Por Denis Dana
Evento atraiu mais de 550 pessoas, que puderam acompanhar a explanação dos dados de maneira presencial e também virtual
Na última segunda, 12/12, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) realizou uma audiência pública para tratar especialmente da situação financeira e orçamentária da universidade, diante dos sucessivos bloqueios e cortes de recursos que têm atingido as instituições federais de ensino superior nos últimos anos. O tema, de interesse de toda a comunidade, atraiu mais de 550 pessoas, que puderam acompanhar a explanação dos dados de maneira presencial e também virtual.
Na abertura da audiência pública, a reitora pro tempore da Unifesp, Raiane Assumpção, ressaltou a importância da ocasião, “compartilhando, com toda a comunidade, com total transparência, informações relacionadas ao orçamento e os desafios por ele impostos às atividades da universidade, de modo que todas as pessoas possam se apropriar da situação”.
Após a fala inicial de Raiane, a pró-reitora de Administração, Tânia Mara Francisco, apresentou em detalhes o orçamento da universidade, destacando as reduções e bloqueios tanto nos recursos para custeio quanto para investimentos nos últimos anos, além de compartilhar informações que explicavam como é realizado o planejamento orçamentário da universidade.
A reitora pro tempore, Raiane Assumpção (em primeiro plano), e a pró-reitora de Administração, Tânia Mara Francisco (ao fundo), durante a audiência
“Ao detalhar os números, podemos observar que sofrermos uma perda de um terço dos recursos entre 2019 e 2022, com valores de custeio inferiores aos recebidos em 2007, o que impõe à universidade um enorme desafio de gestão”, disse Tânia.
Para 2023, a pró-reitora de Administração revela contínua preocupação, “uma vez que o valor no Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) 2023 já consta uma perda de 10,5%. Caso o PLOA não seja alterado, o valor previsto para custeio é de R$ 52.220.907, o que representa pouco mais de R$ 4 milhões mensais, o que nos levará a ter um déficit mensal de R$ 1,6 milhão na comparação com o orçamento executado neste ano, revelando mais um ano difícil e desafiador no que diz respeito às finanças da universidade”.
Preocupação compartilhada com todas as pró-reitorias
A pró-reitora adjunda de Administração, Georgia Mansour, durante a audiência
Para sanar as dúvidas de docentes, discentes, servidores(as) e colaboradores(as) que acompanhavam a audiência, representantes de cada pró-reitoria falaram sobre como a escassez de recursos afeta sua respectiva área. Na Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis, uma das mais prejudicadas, o pró-reitor Anderson Rosa falou sobre a dificuldade em dar qualquer reajuste nos auxílios, “um pleito justo dos(as) estudantes, ainda mais tendo como desafio maior o momento em que tem crescido a demanda por esses auxílios. Isso sem deixar de falar no desafio específico da alimentação, em que os contratos com os restaurantes universitários estão sendo reajustados, o que torna mais pesado e financeiramente difícil para a universidade em tempos de diminuição de recursos”.
A mesma dificuldade orçamentária foi destacada pela pró-reitora de Planejamento, Juliana Garcia Cespedes, ao revelar o tamanho do impacto da escassez de recursos para as ações de infraestrutura na universidade, inviabilizando até mesmo projetos que garantissem maior acessibilidade nos campi, por exemplo.
Tânia Mara Francisco explicando as questões orçamentárias
Na área de pesquisa, Lia Bittencourt, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, esclareceu que os recursos de bolsas pagas pela Capes, CNPq e Fapesp não passam pela universidade, “sendo as próprias entidades responsáveis por garantir o pagamento aos(às) pesquisadores(as), sem que cortes no orçamento específico da Unifesp interfiram em seus recebimentos”.
A situação é diferente na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, em que a pró-reitora adjunta Simone Nacaguma destacou “o impacto do corte nos pagamentos de bolsas de extensão referentes aos meses de novembro e dezembro”.
Outro benefício impactado pelos cortes orçamentários foi a monitoria. De acordo com a pró-reitora de Graduação, Ligia Azzalis, “a falta de recursos prejudicou 134 estudantes que recebem o auxílio”. Na pró-reitoria de Gestão com Pessoas, por sua vez, o impacto, segundo a pró-reitora Elaine Damasceno, “tem sido na realização de novos processos seletivos e contratação de docentes, que dependem diretamente do orçamento para ocorrerem”.
Raiane Assumpção encerrou a audiência
A audiência pública ainda abriu espaço para a fala de representantes de docentes e de estudantes, que também puderam expor suas preocupações, acompanhadas atentamente e acolhidas pela gestão da universidade.
“Temos agido na esfera técnica, oferecendo todas as informações relativas ao orçamento para o MEC, e na esfera política, seguindo em permanente mobilização de modo que a nossa universidade faça parte efetivamente do processo de reconstrução do país. Para isso, seguimos com total transparência, compartilhando tudo com a comunidade e em parceria com todos os campi, empenhados em vencer nossos desafios”, ressaltou Raiane ao concluir a audiência.
Para assistir à gravação da audiência pública, clique aqui.
Fotos: Alex Reipert