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Chegou a hora de mudanças. Após oito anos de trabalhos, a Editora Unifesp está ganhando fôlego. Além do novo nome, apresentado durante a 24ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que aconteceu entre os dias 26 de agosto e 4 de setembro deste ano, um projeto administrativo-editorial pretende alinhar a editora às principais demandas do mercado brasileiro.
Para apontar rumos para essa nova fase, a editora conta com uma nova diretora de publicações, Cynthia Sarti, e com a consultoria de José Castilho Marques Neto, que tem ampla experiência em trabalhos de editoras universitárias. Por 27 anos, foi um dos responsáveis pela consolidação da Editora da Universidade Estadual Paulista (Unesp).
“Editar é ampliar o ensino para além das salas de aula. O livro impresso, e hoje virtual, é veículo do conhecimento, imaginação, cultura e arte”, diz Castilho. Acompanhe outros trechos de seu pensamento na entrevista a seguir:
Atualmente, tem um acervo de 100 títulos publicados, apresentado em ótimo nível editorial e gráfico. A jovem Editora Unifesp fez o seu primeiro movimento para se estabelecer perante suas coirmãs acadêmicas e perante o profissional mercado editorial brasileiro. Porém, é preciso ressaltar, embora seja essencial ter títulos bem editados, isso não é o suficiente para sustentar uma estrutura editorial a fim de representar uma grande universidade como a Unifesp. É preciso avançar nas medidas que dão corpo e sustentabilidade a uma editora.
Como consultor, minhas propostas abrangem um conjunto de decisões que aponta para uma editora universitária moderna, dinâmica, voltada profissionalmente para realizar seu trabalho editorial e de difusão da leitura de suas publicações. Tecnicamente, editar um livro ou uma revista é algo razoavelmente simples. Por outro lado, publicar tendo por trás um projeto editorial é mais complexo e exige, antes de tudo, um projeto bem definido. Essa é uma das ações que pretendo desenvolver com todas as pessoas envolvidas na editora: oferecer ao debate, pela Unifesp, um projeto editorial próprio. Pretendo, ainda, contribuir para que se tenha uma editora que faça circular suas publicações. Mais de 70% dos livros lidos no Brasil circulam por intermédio de livrarias físicas e virtuais. A editora tem de penetrar nesse contexto para poder alcançar os leitores.
Reside na própria essência da atividade editorial, que é publicar contribuições relevantes da universidade à sociedade. Publicar livros e textos significativos à difusão do ensino, pesquisa e extensão acadêmica. Editar é ampliar o ensino para além das salas de aula. É dar a conhecer as atividades acadêmicas para um amplo universo social. É, igualmente, uma extensão de serviços permanente pela própria missão secular que o livro impresso, e hoje virtual, representa – ser veículo do conhecimento, imaginação, cultura e arte. As publicações da editora valorizam o trabalho de toda a comunidade de docentes, pesquisadores, corpo técnico, administrativo e discente, porque se constituirá, cada vez mais, em uma carta de apresentação da Unifesp. Com uma editora respeitada, influente, a Unifesp cria uma instituição que representa o seu conjunto diverso universitário.
A edição universitária, embora presente mais fortemente nas principais universidades brasileiras desde o início dos anos 1960, com um crescimento marcante nos anos 1980, ainda carrega um distanciamento da comunidade científica. O Brasil não valoriza adequadamente publicações de suas editoras universitárias. A comunidade científica da Unifesp pode e deve quebrar esse distanciamento e se aproximar firmemente da editora, contribuindo com sugestões de publicações, oferecendo suas pesquisas para publicação nas linhas editoriais definidas, emitindo pareceres específicos, quando solicitados, adotando os livros publicados nas suas bibliografias de apoio nas disciplinas e orientações, tornando a editora parte de sua vida acadêmica e científica.
Uma editora universitária deve refletir, em primeiro lugar, as potencialidades que identificam uma universidade. Em igual medida, contribuir para um catálogo universal em ciências humanas e artes. Entendo que se devam publicar textos relevantes para linhas de forte projeção científica da universidade, combinada com uma ampla gama de títulos das áreas de humanidades e artes, base universal dos catálogos das grandes editoras acadêmicas internacionais.
A edição universitária brasileira realizou um salto de qualidade em seu conjunto nos últimos 20 anos. Tanto do ponto de vista da qualidade editorial quanto de sua presença no mercado editorial. A Associação Brasileira das Editoras Universitárias (Abeu) contribuiu muito para esse salto e hoje, com mais de 120 editoras universitárias, o Brasil tem um nível de publicação bastante interessante. Esse salto de qualidade englobou todos os projetos editoriais, tanto os mais abrangentes, com um catálogo universal, quanto os mais específicos e regionais. Os livros das editoras universitárias brasileiras contribuem à bibliodiversidade de nossos catálogos.
A resposta poderia ser simples e direta: impactam bem! A textualidade eletrônica adapta-se perfeitamente à edição universitária e científica. É instrumento fabuloso de ampliação do número de leitores. Mas é importante frisar: como todas as coisas fundamentais da vida humana, nenhum suporte da leitura é definitivo, exclusivo ou melhor do que o outro. Devemos valorizar os diversos suportes da leitura, oferecendo ao leitor a oportunidade de escolher aquele que mais o satisfaz. O mais adequado às suas finalidades de leitura. A ótica do leitor deve organizar o restante do trabalho editorial. Ao partirmos da ideia de que editamos para os leitores, a lógica das formas e dos suportes da escrita ganham uma dinâmica positiva e mais sensível ao que interessa aos autores e às editoras: que os livros sejam lidos!