Nesta edição da revista Entreteses, em que se comemoram os 25 anos da Unifesp, abordamos a extensão e a cultura produzidas no âmbito da instituição. É o volume em que apresentamos e reafirmamos a política de extensão e cultura, construída ao longo da história da universidade, e damos visibilidade a um conjunto de ações, processos, produtos e conhecimentos que emergem da relação de nossos campi com a sociedade.
A política de extensão e cultura, em consonância com as diretrizes nacionais, tomou como fundamento a concepção e a intencionalidade dos sujeitos que conduzem ações extensionistas e culturais na universidade. Foi, então, definida como um conjunto de ações e processos, de natureza educativa, cultural, científica e política, desenvolvido por metodologias que propiciam a assimilação e a construção do conhecimento, a partir dos desafios postos pela realidade vivida. Por meio do diálogo entre as práticas científicas e sociais, com atuação interdisciplinar e interprofissional, busca construir respostas às questões apresentadas, na perspectiva da formação individual e da transformação da sociedade, valorizando a diversidade e os direitos socioambientais da população.
Na Unifesp a extensão e a cultura têm sido fortalecidas pela produção gerada a partir da indissociabilidade entre extensão, ensino e pesquisa; pela ampliação da prestação de serviços e do número de programas, projetos, cursos de extensão e eventos institucionais; e pelo aprimoramento dos cursos de especialização e de aperfeiçoamento. Houve, também, uma aposta em diversas iniciativas na interface com outras pró-reitorias, a exemplo da política de observatórios, da Apresentação - Curricularização, do Projeto Acadêmico de Prestação de Serviços (Paps), da inovação social, da política de direitos humanos, da política de cultura e da institucionalização das empresas juniores.
É importante ressaltar que a Unifesp tem sido responsável por desenvolver programas que contribuem com as políticas públicas, tais como cursos de especialização (lato sensu) e de extensão que visam à capacitação dos servidores públicos e da população em geral. Entre esses, destacamos a especialização em Saúde da Família (UnA-SUS/Unifesp); o aperfeiçoamento para agentes de saúde indígena (por meio do Projeto Xingu e da Secretaria Especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde); o curso de extensão Supera (Sistema para Detecção do Uso Abusivo e Dependência de Substâncias Psicoativas: Encaminhamento, Intervenção Breve, Reinserção Social e Acompanhamento) para profissionais de saúde, em parceria com o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp); e o Núcleo Telessaúde Brasil Redes, que resulta de parceria entre a Unifesp/ Secretaria de Educação a Distância (Sead) e o Ministério da Saúde.
Outras ações desenvolvidas ao longo da história da Unifesp vêm assumindo, além do valor estético, um papel pedagógico importante, inclusive para a sociabilidade e a inclusão. O Museu Histórico Prof. Dr. Wladimir da Prússia Gomez Ferraz, da Escola Paulista de Medicina, o Coral Unifesp, o Projeto Jovem.doc, a Cátedra Kaapora, a Cátedra Edward Saïd, o Projeto Artes do Corpo, o Laboratório de Artes Visuais (Labart) e a Semana Unifesp Mostra sua Arte. Todo esse potencial, edificado ao longo de 25 anos, promoveu transformações na universidade como um todo. Revisões da prática docente, alterações e ajustes na estrutura organizacional e, ainda, reflexões sobre o conceito e o papel da instituição nos diferentes contextos – nacional e internacional.
Nesse sentido, o cenário de desafio e reinvenção permanece atual para a universidade pública. Cabe a ela continuar a contribuir para o enfrentamento das crises contemporâneas, oferecendo subsídios científicos, de forma ética e comprometida com a emancipação humana. E é justamente na compreensão desse propósito que a extensão e a cultura universitárias reiteram seu significado: como prática acadêmica produtora de conhecimento na diversidade e na interação dialógica com a sociedade.