Rosa Donnangelo
A comunidade científica universitária começou a se formar no Brasil entre os anos de 1920-1940. Dando impulso a esse processo, em 11 de abril de 1931, o governo federal promulgou o Decreto 19.581, que estabelecia o Estatuto das Universidades Brasileiras, conferindo à pós-graduação uma feição inspirada no modelo europeu. A consolidação do perfil dos cursos de pós-graduação seria realizada apenas três décadas depois, nos anos 1960. O mestrado profissional seria implantado pela Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) apenas em 1998 e, quinze anos depois, exibe sinais de transformação e desenvolvimento, cooperando para o avanço da pesquisa no país.
No Plano Nacional de Pós-Graduação para o período 2011-2020, a Capes previa aumento de 35% no número de programas de mestrado profissional entre 2011 e 2013. Atualmente há 3.653 programas e cursos de pós-graduação em vigor no país, sendo 544 o número de mestrados profissionais. Segundo o órgão, os investimentos diretos na pós-graduação, em 2010, somando bolsas e ações de fomento proporcionadas pela Capes/MEC, CNPq/MCTI e fundações de apoio (FAPs) foram de R$ 4.506.313.478,00.
Nildo Alves Batista, docente do Centro de Desenvolvimento do Ensino Superior em Saúde (CEDESS/Unifesp), acredita que em algumas áreas do conhecimento o número de programas de mestrado profissional (MP) já é maior que o de programas de mestrado acadêmico, dado o fato de que hoje não existem mais questionamentos sobre o diferencial dessa modalidade de pós-graduação. “O mestrado profissional tem mostrado cada vez mais a que veio e é muito mais voltado para o mercado de trabalho que o mestrado acadêmico. O Brasil tem caminhado muito no que diz respeito à pesquisa, de forma geral, e é claro que o mestrado profissional tem sua participação nisso.”
O mestrado profissional é uma modalidade da pós-graduação stricto sensu voltada às pessoas que já estão inseridas no mercado de trabalho e procuram problematizar sua prática utilizando-se do método científico. O mestrado acadêmico, por outro lado, é indicado para os alunos que querem seguir a carreira como pesquisadores ou docentes. O objeto de pesquisa é diferenciado, mas o título de mestre é garantido nos dois casos. “No mestrado acadêmico o estudante geralmente pesquisa o que o programa de pós-graduação oferece. No profissional o objeto de pesquisa emerge da prática”, comenta Batista.
O respaldo que os mestrandos adquirem durante a formação no MP garante a aquisição de competências para propor transformações na execução de seu trabalho. “Deve-se levar em consideração o impacto social imediato que o MP oferece, uma vez que transforma o ambiente de trabalho do mestrando”, afirma Batista. “Áreas como a de Administração, que exigem uma intensa atuação prática, são mais congruentes com o MP”.
O mercado de trabalho atual exige qualificação e a pós-graduação, tanto em nível de mestrado quanto de doutorado, é bastante positiva. “O Brasil tem mostrado uma evolução crescente na pesquisa, e nesse ponto a Unifesp é referência. O mestrado profissional contribui para esse processo, através da pesquisa, impactando a prática. Eu pesquiso, conheço melhor e, conhecendo melhor, consigo transformar”, finaliza Batista.