Carta da reitora
Apresentamos aqui a edição n.º 13 da Entreteses. A revista é um importante meio de comunicação não apenas com a comunidade Unifesp, mas também com a sociedade. Tornou-se um veículo de visibilidade e apresentação institucional, além de cumprir um papel relevante na divulgação de nossa produção científica.
Este número da Entreteses tornou-se ainda mais especial por duas razões. Inicialmente porque os dois últimos números foram realizados no contexto dos 25 anos de criação da universidade. Discorremos sobre pesquisa, extensão, projetos, figuras humanas nas diferentes escolas e institutos, representando nossas ações e nossa missão, construída a partir do ponto inicial, em 1933, até alcançarmos a condição de universidade plena, em 2019. No final do ano, o aniversário e as belas homenagens às pessoas e à universidade.
A segunda razão diz respeito ao que assistimos depois – o início de 2020 com notícias que nos preocuparam e que rapidamente nos levaram a ações de reformulação e até de reestruturação das atividades. Uma epidemia mundial, que nos desafiou e tem-nos desafiado desde os primeiros dias. A Unifesp, entretanto, não parou; ao contrário, trabalhou ainda mais. O elemento assustador nos fez reinventar e crescer, com muito esforço e muita dedicação das equipes de trabalho. Após seis meses de atividade na vigência da pandemia, nosso foco continua no ensino, pesquisa e extensão, bem como na assistência proporcionada por nossas estruturas de atendimento.
Por tais motivos e por ter sido uma edição elaborada em meio a um esforço coletivo, quero fazer um agradecimento especial e parabenizar a todos os que se dedicaram à sua realização.
Sem dúvida, o conteúdo é excepcional, pois traz exemplos da qualidade das pesquisas desenvolvidas pela Unifesp. Algumas delas, como a da bengala eletrônica, a da utilização de software livre na criação de equipamento de ultrassom de baixo custo e a da otimização do PCR em tempo real no diagnóstico hospitalar, geraram novas tecnologias e realçam o valor da produção no âmbito da inovação social. Corretamente descrita por nossa agência de inovação (Agits), a inovação social pode colocar-se a serviço de políticas públicas e da assistência em saúde pelo SUS. Ainda no tocante ao avanço da ciência com inserção tecnológica, vemos os estudos para otimizar o armazenamento de hidrogênio. Apreciamos as pesquisas sobre a saúde mental, o desenvolvimento infantil e a relação entre vínculo maternal e desenvolvimento neurológico. Verificamos a busca de novos fármacos para o combate à neurotoxicidade causada pela cocaína, a evolução da Química, capaz de eliminar agentes tóxicos da água, a acidificação dos oceanos e a discussão sobre o marco legal do saneamento básico no Brasil. A Unifesp tem-se destacado e tem sido pioneira na Antropologia e Arqueologia forenses, e esse tema também está presente. A compreensão de elementos culturais ancestrais e as questões do envelhecimento na sociedade têm igualmente espaço neste número.
A importância da ciência é reafirmada nos textos e na entrevista principal, mas – em especial – ressalta-se o mérito dos programas de Iniciação Científica e a dedicação dos professores que se envolvem com a formação de nossos estudantes. Porque, para nós, a formação profissional é também acadêmica e deve ser a mais completa possível. Conhecer a Iniciação Científica e nela atuar é fundamental para o desenvolvimento da universidade, o aprimoramento da pesquisa e, principalmente, a formação de novos pesquisadores. Mesmo aqueles que não pretendem seguir como profissionais no campo da pesquisa podem beneficiar-se da clareza do método científico na tomada de decisões e no conhecimento que é baseado em evidências. Nossos estudantes são a razão da universidade, e esse é o sentido presente em todas as atividades que realizamos. É desse modo que se constitui uma universidade, de um ambiente de estímulo intelectual e da troca constante entre professores, técnicos e estudantes, que juntos buscam o conhecimento e a construção de um mundo cada vez melhor.
Um abraço a todos e boa leitura.
Soraya Smaili - Reitora da Unifesp (Fotografia: Alex Reipert)