Bianca Benfatti
Os dois primeiros programas de pós-graduação - mestrado em Ciência da Computação e mestrado e doutorado em Engenharia e Ciências de Materiais - foram criados a partir do primeiro semestre de 2012. Recentemente, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) aprovou a criação do programa de Biotecnologia, nível mestrado e doutorado, e analisa a aprovação de outro: Pesquisa em Matemática Aplicada. Nos próximos anos, devem ser abertos também nas áreas de Engenharia Biomédica e Engenharia de Computação.
Os principais fatores que levaram à inauguração do Campus São José dos Campos foram as demandas da própria região, no Vale do Paraíba, onde se situa um parque tecnológico de ponta. As seis áreas ministradas no Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT) são estratégicas para o país. Além disso, pesou também a demanda de profissionais em São José dos Campos que até então não contavam com nenhum programa de pós-graduação no Comitê da Computação.
“O Programa de Engenharia e Ciência de Materiais é de alto nível, prova disso é que além do mestrado também aprovou-se o doutorado”, explica o coordenador da Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação, Horacio Yanasse. “Já o de Ciência da Computação apresenta índices de produção equivalentes aos programas de excelência na área, e apenas o programa em Biotecnologia ainda não teve a primeira turma”.
Devido ao grande reconhecimento da Universidade no país e no mundo, a procura por vagas é concorrida, tendo alunos do exterior com perfil acadêmico (dedicação exclusiva) ou tecnológico (dedicação parcial, combinado com o trabalho em empresas). “Desde o primeiro ingresso, atraímos alunos de diversas regiões do país, da região do Sul até o Nordeste.”
Transferência de conhecimento
Com apenas seis anos de funcionamento, o ICT almeja ser reconhecido como um dos centros de excelência do país. Em conformidade com esse objetivo, está afinado com as necessidades da pesquisa, que como afirma o coordenador do programa de Engenharia de Ciências de Materiais (PPG-ECM), Sérgio Gama, requer a preparação de indivíduos treinados, sobretudo na área de materiais. “Esses são a base de inúmeros desenvolvimentos tecnológicos e industriais essenciais no nosso país”, comentou.
O PPG-ECM foi aprovado pela Capes, em 2012, com os níveis mestrado e doutorado, comprovando a qualidade da proposta, dos profissionais e dos laboratórios. Trabalha em conjunto com os campi Diadema e São Paulo. Dentre os principais objetivos do programa, que desenvolve três linhas de pesquisa (biomateriais, nanomateriais, materiais e processos para aplicações industriais), estão a formação de profissionais altamente qualificados, capazes de desenvolver suas próprias linhas de pesquisa ou aplicar os conhecimentos adquiridos nas indústrias, e incentivar o intercâmbio científico com pesquisadores de outras instituições nacionais e internacionais.
Gama explica que, ao ingressar, o aluno estuda os materiais e suas propriedades mecânicas, físicas, químicas, elétricas e magnéticas. “Outro aspecto interessante corresponde ao estudo de materiais biológicos e com implicações em medicina”.
Também em 2012, foi criado o programa em Ciência da Computação (PPG-CC), nível mestrado, com três linhas de pesquisa: sistemas inteligentes, sistemas computacionais e otimização. A procura superou as expectativas, atraindo candidatos de diversas regiões do país. Assim como o PPG-ECM, a intenção principal do PPG-CC é a transferência dos conhecimentos tecnológicos apreendidos para a indústria, e isso será facilitado pelo Parque Tecnológico de São José dos Campos, na qual estão instaladas empresas com aplicações de alta tecnologia.
O coordenador, Márcio Basgalupp, acredita que o programa tem um grande potencial para crescer, por combinar o reconhecimento da Unifesp, o sucesso do Parque Tecnológico e o perfil dos docentes. Segundo ele, uma mistura de pesquisadores experientes e jovens recém-doutores muito produtivos. “Nosso programa caminha muito bem, com índices de produção semelhantes aos de excelência do Brasil, e com o tempo, naturalmente, atingiremos patamares almejados em termos de visibilidade nacional e internacional”, afirma. O próximo passo será a criação do doutorado.
Inovação tecnológica
A mais recente aprovação da Capes contempla o mestrado e doutorado em Biotecnologia (PPG-BT), que funciona em parceria com os campi Diadema e São Paulo. Cláudia Campos, coordenadora do PPG-BT, considera que a conjuntura atual do país estimula e valoriza muito a pesquisa na área de biotecnologia. “A abertura de um programa nesse âmbito, em uma universidade como Unifesp, com a tradição e o reconhecimento de sua pesquisa na área biomédica, sem dúvida alguma é impactante nacionalmente”.
Igualmente aos outros dois programas de pós-graduação do campus, o PPG-BT é constituído por três linhas de pesquisa (biotecnologia molecular, biotecnologia em sistemas fisiológicos e engenharia biológica), tendo como principal meta realizar estudos em áreas básicas e funcionais da biologia e biotecnologia modernas, possibilitando uma formação diferenciada de pesquisadores e profissionais com uma sólida visão interdisciplinar, capacitando os egressos a desenvolver atividades de pesquisa, inovação tecnológica, assim como docência no nível superior.
“No âmbito das disciplinas, o aluno poderá adquirir conhecimentos nestas três linhas, além também daquelas relacionadas à administração, economia, empreendedorismo, patentes e inovação”, explica a coordenadora.
Excelência
Os programas de pós-graduação em Engenharia e Ciências de Materiais e em Biotecnologia, possuem os mesmos conceitos da Capes, nota 4, nos níveis mestrado e doutorado. O mestrado em Ciência da Computação a nota é 3. A produção científica do PPG-CC é relativamente alta e se iguala ao mesmo nível de outros programas de excelência no Brasil, segundo seu coordenador, Marcio Basgalupp.
No período de 2010 a 2013, o Campus São José dos Campos depositou dois pedidos de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
Suprindo carência de vagas
O Campus São José dos Campos, onde funciona o Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), foi inaugurado em 2007, em decorrência do potencial científico e tecnológico da região do Vale do Paraíba, com a formação em Ciência da Computação. A partir de 2013, todos os alunos ingressam no ICT através do Bacharelado em Ciência e Tecnologia e, após completarem os três anos de curso, podem optar por continuar a graduação por mais dois anos e especializarem-se em Biotecnologia, Ciência da Computação, Matemática Computacional (bacharelado), além de Engenharia Biomédica, Engenharia de Computação e Engenharia de Materiais. Atualmente o Campus atende a 844 alunos de graduação.
O ICT ainda conta com três programas de pós-graduação: Ciência da Computação (mestrado), Engenharia e Ciências de Materiais (mestrado e doutorado) e Biotecnologia (mestrado e doutorado). Atualmente, está sendo construído o campus universitário definitivo do Instituto no Parque Tecnológico de São José dos Campos, em uma área de 126 mil m². A primeira parte da obra, com 21 mil m², a qual abrigará atividades de ensino e pesquisa, começou em 2011 e deverá terminar ao final de 2013. Já a segunda edificação, de igual área e que centralizará as atividades de pesquisa e apoio, teve seu início em 2012, com previsão para conclusão até 2015. O prédio antigo, localizado na Vila Nair, será destinado somente aos cursos de extensão.