Sexta, 13 Dezembro 2019 18:13

Sessão solene do Conselho Universitário celebra os 25 anos da Unifesp

Cerimônia homenageou os ex-reitores e vice-reitores da instituição

Por José Luiz Guerra e Juliana Cristina

Sessão Solene do Consu/Unifesp em homenagem aos 25 anos da instituição (Foto: Alex Reipert)
Sessão Solene do Consu/Unifesp em homenagem aos 25 anos da instituição (Foto: Alex Reipert)

A última sessão de 2019 do Conselho Universitário da Universidade Federal de São Paulo (Consu/Unifesp) foi mais do que especial. A ocasião marcou, de forma solene, a comemoração dos 25 anos da instituição. Usando as tradicionais becas e pelerines, os conselheiros acompanharam as homenagens feitas à universidade, aos ex-reitores e vice-reitores. “Esta sessão terá como pauta única homenagear e celebrar os 25 anos da nossa universidade”, afirmou a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, no início da reunião.

Ainda na abertura, o vice-reitor, Nelson Sass, declamou ser uma honra e um privilégio participar de um momento tão solene e importante das comemorações dos 25 anos da Unifesp. “Não podemos esquecer a trajetória que vem desde 1933 e que permitiu chegarmos até 2019 com certa musculatura. Gostaria de saudar a todos que fizeram parte desse processo, em especial os ex-reitores, que conduziram com mãos firmes, fazendo o melhor que puderam, e tiveram extrema coragem de avançar. Hoje a Unifesp entrega à sociedade realizações extremamente importantes”, reforçou. A mestre de cerimônia da sessão, Andréia Meleti, registrou um requerimento do vereador Gilberto Natalini para inserção na Câmara dos Vereadores de São Paulo com voto de júbilo e congratulações à Unifesp, assim como uma mensagem de Daniel Cara, integrante do Consu como membro externo, que expressou sua admiração pela Unifesp.

Diretores celebram o jubileu de prata

A diretora do Campus São Paulo, Rosana Puccini, agradeceu a oportunidade de ter participado da história da Unifesp. “É uma história de muitos desafios e momentos difíceis, que foram encarados com garra por toda a comunidade que, ao longo das décadas, contribuiu para a criação da Unifesp”. Ressaltou ainda que é necessário enfrentar o desafio de defender a ciência, a saúde, a educação e os direitos constitucionais. Manoel Girão, diretor da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp – Campus São Paulo), disse ser uma honra vivenciar esse momento e o processo de criação da universidade. Chefe de Gabinete na gestão de Walter Albertoni (2009 - 2013), lembrou as dificuldades enfrentadas no processo de expansão da Unifesp e afirmou que a união das forças ajudou a superá-las. “Juntos somos mais fortes e conseguimos vencer todos os problemas”. Na mesma linha, o vice-diretor da Escola Paulista de Enfermagem (EPE/Unifesp – Campus São Paulo), Alexandre Balsanelli, se disse orgulhoso de fazer parte de um momento histórico, mesmo sendo um jovem docente. Rimarcs Ferreira, presidente do Conselho Gestor do Hospital São Paulo, hospital universitário da Unifesp (HSP/HU/Unifesp), falou do compromisso de toda a equipe diretiva e operacional da entidade com a qualidade da assistência e da oferta de saúde pública à população.

O diretor do Campus Baixada Santista, o primeiro a ser implantado no processo da expansão, Odair Aguiar Jr., parabenizou a universidade pelos 25 anos e homenageou a instituição fazendo uma alusão com o acrônimo Unifesp: “U, vem de união; N, de nós; I, de identidade; F de fazer; E, de esforço; S de sabedoria e P de participação”, além de vislumbrar a comemoração do jubileu de ouro, em 2044. Muito emocionada, Virgínia Junqueira, diretora do Instituto de Saúde e Sociedade (ISS/Unifesp – Campus Baixada Santista), dirigiu seu discurso aos estudantes, reforçando que o futuro da instituição e do país passa também pelas mãos deles. “Os estudantes são a nossa esperança”. Igor Medeiros, primeiro diretor do Instituto do Mar (IMar/Unifesp - Campus Baixada Santista) lembrou que essa unidade universitária nasceu em um contexto de degradação ambiental e que a expertise dos docentes e estudantes pode contribuir de forma ímpar na defesa dos mares.

O diretor do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp – Campus Diadema), Dario Santos Jr., afirmou que, mesmo com 12 anos de existência, o campus ainda pode crescer muito e agradeceu as Pró-Reitorias de Administração, de Planejamento e de Pós-Graduação e Pesquisa pelo apoio à unidade. Magali Silvestre, diretora da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp – Campus Guarulhos) apresentou dados do Censo da Educação Superior de 2017, no qual consta que as universidades públicas representam pouco mais de 10% da rede. Reforçou que a Unifesp aceitou o desafio de expandir suas áreas de atuação e, consequentemente, de possibilitar maior acesso dos mais pobres ao ensino superior público. Devido à impossibilidade de estar presente no evento, o diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT/Unifesp – Campus São José dos Campos) Horácio Yanasse, enviou uma carta que foi lida pelo vice-reitor, Nelson Sass na qual celebra os 25 anos da Unifesp e destaca a contribuição dos bacharelados de ciência e tecnologia e das carreiras específicas na formação de profissionais em diferentes áreas do saber.

Luciana Onusic, diretora da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (EPPEN/Unifesp – Campus Osasco), uma das unidades universitárias mais novas, agradeceu o apoio institucional, desde a sua fundação, em 2011, até os dias atuais, com as obras do campus definitivo. Onusic apontou, ainda, que a comunidade local conseguiu, de forma conjunta, superar as diferenças e dificuldades. Já o coordenador de implantação do recém-criado Instituto das Cidades (IC/Unifesp – Campus Zona Leste), Marcos Xavier, afirmou que a Unifesp é um patrimônio da sociedade e parabenizou - a pelos 25 anos e pela luta travada em conjunto com os movimentos sociais pela consolidação do campus. Por fim, citou a confirmação, em 5 de outubro, da abertura do curso de graduação em Geografia, o primeiro da unidade.

Sergio Tufik, presidente da Associação Fundo de Incentivo à Pesquisa (Afip), instituição patrocinadora dos eventos que celebram os 25 anos da Unifesp, e que também foi vice-reitor da Unifesp, relembrou sua trajetória dentro da universidade e enalteceu os fundadores da EPM, apontado que, a partir dela, surgiram diversas instituições reconhecidas nacional e internacionalmente, além da Unifesp - o Hospital do Rim e Hipertensão (HRim), a Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem (FIDI), o Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Cancer (GRAACC), a Associação Beneficente de Coleta de Sangue (Colsan) e a Associação Paulista para o desenvolvimento da Medicina (SPDM). Referindo-se aos ex-reitores, Tufik os elogiou e afirmou que, por encarnarem o espírito empreendedor, ajudaram a construir a universidade. “Esse espírito empreendedor está com esses homens que foram construindo campus por campus, pedrinha por pedrinha e, com esse mesmo espírito com o qual foi construída a Escola Paulista de Medicina, foi construída a Unifesp”. Também afirmou ser um privilégio ter patrocinado os eventos.

Homenagem aos vice-reitores

Após a fala dos diretores, os ex-vice-reitores da Unifesp, designados a seguir, foram homenageados: Eduardo Katchburian (gestão 1994-1995) [in memoriam, recebido pelo docente Manoel de Jesus Simões]; Regina Celes de Rosa Stella (gestão 1995-1999); Ulysses Fagundes Neto (gestão 1999-2003); Sergio Tufik (gestão 2003-2008); Ricardo Smith (gestão 2009-2013) e Valeria Petri (gestão 2013/2017). Regina Stella se emocionou ao falar de sua relação com a Unifesp. “Esta é a minha casa, local que eu escolhi para aprender, para ensinar e para construir”. Já Valeria Petri parabenizou todos os ex-vice-reitores, relembrando a convivência com cada um deles durante a carreira acadêmica. “Muito obrigada a todos os que vieram alegremente falar de uma instituição que sempre foi modelo”, completou.

Saudações e homenagens aos ex-reitores

O professor titular da disciplina de Medicina de Urgência e Medicina Baseada em Evidências, Álvaro Nagib Atallah, foi o escolhido para saudar Manuel Lopes dos Santos, primeiro reitor da Unifesp (gestão 1994-1995), falecido em agosto de 2018. Atallah destacou o amor que Santos tinha pela Escola Paulista de Medicina e, posteriormente, pela Unifesp, além do respeito que dedicava às pessoas, agradecendo aos familiares do ex-reitor presentes à sessão solene – a viúva, Luiza Matsumura, e o filho Marcelo Santos. Falando em nome de Manuel Lopes dos Santos, Matsumura lembrou a vontade que tinha o jovem, vindo de Portugal aos nove anos de idade, de ser médico. “Ele só prestou vestibular para a Escola Paulista de Medicina, onde sempre quis estudar. Era um epemista roxo”. Por fim, agradeceu a todos os que fizeram e ainda fazem parte da história da Unifesp.

Tania Mara Francisco, pró-reitora de Administração, afirmou ser uma grande honra e responsabilidade homenagear Hélio Egydio Nogueira (gestão 1995-2003). “É uma pessoa amada, que nunca deixou de atender ninguém e que ensinou que o paciente é a razão e o motivo do trabalho de um profissional da saúde. Gratidão por tudo!”. Andréia Meleti leu a carta entregue por Nogueira, na qual agradeceu pela feliz trajetória como aluno, médico residente e docente e pela convivência com a comunidade universitária.

José Carlos Baptista, professor titular e chefe do Departamento de Cirurgia da EPM/Unifesp, apresentou a história acadêmica de Ulysses Fagundes Neto (gestão 2003-2008) e o desafio de iniciar a expansão da Unifesp. Em sua intervenção, Fagundes Neto afirmou que a pequena semente que fora plantada no passado, ainda como EPM, tornou-se uma grande floresta, que é a Unifesp. “Tenho muito orgulho de ter sido aluno da EPM, mas jamais poderia imaginar que ela se tornaria uma universidade com esse tamanho”. Relembrou ainda um encontro com deputados federais da bancada paulista, durante o qual recebeu o convite para ir a Santos reunir-se com o então prefeito, Beto Mansour, que prometeu apoio à expansão da Unifesp na cidade, dando início ao primeiro campus da expansão. “Isso motivou os prefeitos dos demais municípios a nos procurarem e a incentivarem a criação dos outros campi”. O ex-reitor se disse orgulhoso de poder ter participado da história da universidade.

Baptista saudou também o ex-reitor Marcos Pacheco Ferraz (gestão 2008-2009), professor titular aposentado do Departamento de Psiquiatria e que ofereceu uma relevante contribuição à área de saúde mental no Brasil. Ao discursar no Consu, Ferraz afirmou que, enquanto foi aluno, professor e reitor, pôde entender o real sentido da democracia e da convivência com as diferenças e, sobretudo, do respeito diante de opiniões divergentes. “Não existe uma verdade, mas, sim, diversos pontos de vista”, completou.

Álvaro Atallah saudou também Walter Albertoni, reitor na gestão 2009-2013, discorrendo sobre sua carreira acadêmica. “Convivi com ele durante todos esses anos, participando de diversos colegiados, sempre observando a forma respeitosa que ele tinha com as pessoas”. Sobre a atuação de Albertoni como reitor, citou o trabalho por ele realizado, tais como a reforma do estatuto da Unifesp, a mudança do espaço físico da Reitoria e a expansão e consolidação dos campi. Dirigindo-se aos presentes na sessão solene do Consu, Albertoni falou de sua alegria em poder tomar parte do evento que celebra os 25 anos da Unifesp e ressaltou, que, mesmo aposentado, ainda realiza algumas atividades no Departamento de Ortopedia, do qual é professor titular. “Não consigo me ver fora deste lugar”, disse. Recordou fatos históricos dos quais participou, como em 1994, quando a congregação da EPM aprovou a criação da Unifesp e, em 2010, quando houve a mudança da Reitoria para o edifício onde, atualmente, está instalada a administração central da universidade. Além disso, agradeceu a todos os pró-reitores de sua gestão, assim como ao seu vice-reitor, Ricardo Smith e a seu chefe de Gabinete, Manoel Girão.

Homenagem à reitora

O vice-reitor da Unifesp, Nelson Sass, celebrou a participação dos ex-reitores e vice-reitores na sessão solene e, afirmando ter “quebrado o protocolo”, fez uma homenagem a Soraya Smaili, em razão de sua primeira gestão como reitora, de 2013 a 2017. Destacou sua produção acadêmica, desde o início na pós-graduação na Unifesp, publicando artigos nas principais revistas científicas do Brasil e do mundo, até sua chegada à Reitoria. “Isso ilustra as ações ao longo de sua trajetória, honrando os antecessores, respeitando a história da universidade, além de sinalizar que ela trabalha todos os dias para aprimorar a gestão de forma que a Unifesp expanda a sua característica de ser inclusiva e socialmente referenciada, que oferece ensino público, gratuito e de qualidade”. Sass pontuou também que se sente honrado em atuar ao lado da reitora.

Em seu discurso, a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, afirmou que a cerimônia buscou trazer as histórias, as conquistas e a delicadeza do momento, prospectando o desejo de continuar caminhando. Explicou que a primeira tentativa de criar a Unifesp ocorreu nos anos 1960, pelas mãos do então diretor da EPM/Unifesp, Marcos Lindenberg, não reconhecida pelo governo militar. “Colocamos na galeria dos reitores a imagem do professor Marcos Lindenberg, além de entregar o título de professor emérito in memoriam à sua família”. Posteriormente, parabenizou o primeiro reitor da Unifesp, Manuel Lopes dos Santos, pela coragem de criar a universidade. Registrou a presença da docente da Unifesp e ex-ministra da Secretaria de Política para as Mulheres, Eleonora Menicucci, do diretor-superintendente do HSP/HU/Unifesp, José Roberto Ferraro, do superintendente dos hospitais afiliados da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), Nacime Salomão Mansour, ds superintendente do Hospital do Rim, José Osmar Medina Pestana, e do superintendente médico do Grupo de Apoio ao Adolescente e Criança com Câncer (GRAACC) Antônio Sergio Petrilli.

Utilizando a declaração dos direitos humanos como base para sua fala, Smaili reforçou a importância da dignidade da pessoa humana, da relação harmônica das pessoas e do progresso social. Cumprimentou a todos os servidores técnicos administrativos em educação, docentes e estudantes que fizeram e fazem parte da construção da universidade. “A Unifesp só faz sentido por ter as suas pessoas, que trabalham para mantê-la e defendê-la, servindo à nossa sociedade e ao nosso país”. Agradeceu a cada um dos reitores da Unifesp pelo trabalho em prol da instituição desenvolvido durante as respectivas gestões, assinalando que todos foram eleitos, de foram democrática, pela comunidade. A reitora apontou algumas das principais mudanças pelas quais a Unifesp passou, dentre elas a ampliação de um para sete campi, o exponencial crescimento do número de alunos, pesquisas e alunos e a adoção do sistema de cotas muito antes da implantação da lei. Enalteceu também a atuação do HSP/HU/Unifesp como hospital de referência em atendimento à população, cenário de pratica do ensino, pesquisa e assistência. Agradeceu aos pró-reitores, diretores dos campi e unidades acadêmicas, citando cada um, nominalmente.

Sobre as avaliações, Smaili informou que a Unifesp recebeu novamente o conceito máximo (5) no Índice Geral de Cursos (IGC), assim como obteve a nota máxima no recredenciamento do Ministério da Educação (MEC). É considerada, por diversos sistemas de avaliação, como a quarta melhor universidade do país, a sétima em publicações de trabalhos científicos, a que mais tem citações por pesquisador e a quarta em publicações em parceria com a iniciativa privada. Quanto ao impacto social, é considerada como a primeira na redução das desigualdades, na igualdade de gênero, na promoção de saúde e bem-estar, além de figurar entre as três maiores do país na área de educação e entre as 100 melhores do mundo, segundo o ranking Times Higher Education (THE). A reitora reforçou que a Unifesp possui cerca de 65% dos seus estudantes com renda familiar de até 1,5 salário mínimo, o que mostra ser necessário fortalecer a política de permanência estudantil. “A Unifesp reafirma sua missão de que continuará caminhando para o futuro. Vamos nos preparar para os próximos 25 anos, tendo a certeza de que a universidade é um espaço de autonomia e liberdade de pensamento em relação aos governos. Serviremos à sociedade e junto com ela. Temos de esperançar, pois só ela nos faz descobrir que temos tudo”. Finalizou o evento agradecendo a presença de todos e reafirmando o compromisso de, juntos, darem continuidade à história da Unifesp.

Ao final do evento, foi descerrada a placa comemorativa aos 25 anos da Unifesp, instalada na entrada do anfiteatro da Reitoria.

Lido 6731 vezes Última modificação em Segunda, 10 Fevereiro 2020 17:19

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