhorar indicadores neuropsicológicos de memória e cognição. O objetivo do presente projeto é avaliar a efetividade dessas ações de promoção da saúde – atividade física e estimulação cognitiva – na manutenção da capacidade funcional dos idosos diminuindo as perdas funcionais inerentes ao envelhecimento. Ambas têm potencial de impacto positivo na qualidade de vida, na independência e na autonomia da população que envelhece, porém ainda não foram devidamente avaliadas em conjunto. Para avaliar o efeito independente dessas ações na capacidade funcional, temos que ter um enfoque interdisciplinar avaliando condições econômicas e de moradia, integração social e de saúde que podem influenciar nas perdas funcionais. O projeto conta com um consórcio dentro da UNIFESP integrando profissionais da área atuarial, ciências humanas e de saúde, esta última com foco em disciplinas vitais para o entendimento da funcionalidade biológica dos idosos, a saber: imunidade, sono, neurocognição, função renal, audição e visão. Tem inúmeras teses, dissertações e trabalhos publicados na área com base numa coorte de idosos mantida há 27 anos.

Países envolvidos
Israel; Estados Unidos; Holanda; Reino Unido; Canadá.

Coordenador
Prof. Dr. Luiz Ramos