A partir das transições em curso, é urgente repensar o relacionamento entre democracia e sustentabilidade. Os conflitos ​​que se originam a partir da luta pela apropriação dos bens comuns, como o ar, o sol e a água e, em geral, as fontes de energia e de produção industrial, são apenas alguns exemplos da renovada importância da materialidade para as sociedades contemporâneas. Esses conflitos nos impelem a refletir e repensar a sustentabilidade como um elemento da democracia e um pressuposto para sua existência, com todas as suas implicações.

As grandes questões da participação das classes sociais no projeto idealista da modernidade já têm sido reconfiguradas pela crise da democracia e pelas crises complementares e paralelas ecológica, climática e energética, pelo aumento das desigualdades, e as questões relacionadas com gênero, raça, diversidade, violência e guerra.

Portanto, a separação entre sociedade e natureza, seres vivos e não vivos, humano e não humano quebrou frente à força das mudanças e alterações dos patamares das nossas referências ecológicas e climáticas para a vida social, ou pelos conflitos continuamente renovados sobre o futuro dos recursos naturais e o controle sobre as fontes de energia fósseis e renováveis. À luz do anterior, já não é possível discutir democracia sem debater sustentabilidade e vice-versa.

A transdisciplinaridade é uma resposta ao reconhecimento da impossibilidade de encontrar soluções às crises complexas da contemporaneidade a partir de uma forma única ou pelo menos dominante, geralmente organizada a partir de disciplinas e departamentos nas instituições do ensino superior, e nesse sentido, se fundamenta a proposta do presente seminário.