"A proibição mata: legalize a vida"
Isabel Harari
A perspectiva defendida pela Marcha da Maconha bate de frente com o avanço conservador da chamada “guerra às drogas”, cujo emblema maior é o projeto de lei 7.663/2010, do deputado Osmar Terra (PMDB-RS), que estabelece uma nova política antidrogas no país.
O projeto determina a internação compulsória como alternativa privilegiada ao tratamento, aumenta a pena para o tráfico de drogas e atenua a distinção entre usuários e traficantes (isto é, estabelece uma forte ênfase na punição do usuário, indo na contramão de uma tendência mundial que privilegia políticas de redução de danos). Quando se considera que a prisão por tráfico e consumo de drogas ilícitas é um dos principais alimentos do sistema carcerário brasileiro (quarto maior do mundo), o projeto de lei, se aprovado, tenderá a piorar os seus já graves problemas estruturais.
A Marcha da Maconha reuniu em 8 de junho mulheres, homens, crianças e idosos em todo o Brasil - usuários ou não. Segundo os organizadores, 10 mil pessoas participaram da sétima edição do ato (a segunda autorizada pelo Supremo Tribunal Federal), em São Paulo, em protesto contra a política de “guerra às drogas”. Palestras, debates, oficinas de pintura e intervenções artísticas marcaram o trajeto do Museu de Arte de São Paulo (MASP) até a Praça da República.
A novidade deste ano foi a divisão da marcha em blocos temáticos de organização autônoma como o antimanicomial, feminista, religioso, medicinal e psicodélico, entre outros. A unidade na diversidade foi definida pelo grito comum a todos: “Basta de guerra: por outra política de drogas!”.