Manual e comunidade virtual de aprendizagem foram produzidos para orientar a prática docente
A pesquisa de mestrado de Valdirene Aparecida Armenara, desenvolvida no Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica do ICT/Unifesp, teve como objetivo desenvolver um manual de orientação para professores(as) do ensino superior sobre o(a) estudante com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e uma comunidade virtual de aprendizagem (CVA), acessada através de um aplicativo de rede social especializada, restrita e moderada, denominado de TEApp.
Segundo a pesquisadora, o TEA é um transtorno de desenvolvimento neurológico com diversas características que afeta, principalmente, a interação social, a comunicação e a linguagem, e que vem acompanhado de movimentos restritos e repetitivos. “Esses(as) estudantes precisam de professores(as) e profissionais capacitados(as) para promoverem as ações pedagógicas de inclusão escolar. É fundamental produzir recursos que os(as) auxiliem a promover a inclusão dos(as) estudantes com TEA para que se sintam acolhidos(as), tenham suas potencialidades valorizadas e consigam permanecer no ensino superior até a conclusão do curso”, destaca. Valdirene afirma que o(a) estudante com TEA enfrenta muitos desafios de adaptação devido às suas necessidades específicas e à falta de informação dos(as) professores(as), que têm dificuldades em lidar com esse(a) estudante, que apresenta peculiaridades no neurodesenvolvimento e necessidade de adaptação a novos ambientes.
O manual desenvolvido na pesquisa foi escrito em linguagem de fácil acesso, abordando temas relacionados com a descrição do TEA, áreas de neurodesenvolvimento da pessoa com TEA, direitos e deveres da pessoa com TEA no ensino superior, dicas pedagógicas e um dicionário de termos técnicos. Já a comunidade virtual de aprendizagem (CVA) fez a mediação entre professores(as) de ensino superior e profissionais especializados(as) em inclusão escolar de pessoas com TEA para orientar e esclarecer dúvidas sobre a melhor forma de se relacionar com esses(as) estudantes.
Para a criação do manual, foram realizadas duas pesquisas: um levantamento em universidades públicas brasileiras para identificar as ações realizadas para instruir os(as) docentes sobre os(as) estudantes com TEA e um estudo bibliográfico sobre as dificuldades enfrentadas por esses(as) estudantes. Como resultado da pesquisa feita nas universidades públicas, foi constatado que apenas 11,4% das 114 instituições pesquisadas divulgaram, nos sites e nas redes sociais, que promoveram ações para orientar os(as) docentes do ensino superior sobre o(a) estudante com TEA.
O manual e a comunidade virtual de aprendizagem foram avaliados por professores(as) de ensino superior sem formação em inclusão escolar da Unifesp, professores(as) de ensino superior da Unifesp e profissionais de clínicas especialistas em inclusão escolar, e estudantes de ensino superior com TEA. “A avaliação do manual indicou que o conteúdo corresponde às necessidades dos(as) professores(as) de ensino superior sobre estudantes com TEA. Já por meio das interações na comunidade virtual de aprendizagem, foi constatado que os(as) professores(as) de ensino superior tinham muito interesse em conhecer mais sobre TEA, que estavam dispostos(as) a aprender através das orientações dos(as) especialistas e que o conteúdo das interações agregou conhecimento aos(às) usuários(as). A pesquisa indicou também que os(as) profissionais que trabalham em clínicas especializadas precisam aprender mais sobre como funcionam as instituições de ensino superior”, revela a pesquisadora.
A pesquisa, defendida em outubro de 2022, foi orientada pelas professoras do ICT/Unifesp Denise Stringhini e Maria Elizete Kunkel. Acesse a dissertação na íntegra aqui.