Com a conquista, Marina Dias se torna a única brasileira a ganhar duas medalhas em eventos mundiais da Federação Internacional de Escalada Esportiva.
Foto: Andrew Oliveira
Nos dias 21 e 22 de junho, foi realizada a segunda etapa da Copa do Mundo de Paraescalada em Innsbruck, na Áustria. A professora do ICT/Unifesp Marina Dias conquistou a medalha de bronze na competição. Ela competiu na classe esportiva RP3, voltada a atletas com comprometimentos leves de força e coordenação. Marina convive há 13 anos com a esclerose múltipla, que afeta a força do lado esquerdo do corpo. Na final, estavam atletas do Reino Unido (1º lugar), Alemanha (2º lugar) e Holanda (4º lugar).
Na primeira etapa, realizada em Salt Lake City, nos Estados Unidos, Marina levou o ouro. As conquistas da professora são inéditas para o Brasil, já que a paraescalada brasileira havia ganhado apenas a medalha de prata no Mundial de 2012. “Com essa segunda medalha, me tornei a única brasileira a ganhar duas medalhas em eventos mundiais da Federação Internacional de Escalada Esportiva”, destaca.
Marina também é a primeira mulher brasileira a participar de duas etapas da Copa do Mundo de Paraescalada. “Foi incrível participar desta etapa em Innsbruck, o ginásio é um dos mais bonitos do planeta, a estrutura é impressionante. Passar para duas finais e ganhar duas medalhas é muito emocionante. Acho que mostra que todos nós podemos mudar nossas vidas, tentar coisas novas e desconhecidas. Se tivermos um objetivo ou um sonho, com dedicação, podemos concretizá-lo”, acredita.
Para custear a participação na segunda etapa, a professora contou com o auxílio da Prefeitura de Taubaté, cidade onde mora, para pagar as despesas de alimentação e também fez uma vaquinha on-line para arrecadar recursos. “Minha inscrição foi paga pela Associação Brasileira de Escalada Esportiva. O restante paguei com recursos próprios”, afirma. A terceira e última etapa da competição será realizada em Villars, na Suíça, nos dias 8 e 9 de julho. Marina não conseguirá participar devido aos custos e ao tempo que teria que ficar na Europa. “Teria que permanecer por três semanas, da etapa de Innsbruck até Villars, já que as passagens estão caras. Além disso, a viagem leva bastante tempo, não valeria a pena voltar para o Brasil. Dessa forma, ficaria com o trabalho acumulado e também sobrecarregada com as despesas da viagem”, relata.
A paraescalada ainda não faz parte das Paralimpíadas, mas poderá integrar a competição a partir dos Jogos de 2028, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Para Marina, o reconhecimento da modalidade como esporte paralímpico poderá contribuir para aumentar os incentivos financeiros e a participação de mais atletas. “Quando a modalidade for incluída, ela pode receber recursos do Comitê Paralímpico, o que pode viabilizar o acesso de mais atletas às competições, além de fomentar a formação de novos esportistas, trazendo todos os benefícios da prática do esporte para pessoas com deficiência, como promoção da saúde, sociabilidade e inclusão. Por fim, também pode ajudar a consolidar a escalada como modalidade olímpica”, pontua.
Sobre a importância da prática de esportes para a saúde e o controle da esclerose múltipla, Marina nota diversos benefícios. “Acredito que ainda não tenho tantas sequelas, porque pratico esportes de forma intensa e busco ter uma dieta saudável, seguindo uma alimentação vegetariana. Tenho notado, nos últimos anos, uma piora da doença, uma dificuldade cada vez maior em realizar algumas atividades, mas acho que, pensando no que poderia estar, estou muito bem ainda. O esporte também traz benefícios em termos sociais e recreativos, o que faz bem para a saúde mental. Estou fazendo tudo o que está ao meu alcance para evitar a progressão da doença. A prática de esportes, sem dúvida, tem um papel fundamental”, conta.