Para além de 19 de abril

(“ ... todo dia, era dia de índio...” - Baby do Brasil)

Maria Lucia Oliveira de Souza Formigoni
Pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa

Desde que em 1943, em referência ao I Congresso Indigenista realizado em 19 de abril de 1940, Getúlio Vargas decretou que 19 de abril seria oficialmente o “Dia do Índio” no Brasil, muito aprendemos sobre, e com, os primeiros habitantes de nossa terra. Um pouco da história sobre a troca de conhecimentos e experiências com a população indígena é contada neste número por médicos e pesquisadores que a viveram, com destaque para o prof. Roberto Geraldo Baruzzi e os médicos sanitaristas Sofia Mendonça e Douglas Rodrigues. da Escola Paulista de Medicina da Unifesp (EPM/Unifesp). A partir do sonho de Baruzzi de conhecer a situação de saúde da população indígena e prover-lhe assistência médica adequada, foram iniciados muitos projetos de pesquisa, ensino e extensão.

O conhecimento e a experiência adquiridos serviram de base a um curso de especialização sobre a saúde indígena e à instalação de um ambulatório especializado, oferecendo um ensino diferenciado aos profissionais de saúde formados pela Unifesp. Nas matérias sobre o tema, emerge claramente a indissociabilidade das atividades de ensino, pesquisa e extensão da instituição. Como resultado dessas ações sinérgicas, mais de 20 teses de doutorado e 18 dissertações de mestrado foram defendidas e mais de 100 artigos publicados, com foco em questões relacionadas à população indígena. Outros estudos estão em andamento, como mostra a matéria sobre doenças crônicas, dentre as quais aparece a síndrome metabólica, que tem atingido também a população indígena. Muito aprendemos com eles sobre o uso medicinal de plantas, um tema que tem sido estudado há décadas pelo prof. Elisaldo Carlini. Personagem principal da matéria sobre o canabidiol – princípio ativo da cannabis sativa (maconha) ele discute os múltiplos aspectos relacionados ao tema, da legalização das drogas ao uso com finalidades terapêuticas.

Isso é inovação – assim como o sistema de monitoramento da atividade da enzima conversora da angiotensina I, desenvolvido sob a coordenação da professora Adriana Karaoglanovic Carmona, do Departamento de Biofísica da EPM/Unifesp. A dosagem de inibidores específicos é importante para o diagnóstico e avaliação de diversas patologias, como sarcoidose, asbestose, silicose, trombose e disfunções endoteliais e esse projeto resultou na primeira patente concedida à Unifesp. Até hoje, a instituição solicitou ao INPI o registro de 42 pedidos de patentes. Para orientar e apoiar os pesquisadores, o Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) e o Escritório de Apoio aos Pesquisadores (EAP) oferecem apoio técnico e administrativo e são também apresentados neste número de Entreteses. Boa leitura!