José Luiz Guerra
Lian Tock, Ana Dâmaso, Joana Ferreira, Raquel Campos, Flavia Corgosinho e Deborah Masquio
Uma pesquisa, desenvolvida no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências da Saúde do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp) – Campus Baixada Santista, concluiu que o aumento da concentração de leptina no sangue pode ter relação com a ocorrência de sintomas depressivos em adolescentes obesos. O trabalho é fruto da tese de doutorado defendida pela psicóloga Joana Pereira de Carvalho Ferreira, sob orientação de Ana Dâmaso.
A leptina é um hormônio produzido no tecido adiposo responsável pela regulação do balanço energético do organismo. Quando liberado em excesso, no entanto, aumenta o processo inflamatório e age com efeito contrário, aumentando o apetite e reduzindo o gasto energético. Isso ocorre devido a uma provável resistência à ação do hormônio quando produzido em excesso, quadro conhecido como hiperleptinemia.
Participaram do estudo 75 adolescentes obesos, sendo 30 do sexo masculino e 45 do feminino, com idade entre 13 e 19 anos. Foram excluídos do protocolo aqueles que apresentaram alterações nos exames cardiológicos, os portadores de doenças relacionadas ao sistema imunológico, genéticas, osteomusculares e endócrinas. Também não foram incluídos os indivíduos que fizeram dietas suplementares para alteração do metabolismo nos últimos seis meses, além daqueles que já faziam acompanhamento psicológico ou farmacológico para o tratamento da depressão.
Durante o período de um ano, esses voluntários foram submetidos a um tratamento interdisciplinar que incluiu atividade física, acompanhamento médico, nutricional e psicológico. No início e no final do tratamento, os adolescentes passaram por exames de sangue, ultrassonografia de carótida e abdômen e avaliação de composição corporal. Para a medição dos sintomas depressivos foi aplicada a Escala de Depressão de Beck.
Após o período de tratamento, a pesquisadora verificou melhora no quadro psicológico. “Antes da terapia, 60% dos adolescentes apresentavam sintomatologia de depressão, e destes, 91% apresentaram redução dos sintomas após a terapia”, explica Joana. Os resultados indicaram ainda que a melhora do estado de hiperleptinemia e, consequentemente, da resistência à ação desse hormônio podem ter influenciado na redução dos episódios de depressão, especialmente entre as meninas.
Os resultados da pesquisa sugerem que a redução dos níveis de leptina para níveis dentro da normalidade favoreceu a restauração da característica protetora deste hormônio. “Esses resultados podem contribuir para o levantamento de estratégias de tratamento para essa população. No entanto, é importante ressaltar que não se pode reduzir a causa da depressão a um único fator, já que essa é uma doença extremamente complexa e multifatorial”, completa a pesquisadora.
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CARVALHO-FERREIRA, Joana Pereira de; MASQUIO, Deborah Cristina Landi; CAMPOS, Raquel Munhoz da Silveira; NETTO, Bárbara Dal Molin; CORGOSINHO, Flavia Campos; SANCHES, Priscila L.; TOCK, Lian; TUFIK, Sergio; MELLO, Marco Túlio de; FINLAYSONE, Graham; DÂMASO, Ana R. Is there a role for leptin in the reduction of depression symptoms during weight loss therapy in obese adolescent girls and boys? Peptides, v. 65, p. 20–28, mar. 2015. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0196978115000078 >. Acesso em: 29 mar. 2017.