Ana Cristina Cocolo
O programa de pós-graduação da Escola Paulista de Enfermagem (EPE), unidade universitária do Campus São Paulo da Unifesp, ganhou força na década de 70, época em que houve maior investimento no aperfeiçoamento e especialização (lato sensu) na área de Enfermagem no Brasil, principalmente para qualificar docentes da graduação e preparar os futuros candidatos aos cursos de mestrado. “Diferentemente da medicina, a enfermagem, como categoria, demorou muito para se titular no país”, explica Isabel Cristina Kowal Olm Cunha, professora associada livre docente e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem. “Hoje, somos o segundo maior programa de pós-graduação da Unifesp em números de alunos”.
Atualmente, o programa de pós-graduação em Enfermagem possui conceito 5 (muito bom) da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).
Em 1972 os cursos de especialização oferecidos na EPE eram focados nas áreas de enfermagem pediátrica e puericultura; clínica e cirúrgica; saúde Pública; saúde mental e psiquiátrica; e do trabalho. Entretanto, foi em 1978 que o reconhecimento científico da Escola aflorou com a criação do mestrado em Enfermagem Pediátrica e, dois anos depois, em Enfermagem Obstétrica. Em 1989, o programa abrangeu também a Saúde do Adulto. “Entre os mestrados, instituiu-se, em 1986, o doutorado em Enfermagem Materna e Infantil, sendo reformulado oito anos depois de sua criação para formar doutores em Enfermagem, prontos a atender as mais diversas ramificações desta área”, afirma Mavilde da Luz Gonçalves Pedreira, coordenadora da Câmara de Pesquisa e Pós-graduação da EPE. “Os programas fragmentados em ambos os níveis, transformaram-se em apenas um de mestrado e outro de doutorado”.
De acordo com a coordenadora, esta tendência de juntar as áreas levou a EPE a formar um dos primeiros programas multidisciplinares. “A enfermagem não tem como foco a cura da doença, mas sim o cuidado ao ser humano, o alívio do sofrimento e a promoção da saúde”, afirma. “Isso transcende qualquer etapa do ciclo vital já que o cuidado se destina ao ser humano, que é único e integral”.
A EPE tem como missão em seu programa de pós-graduação ser um centro de excelência na formação não apenas de pesquisadores, mas de profissionais altamente capacitados para promover o avanço da ciência da enfermagem e da saúde, com abordagem multidimensional. O objetivo, segundo Mavilde, é integrar os conhecimentos no ensino, na prática e na pesquisa em enfermagem e saúde, utilizando diferentes perspectivas filosófico-teóricas e metodologias que culminem em melhorias no cuidado e na saúde da população. “Para entender o cuidado de uma forma global, não basta o olhar da biologia. É preciso abranger as ciências humanas e sociais”.
EPE | |
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Programas | 1 |
Cursos de Mestrado Acadêmico | 1 |
Curos de Doutorado | 1 |
Total de Alunos | 173 |
Alunos de Mestrado Acadêmico | 87 |
Alunos de Doutorado | 86 |
Total de Docentes - orientadores credenciados | 41 |
Dados de julho 2013 | |
Produção Científica (2012) | |
Apresentação de trabalhos em Congressos e Simpósios | 34 |
Artigos publicados em Jornais ou Revistas Científicas | 5 |
Artigos publicados em Periódicos Indexados (ISI) | 92 |
Cursos de curta duração – Extensão | 18 |
Organização de Eventos (congressos, simpósios, outros) | 27 |
Trabalho em Anais – Resumo | 57 |
Trabalho em Anais – Trabalho Completo | 23 |
Perfil dos alunos
Em 2002, uma pesquisa realizada na Escola, sobre a inserção profissional de egressos do programa da EPE, mostrou que entre os que se formaram mestres, 48% atuavam em instituições de ensino superior e, 46%, em instituições de saúde. Entre os doutores, 90,5% atuavam em instituições de ensino superior e 9,5%, em hospitais. “Hoje continuamos a ter mais enfermeiros da prática procurando realizar pós-graduação no nível mestrado, do que propriamente docentes”, afirma Isabel Cunha , coordenadora do programa. “Além dos enfermeiros, é extremamente comum profissionais de outras áreas em nosso programa, como farmacêuticos, fisioterapêutas, médicos, sociólogos e até mesmo administradores que, de alguma forma, fazem interface com o cuidado ou com a promoção da saúde.”
Produção científica
No ano de 2012, o programa de pós-graduação da EPE apresentou 34 trabalhos em congressos e simpósios nacionais e internacionais, publicou cinco artigos em jornais e revistas científicas de renome, 92 artigos em periódicos indexados (ISI). Em anais foram 57 resumos e 23 trabalhos completos divulgados. Na parte de extensão, ministrou 18 cursos.
“A enfermagem brasileira é a sétima no mundo em publicação de artigos científicos e a pós-graduação é, sem sombra de dúvida, a mola propulsora dessa produção”, afirma Mavilde. “Temos uma produção científica forte, com nota 5 da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal der Nível Superior), o que a classifica como muito boa”.
Para a coordenadora, estudos de inovação e intervenção estão buscando cada vez mais a interlocução com outras áreas do conhecimento para as respostas do dia-a-dia e o desenvolvimento de políticas, programas, produtos e patentes que atendam, cada vez mais, às necessidades da população.
Visando a divulgação e interação dos avanços na área, a EPE publica bimestralmente, desde 1988, a revista Acta Paulista de Enfermagem. Nela, são encontrados resultados de pesquisas inéditas nacionais e internacionais que contribuem para o avanço da ciência e da prática de enfermagem, além de contribuir para o ensino, pesquisa e extensão em saúde.
Pioneirismo
Fundada em 1939, a Escola de Enfermeiras do Hospital São Paulo foi uma das primeiras instituições de ensino de enfermagem instaladas na cidade de São Paulo. Entretanto, os cursos ministrados de Enfermagem e Enfermagem Obstétrica só foram reconhecidos como de nível superior em 1962. Seis anos depois, a Escola de Enfermeiros passou a se chamar Escola Paulista de Enfermagem (EPE).
Em 1977, a EPE foi federalizada e incorporada à Escola Paulista de Medicina (EPM) como Departamento de Enfermagem e, em 1994, acompanhou a transformação da EPM em Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Com a expansão da Unifesp para outras áreas do conhecimento, iniciado em 2005, o departamento voltou a ser Escola Paulista de Enfermagem em 2011, transformando-se em uma unidade universitária do Campus São Paulo da Unifesp – que também abriga a EPM – na Vila Clementino, zona sul da cidade. A atuação tanto dos alunos de graduação quanto de pós-graduação sempre ocorreu no Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp.
Atualmente a EPE possui 335 alunos de graduação em seu curso de bacharelado em Enfermagem, em regime integral e quatro anos de duração. São 88 vagas anuais no vestibular e a entrada ocorre por meio do sistema misto – que utiliza o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) e prova complementar – e por cotas.