Avaliação de impacto permite aprimorar os programas da Unifesp

foto de um laboratório

Imagem: Alline Tosha e Victor Salgado

Um processo de avaliação cujo resultado funcione como um gatilho para a elaboração de medidas que visem a impactar a trajetória e o futuro do que foi avaliado, seja um programa ou uma política pública, tem sido chamado de Avaliação de Impacto. A avaliação busca entender como a intervenção poderá incidir sobre os resultados e se eles serão ou não decorrentes da intervenção realizada. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) (http://www.oecd.org/dac/evaluation/dcdndep/37671602.pdf), a Avaliação de Impacto deve permitir compreender “por que e como um programa funciona (...) se está alinhado com a gestão e se contribui para o desenvolvimento (...)”.

Baseando-se nesse conjunto de ideias, e também nas propostas de convergência desenhadas no Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI/Unifesp), a equipe da Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PROPGPq) iniciou seu projeto de avaliação dos programas de pós-graduação da Unifesp após a finalização da avaliação quadrienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Hoje, a Unifesp conta com 70 programas (66 institucionais e 4 em rede) nas diversas áreas do conhecimento. A ampliação do Sistema Nacional de Pós-Graduação (SNPG) nos últimos anos também se refletiu na Unifesp, houve uma expansão no número de programas em nossa instituição, o que implica um importante desafio, quando se trata de avaliar o desempenho dos programas e sua contribuição para o desenvolvimento do país.

O SNPG foi instituído a partir da década de 1970 do século passado, com a criação de uma lei federal que regulamentou os cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu no Brasil. Inicialmente, o SNPG foi criado para formar professores e capacitá-los para atuar nas instituições de ensino superior (federais, estaduais, municipais e privadas). Hoje são formados no Brasil aproximadamente 60 mil mestres e 20 mil doutores por ano em mais de quatro mil programas de pós-graduação, todos avaliados por uma única agência, a Capes.

Atualmente, as universidades brasileiras têm em seus quadros docentes mestres ou doutores. A Unifesp, por exemplo, tem mais de 90% dos seus docentes com o título de doutor, Pró-Reitoria de PósGraduação e Pesquisa exigido para ingresso na carreira docente na maioria das vezes. Dessa forma, o objetivo inicial da lei que, a princípio, regulamentou os programas de pós-graduação stricto sensu, ou seja, formar docentes para atuar no ensino superior, aparentemente, foi alcançado.

Entretanto, quando comparamos o Brasil com outros países no que diz respeito à inserção de mestres e doutores no mercado de trabalho, atuando não somente nas universidades, fica evidente que o número de profissionais com essas titulações incorporados aos vários segmentos da sociedade é ainda pequeno. Enquanto o Reino Unido conta com um índice de 41 doutores para cada 100 mil habitantes, o Brasil tem 7,6 profissionais titulados para a mesma proporção de pessoas.

O caminho a ser percorrido para alcançar indicadores educacionais como o de nações desenvolvidas, portanto, ainda é longo. Nesse sentido, faz-se necessário uma reflexão e ampla discussão institucional acerca da pós-graduação que queremos e sobre os nossos principais desafios para o futuro. Os oito temas destacados no PDI/Unifesp são bastante caros a esta gestão, por meio deles esperamos construir projetos convergentes de pesquisa e enraizá-los nos programas de pós-graduação.

A avaliação que recebemos da Capes, bem como aquela que fizemos internamente, mostra que precisamos avançar no que diz respeito à formação dos nossos mestres e doutores, para atuar não somente na academia, mas também nas mais diversas áreas da sociedade brasileira, de modo a efetivamente contribuir para a solução dos problemas do país, que são enormes, proporcionais a sua dimensão. A Unifesp, com seus programas tradicionais, sobretudo nas áreas de Medicina e Biomedicina, criados há aproximadamente 50 anos, e, mais recentemente, com a criação de outros programas nas diversas áreas do conhecimento, com um contingente de aproximadamente 5 mil estudantes de pós-graduação, tem importante missão no que diz respeito à formação de pessoas para contribuir para a solução de problemas do país. Somente poderemos alcançar o desenvolvimento científico e tecnológico, a melhoria na qualidade da educação que almejamos, com um sistema de pós-graduação que tenha a capacidade de avançar e contribuir para o progresso do Brasil.