Estar à frente da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), nesse momento, é ter a esperança como a maior bandeira. E a esperança depende de expectativas concretas, como a missão assumida e executada pela gestão anterior, da qual fui vice-reitor, que adotou uma série de ações determinantes para a condução da comunidade da Unifesp por um caminho seguro, no meio de tantas adversidades e incertezas, ao longo desses quase dois anos. A primeira ação estratégica foi a criação do Comitê Permanente para Enfrentamento da Pandemia de Coronavírus (CPEC), em 13 de março de 2020, com a finalidade de coordenar, articular e divulgar todos os outros movimentos que certamente iriam ser necessários daquele momento em diante.
Com o agravamento da pandemia, a universidade decidiu suspender as aulas presenciais na graduação e adotar o regime de trabalho remoto para toda a comunidade interna não envolvida na atuação direta na linha de frente da luta contra o vírus. Os atendimentos de emergência se intensificaram e, por isso, surgiram outras negociações cruciais. Em agosto, firmamos uma parceria com outras 15 universidades federais do país, viabilizando um aporte de mais de R$ 3 milhões para a realização de testes diagnósticos para covid-19 na população brasileira. O projeto foi administrado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), e apoiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) e pela Fundação de Desenvolvimento da Pesquisa (Fundep).
Tornava-se latente a necessidade de espalhar boas notícias. Ainda como vice-reitor, decidi publicar um vídeo em nossas redes sociais contando a história de uma paciente que conseguiu receber alta, após tratamento realizado no Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp), ao contrair o Sars-CoV-2. Em pouco mais de 3 horas, mais de 50 mil pessoas haviam, de alguma forma, interagido com a publicação. Era aquele o momento de trazer à luz a atuação absolutamente competente dos(as) profissionais do nosso hospital universitário que, baseados(as) nas melhores evidências científicas e modelos de atenção básica, trazem resultados diários aos(às) que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS).
Contudo, fica a reflexão: de quais formas uma universidade pública pode trazer esperança para a sociedade? Por meio do ensino, por exemplo. Todos os anos, a Unifesp destina milhares de vagas de graduação em diversas áreas do conhecimento. Para termos uma breve ideia, entre 2010 e 2020, foram mais de 123 mil estudantes matriculados(as). Entre 2005 e 2018, ampliamos o número de vagas presenciais de graduação em 1.062%, seis vezes mais que o conjunto do sistema de ensino superior brasileiro.
Na docência, são mais de 1.600 profissionais, quase na totalidade doutores(as) e dedicados(as) em período integral. Pensou na responsabilidade? A Unifesp, e cada um(a) dos(as) que constroem essa universidade – inclusive, os(as) 4 mil técnicos(as) administrativos(as) que permaneceram ativos(as) durante 2020 e 2021 – está envolvida nos sonhos e esperanças de milhões de brasileiros(as); uma caminhada que não pode parar logo agora.
É sabido que também oferecemos oportunidades aos(às) que pretendem seguir pelo caminho da pesquisa acadêmica. Contamos com 71 programas de pós-graduação stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado), pesquisadores(as) de alto impacto e estudos em diversas áreas do conhecimento, o que torna a Unifesp uma das instituições mais destacadas na produção científica brasileira. Além dos(as) pesquisadores(as), ganhamos todos(as) com inovação social. Em pouco mais de dez anos, saltamos de 76 (2005) para 106 cursos (2018), com 5,4 mil estudantes.
Por fim, lembramos que, até o ano de 2019, existiam 43 programas e 179 projetos de extensão universitária. Por meio dessas ações, a Unifesp atua e colabora diretamente junto à comunidade, possibilitando o compartilhamento direto de todo o conhecimento adquirido por meio do ensino e da pesquisa desenvolvidos na instituição.
Por meio da extensão, formamos ainda cerca de 1.400 residentes médicos(as) e multiprofissionais que auxiliam no atendimento dos(as) milhares de pacientes que adentram o Hospital São Paulo (HSP/HU Unifesp) e seus ambulatórios. Você consegue imaginar sua vida sem um hospital público, principalmente após o início dessa pandemia? Entre março de 2020 e 19 de novembro de 2021, foram 1.616 altas de pacientes com covid-19 no HSP/HU Unifesp, muito mais do que o dobro de óbitos (797). Felizmente, os números não surpreendem somente nesse caso.
De todos os frutos que colhemos dessa semeadura, os mais evidentes nesse momento são as vacinas desenvolvidas por nossos(as) pesquisadores(as) para combater a covid-19, como a Oxford/AstraZeneca e a de spray nasal. Onde a sociedade precisa, a universidade estará, transformando esperanças em certezas! Vamos saber mais sobre o que foi feito por aqui em quase dois anos de pandemia?
Boa leitura!
Nelson Sass - Reitor da Unifesp (Fotografia: Alex Reipert)