São Paulo, 28 de julho de 2022
A Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (ProPGPq) e o Conselho de Pós-Graduação e Pesquisa (CPGPq), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), vêm a público exprimir a surpresa e o lamento decorrentes da notícia veiculada no dia 21 de julho, em que pelo menos 13 programas de pós-graduação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) foram fechados.
A Unisinos é uma instituição confessional, com mais de meio século de atuação, e que diplomou milhares de profissionais, muitos, inclusive, hoje, parte do corpo docente da Unifesp. A excelência da formação, em especial no ambiente da pós-graduação, garantiu à Unisinos qualidade em suas ações, com revistas indexadas e de renome, laboratórios, dissertações e teses que dialogam, francamente, com o Sistema Nacional de Pós-Graduação. A Unifesp, de forma respeitosa à autonomia universitária da Unisinos, não pode, entretanto, se furtar de apontar que considera lamentável o fechamento desses programas de pós-graduação, à revelia deste sistema e da própria divulgação mais recente da avaliação de desempenho da Capes.
A formação e o amadurecimento de um programa de pós-graduação são atitudes de impacto nacional, uma vez que seu funcionamento é regrado pela Capes, compartilhado por Colegiados de Avaliadores de Área, estimulado pelo diálogo entre pares, constituindo-se, por fim, em patrimônio intelectual do povo brasileiro.
A “descontinuidade” desses programas – na imensa maioria vinculados às Ciências Humanas e Sociais Aplicadas –, embora aponte, na linguagem da Unisinos, para a melhoria estratégica da formação fornecida pela instituição, impacta, de forma negativa, diversas escalas: os(as) docentes já desligados(as) e os(as) que virão a ser; os(as) discentes; os(as) egressos(as) desses programas de pós-graduação; os(as) funcionários(as), mas também a população do vale do Rio dos Sinos, da Região Sul e da nação, uma vez que o conhecimento ali produzido tem sido, como em todas as demais universidades, demandado para que rompa as fronteiras e impacte, com suas vinculações, o ambiente internacional, visando a melhoria da vida.
Fazendo coro à comunidade universitária nacional, que vem demonstrando sua contrariedade com tal notícia, a ProPGPq e o CPGPq da Unifesp expõem também sua perplexidade e apontam que a defesa da ciência perpassa a necessária estabilidade profissional nos ambientes em que a produção do conhecimento se dá. Sem a estabilidade dos programas de pós-graduação, a ciência nacional se torna menos vívida e menos crítica, impossibilitando amadurecimento profissional de pesquisadores(as), e a instauração de qualquer estratégia de governança eficaz, seja no setor público, seja na iniciativa privada.