Por José Luiz Guerra
Docentes e pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) se reuniram no último dia 1º de fevereiro, no anfiteatro Leitão da Cunha, para uma discussão formal do CID-11 (Classificação Internacional de Doenças – décima primeira revisão). No Brasil, a instituição é a responsável pelos trabalhos de pesquisa e análise do código.
Na abertura dos trabalhos, o professor titular do Departamento de Psiquiatria da Unifesp e coordenador dos trabalhos no Brasil, Jair Mari, agradeceu a presença dos pesquisadores nacionais e internacionais presentes na discussão. “É um prazer enorme recebê-los para discutirmos o CID-11”. Mari também agradeceu o apoio da universidade e das agências de fomento, que viabilizaram a realização do encontro.
A reitora da Unifesp, Soraya Smaili, falou sobre o destaque internacional das diversas linhas de pesquisas da universidade nas áreas de Psiquiatria e Neurociências, que foram o foco das discussões do evento. “Este é um encontro de extrema importância para a Unifesp, pois reunimos vários de nossos pesquisadores, docentes e estudantes para discutir o CID-11”. Entre outros temas, Soraya falou também sobre os trabalhos desenvolvidos pelo Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), que está analisando as ossadas encontradas em uma vala clandestina no Cemitério de Perus e que também poderá colaborar, futuramente, com a identificação de pessoas desaparecidas.
Emília Sato, diretora da Escola Paulista de Medicina (EPM/ Unifesp), parabenizou os organizadores do encontro e ressaltou a importância de que mais puderam ter contato com o tema, uma vez que a reunião foi aberta ao público. Médica reumatologista, Emília disse ainda que muitas doenças podem interferir psicologicamente. “Sabemos que doenças como o Lupus afetam também o psicológico do indivíduo e essas desordens devem ser compreendidas”, disse ela.
Por fim, o coordenador dos estudos internacionais do CID-11 e membro do Departamento de Saúde Mental e Abuso de Substâncias, Geoffrey Reed, falou sobre as experiências das discussões acerca do CID-11 em outros países como México e China e ressaltou a importância de discutir o tema no Brasil. “Agradeço ao professor Jair Mari pela oportunidade de mais uma vez podermos discutir a classificação das doenças”, finalizou.
O encontro contou ainda com mesas de discussões sobre desordens mentais relacionadas a transtornos alimentares, autismo e condições relacionadas à saúde sexual, entre outros temas.
A primeira edição do CID foi aprovada em 1893 e, desde então, vem sendo periodicamente revisada. A última, a décima revisão (CID-10), foi aprovada em 1989. Desde então, foram estabelecidos mecanismos para atualizar a CID-10, o que não ocorria antes. A publicação do CID-11 está prevista para 2017.