A professora Maria Elizete Kunkel, coordenadora do projeto de extensão Mao3D do ICT/Unifesp, e as alunas Tainara Bina, do Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica, e Blenda Baron, da graduação em Engenharia Biomédica, irão realizar atividades na Westfälische Hochschule, na cidade alemã de Bocholt.
O projeto foi aprovado no edital Research Stays for University Academics and Scientists (Estadas de pesquisa para acadêmicos e cientistas universitários), promovido pelo órgão de fomento alemão DAAD - Deutscher Akademischer Austauschdienst. O edital é publicado anualmente e é direcionado a professores universitários do mundo inteiro que desenvolvem pesquisas.
A proposta foi submetida em setembro de 2021 para o Instituto de Biomimetismo da Alemanha. “A Biomimética é uma área da ciência que usa informações da natureza para fazer produtos artificiais. Na Alemanha, a área é conhecida como Biônica”, explica a professora Maria Elizete. O objetivo da estada na universidade alemã é aprimorar as próteses de mama e de membro superior já desenvolvidas pelo projeto com base em recursos de biomimetismo.
O foco da pesquisa será a melhoria de dois aspectos das próteses: no caso das de membro superior, o objetivo é melhorar o revestimento interno da mão para aprimorar o atrito; já no caso das próteses de mama, será desenvolvido um adesivo para que ela possa ser colada diretamente na região torácica de mulheres que passaram por mastectomia. Além disso, as pesquisadoras buscam melhorar a textura desse tipo de prótese, tornando-a mais realista. Esse tipo de adesivo, que já existe na Alemanha, é ainda inédito no Brasil.
Após a apresentação da proposta, a professora Maria Elizete Kunkel recebeu um convite para ministrar uma disciplina na universidade para alunos do curso de graduação em Biomimética. “Nessa disciplina, será visto o que fazemos no projeto Mao3D, ou seja, o desenvolvimento de órteses e próteses 3D com recursos de tecnologia, como impressão 3D, escaneamento 3D e simulação computacional. O primeiro mês da disciplina será ministrado de forma remota. No período de maio a julho, eu e as alunas estaremos presencialmente. Eu darei a parte teórica em alemão, e as alunas irão auxiliar com a parte experimental. Será uma disciplina bem prática, para mostrar o processo, os erros, os acertos”, conta a professora.
Os pesquisadores alemães avaliaram positivamente o projeto. “Eles demonstraram grande interesse em aprender o que fazemos aqui, porque, apesar de terem altos conhecimentos e tecnologias, eles não sabem como fabricar próteses com poucos recursos e com impressoras de baixo custo, que é o que já fazemos por aqui”, destaca Maria Elizete. A disciplina já está com todas as vagas preenchidas.
A professora ressalta a importância desse período na Alemanha, que é referência internacional na área. “No Brasil, ainda há pouco conhecimento sobre o biomimetismo. Não há cursos de graduação nem disciplinas que abordem esse tema. No retorno, meu objetivo é criar essa disciplina no curso de Engenharia Biomédica”, planeja.
Os recursos do edital alemão são destinados apenas à professora pesquisadora. Dessa forma, as despesas das alunas serão custeadas, em parte, pela Universidade de Carleton (Canadá), que já financia o projeto, e por doações.
Conheça o Institut de Bionik da universidade alemã no site http://bionik-institut.de.
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