Lançamentos da Editora FAP-Unifesp

imagem da capa do livro Olhares que constroem

Olhares Que Constroem

A criança autista das teorias, das intervenções e das famílias

Rosa Maria Monteiro López

“A que interesses deve responder a oferta de auxílio a crianças que se considera que apresentam algum grau de autismo e suas famílias? O objetivo maior, em todos os casos, não deveria ser o de explorar e desenvolver o mais plenamente possível as potencialidades de tais crianças, em todos os sentidos?” Embora tais indagações não estejam colocadas explicitamente de saída, elas percorrem toda esta obra de Rosa Maria Monteiro López.

A autora, antropóloga com doutorado em saúde coletiva, embasada em sólidos conceitos teóricos e extensa observação empírica, empreende a análise de duas instituições de atendimento a crianças autistas, que representam duas concepções distintas a respeito do autismo, a comportamental e a psicanalítica, e suas repercussões na vida das crianças, nas famílias e nos profissionais, fornecendo um amplo panorama dos debates, dilemas e controvérsias sobre o tema na atualidade.

Apoiada em inúmeros relatos e experiências dos envolvidos na “nebulosa autista” – pais, professores, autistas e profissionais da área da saúde –, a obra procura reconstituir trajetos e caminhos que levam a um ou outro tipo de atendimento. Momento e contexto em que se dá o diagnóstico, recusa ou não dos pais em aceitar a condição da criança, encaminhamento dado pelo profissional de saúde e disponibilidade de atendimento nas instituições especializadas, entre outros, são fatores que acabam sendo determinantes no desenvolvimento da potencialidade da criança diagnosticada como autista. Em todos esses fatores o olhar que cada envolvido nesse universo dirige a essa criança tem papel fundamental e decisivo.

Imagem da capa do livro O cego e o Coxo

O Cego e o Coxo

Historiografia, erudição e retórica no Brasil do século XVIII

Pedro Telles da Silveira

Nesta obra, o autor Pedro Telles da Silveira reconstitui a história da historiografia tal como ocorrida no Brasil colônia. Sua originalidade está em tomar como ponto de referência e de partida as dissertações históricas da Academia Brasílica dos Esquecidos.

Constituída em Salvador (BA) em março de 1724, por convocação do então governador-geral do Brasil, Vasco Fernandes César de Meneses, a Academia Brasílica dos Esquecidos surgiu na esteira de suas congêneres europeias, “para dar a conhecer os talentos que nesta província florescem, e [que] por falta de exercício literário estavam como que desconhecidos”. Em suas conferências, seus membros disputavam certames, produzindo poemas e orações diversos e as tais dissertações históricas em que debatiam pontos duvidosos da história brasílica em vistas de uma resolução. A Academia realizou dezoito conferências, a última em fevereiro de 1725.

Sua apurada análise dos escritos da academia brasileira se desenvolve em três eixos: a produção letrada na Bahia colonial e o papel das academias históricas na Europa; os debates relativos à escrita da história na passagem do século XVII para o século XVIII, quando a preocupação com a erudição reduz o espaço da retórica na historiografia; e a relação entre a crítica em sentido amplo e a erudição crítica. Mostra como, de maneira singular, ao contrário de uma historiografia que pregava caminhos distintos para a erudição e a retórica na constituição da história como disciplina científica, as dissertações históricas da Academia dos Esquecidos conjugaram erudição e retórica na produção de uma historiografia, daí a alusão à imagem do cego e do coxo que se entreajudam (ou se prejudicam mutuamente) – tema do certame literário de sua penúltima conferência.

Imagem da capa do livro Desemprego e protestos Sociais no Brasil

Desemprego e Protestos Sociais no Brasil

Davisson Cangussu de Souza

Esta coletânea de artigos, organizada por Davisson Cangussu de Souza, professor de Ciências Sociais da Unifesp, vem questionar a ideia, bastante difundida nos dias de hoje, de que a explicação do mundo do trabalho pela teoria marxista está superada: a classe proletária estaria desaparecendo, o papel ativo nas lutas e nos movimentos sociais já não caberia aos trabalhadores e a luta de classes não bastaria para explicar a dinâmica das sociedades capitalistas atuais e suas mudanças.

Partindo da análise de movimentos de protestos sociais contemporâneos, sobretudo brasileiros, mas também de alguns casos argentinos, busca ampliar a compreensão das relações de classe e dos movimentos sociais, assinalando como se constituem, ao lado de movimentos sindicais organizados e atuantes – ainda primordiais para a análise da estrutura e dos conflitos sociais –, outras formas de participação e reivindicação que não se vinculam a essas entidades, mas que se encontram em um contexto de luta de classes.

Retomando por um viés original o conceito de superpopulação relativa desenvolvido por Marx, esses ensaios mostram que os novos movimentos e as novas formas de protestos sociais são protagonizados por trabalhadores não inseridos no mercado formal de trabalho, excluídos da estrutura sindical, que, entretanto, nem por isso estão à margem das relações de classe.

Imagem da capa do livro Onde Tem fumaça Tem Fogo

Onde Tem Fumaça Tem Fogo

As lutas pela eliminação da queima da cana-de-açúcar

José Roberto Porto de Andrade Júnior

A prática da queima da palha da cana-de-açúcar nas áreas de cultivo da cana no Estado de São Paulo teve início no começo da década de 1960, visando à diminuição dos custos de produção e ao aumento da produtividade do setor. Se por um lado propiciou benefícios a produtores de cana, por outro trouxe prejuízos ambientais e de saúde pública.

Com a emergência dos movimentos ecossociais, no final da década de 1980, despontaram as lutas pelo fim da queima da cana-de-açucar no Estado de São Paulo, gerando extensas batalhas jurídicas e legislativas, que culminaram, em 2002, na instituição de uma lei que prevê prazos – longos – para o fim da prática e, em 2007, na assinatura de um protocolo, de adesão voluntária, que estabelecia prazos menores, mas não acarretava sanções em caso de descumprimento. Essas medidas não significaram a solução definitiva do problema, candente e atual.

Convicto de que o campo do direito pode e deve fazer algo em prol da natureza e do cidadão, em Onde Tem Fumaça Tem Fogo: As Lutas pela Eliminação da Queima da Cana-de-açúcar, José Roberto Porto de Andrade Júnior faz uma reconstituição inédita do histórico dessa luta no Estado de São Paulo, procurando abarcar todos os seus enfrentamentos. Centrado no direito e em documentos jurídicos - tomados como manifestações de práticas sociais de sujeitos -, e respaldado por mapas, gráficos, referência e fontes, o autor analisa as três fases desse movimento, diferenciadas segundo o modo de atuação de cada um de seus diversos atores sociais. Traça panoramas e propostas para contribuir com a eliminação da queima, vislumbra as perspectivas futuras e faz um apanhado da situação no restante do país.

Capa do número 13 jornal entrementes mostrando um livro antigo de ata  Sumário do número 13