Terça, 15 Março 2016 11:43

Especial "Eu, Mulher na Unifesp": Graziela Dantas

Durante o mês de março, a Unifesp homenageia algumas das mulheres que fizeram e continuam fazendo história na universidade

Por Valquíria Carnaúba

A seguir, Graziela Dantas, estudante do 2° ano de Ciências Ambientais, casada e mãe de três filhos, fala um pouco sobre a sua luta por uma vaga na universidade, os obstáculos enfrentados ao longo de sua trajetória de vida e planos para o futuro... que são muitos!

"Quero ser geóloga marinha, é meu sonho!"

Quem sou eu
Meu nome é Graziela Dantas. Nasci em 26 de novembro, na capital paulista, e após muita luta estou hoje no 2° ano de Ciências Ambientais na Unifesp. Além de estudante, sou esposa e mãe de três filhos: Wesley, de 16 anos, Anthony de 14 anos e Yan, hoje com 13. Tornei-me mãe aos 19 anos, naquela idade que jovens costumam fazer diversos planos para a carreira, e não tive qualquer apoio do pai de meu primeiro filho... Porém, apesar de ter passado por todas aquelas transformações pelas quais passam as mães solteiras e precoces, acredito que ter ingressado tardiamente na universidade - com 35 anos - trouxe uma vantagem: mais maturidade na escolha do curso. Hoje, vemos muitos jovens optarem por profissões para agradar às expectativas dos pais ou porque ouviram dizer que determinada profissão “dá mais dinheiro”.

O lugar que a Unifesp ocupa na minha vida
Por algum motivo ou outro eu sempre desistia dos estudos. Com a chegada dos filhos, tive que adiar esse sonho. Quando estavam mais crescidos, passei em Ciências do Mar no campus Unifesp da Baixada Santista, e para não perder a vaga descia para Santos todos os dias. Eu ficava em média oito horas diárias dentro de ônibus; além disso, minha presença na vida do Wesley se tornou essencial nessa época... ele se envolveu com quem não devia, e foi muito difícil para mim administrar tudo isso. Então, tive que trancar a matrícula. Mas o tempo foi passando e comecei a perceber que não dava mais para adiar minha entrada na universidade. Já casada com meu atual marido, em 2014, decidi me preparar para o vestibular. Passei a estudar por conta própria, consultando livros e conteúdos da internet; além disso, me inscrevi em um cursinho comunitário, próximo à minha casa. Frequentei apenas duas aulas e, logo em seguida, entrei no curso de Ciências Ambientais pela segunda chamada. A Unifesp representa a realização de um sonho que até então achei que não era possível, que me dá possibilidade de imaginar um futuro melhor para meus filhos. A academia tem ocupado um lugar de grande importância na minha vida e também grande parte do tempo, pois estudo em período integral. Muitas vezes abro mão de estar com minha família para estudar... no entanto, sei que valerá a pena!

A vida acadêmica
Sinto que ainda falta compreensão sobre as dificuldades que alguns alunos passam para concluir os estudos. Eu, assim como muitos que ingressam todos os anos nas universidades públicas, não tenho o perfil do estudante com base financeira e familiar que leva a faculdade sem grandes obstáculos. Preciso trabalhar, estudar e equilibrar todas essas demandas com minha vida pessoal, e já faz parte da minha rotina estudar no intervalo entre uma prova ou outra. Acho que a aplicação das provas, por exemplo, poderia ser mais flexível. Apesar disso, tenho fé que vou conseguir terminar a faculdade a tempo, fazer um mestrado profissional e entrar no mercado! Quero ser geóloga marinha, é o meu sonho. Espero que possa conseguir registro ou no Conselho Regional de Química (CRQ) ou no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA), pois a base em geologia do curso de Ciência Ambientais é bem extensa. A tendência é que se abram cada vez mais oportunidades, pois as demandas ambientais no Brasil e no mundo são cada vez maiores. Hoje sou secretária de comunicação do Cacau - Centro Acadêmico de Ciências Ambientais Unifesp, órgão representativo dos estudantes desse curso no campus Diadema.

O olhar feminino
Sinto que fui bem recebida desde o primeiro dia de aula e que há uma boa representatividade da mulher, pelo menos no meu curso, onde somos a maioria dos estudantes. Mas acredito que, apesar de uma realidade que está mudando, faltam mulheres na ciência e na docência, e é nas minhas professoras que busco inspiração, é nelas que me espelho. Eu quero seguir carreira na área de geologia e imagino que posso, no futuro, precisar gerenciar uma equipe formada por homens; como estamos acostumados a ver geólogos e engenheiros do sexo masculino, posso enfrentar dificuldades nesse sentido.

 

Lido 8453 vezes Última modificação em Quinta, 24 Março 2016 12:46

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