Exercícios podem ser feitos em qualquer ambiente e no momento em que o(a) usuário(a) considerar mais adequado.
(Imagem ilustrativa)
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o sedentarismo é um dos principais fatores de risco de morte no mundo, estando relacionado à ocorrência de doenças crônicas como hipertensão arterial e diabetes. Para muitas pessoas, a jornada de trabalho envolve passar longas horas em frente ao computador, tornando-se propensas ao sedentarismo e ao desenvolvimento de doenças, que, se não forem tratadas ou prevenidas devidamente, podem causar incapacidade laborativa temporária ou permanente.
Levando em conta esse cenário, uma pesquisa da Unifesp teve como objetivo desenvolver um programa de ginástica laboral via web para os(as) servidores(as) da universidade. “A ginástica laboral objetiva promover o bem-estar, melhorar o desempenho no trabalho, auxiliar na correção postural, diminuir o número de afastamentos ocasionados por doença ocupacional, prevenir doenças que o trabalho repetitivo pode causar, além de auxiliar na prevenção de acidentes de trabalho”, afirma Jandercy Moreno, autora da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Inovação Tecnológica do Campus São José dos Campos da Unifesp.
O programa de ginástica laboral BETO (Bem-Estar no TrabalhO) contém 66 exercícios, os quais são apresentados aleatoriamente, isto é, mudam diariamente. A série diária é composta por 13 exercícios que abrangem os músculos do pescoço, braços, coluna, pernas, pés, mãos, dedos e olhos. A duração da série varia entre 10 e 15 minutos, podendo ser executada individualmente em qualquer ambiente e no momento em que o(a) usuário(a) achar mais adequado. É recomendado que os exercícios sejam praticados, pelo menos, três vezes por semana. O aplicativo permite a configuração do horário para a execução dos exercícios, bem como de lembretes para beber água. Além disso, contém dicas de postura e de ergonomia.
A pesquisa foi motivada pela pandemia, período em que os(as) servidores(as) da Unifesp tiveram que se adaptar ao trabalho remoto. “Percebi que, em casa, nem sempre temos um ambiente ergonômico adequado, o que se torna prejudicial para a saúde, pois força os músculos do corpo. Além da adaptação do ambiente domiciliar, percebi que era necessário alongar os músculos adequadamente. Assim, surgiu a ideia de desenvolver um projeto de ginástica laboral que pudesse ser realizado de maneira individual e no horário em que o(a) usuário(a) achasse mais apropriado”, conta Jandercy.
Inicialmente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica em livros, artigos científicos e sites. A partir desses dados, foi elaborado um questionário para coletar informações sobre as dores musculoesqueléticas que mais acometiam os(as) servidores(as), o qual foi aplicado no Campus São José dos Campos da Unifesp. Independente do nível de dor, isto é, se leve, moderada ou intensa, as mais citadas foram na coluna lombar (62%), nos ombros (57,2%), nos pés (54,8%), nos joelhos (52,4%) e no pescoço (50,1%). Após essa coleta de dados, foi desenvolvido, parcialmente, o programa de ginástica laboral, que foi disponibilizado durante um período experimental para os(as) servidores(as) do Campus São José dos Campos da Unifesp. Posteriormente, os(as) servidores(as) responderam a um segundo questionário sobre o uso do programa, a partir do qual foram feitas adequações finais.
Os resultados da avaliação foram positivos, evidenciando a melhora na ergonomia e na postura, o alívio de tensões e a conscientização sobre a importância da prática de ginástica laboral. “A avaliação demonstra que, se aplicada a mudança de comportamento, interrompendo temporariamente a atividade laborativa, o programa se torna um aliado na promoção do bem-estar do(a) servidor(a)”, destaca Jandercy.
Antes de ser implementado em todos os campi da Unifesp, o programa BETO passará por uma reestruturação, com a implementação de gamificação e de alterações no layout de algumas telas. Na fase em que se encontra, ele está disponível neste link. Para acessá-lo, é necessário colocar um e-mail válido e clicar em “gerar exercícios” na tela principal.
Desenvolvido inicialmente para os(as) servidores(as) da Unifesp, o programa poderá, futuramente, ser estendido para outras instituições e empresas com um público-alvo semelhante ao da universidade.
A pesquisa, que contou com a orientação e co-orientação dos(as) professores(as) Tiago de Oliveira, Jerusa Barbosa Guarda de Souza e Maria Elizete Kunkel, está disponível neste link.