Terça, 05 Mai 2015 14:52

Grupo de Trabalho Perus dá início ao Curso de Nivelamento

Iniciativa tem por objetivo apresentar trabalhos realizados pelo CAAF e o andamento do processo da identificação das ossadas de Perus

 

O Grupo de Trabalho Perus (GTP) deu início na manhã do dia 4 de maio ao Curso de Nivelamento. A iniciativa tem o objetivo padronizar os procedimentos em Antropologia Forense utilizados no processo de identificação das ossadas encontradas na vala clandestina de Perus, na década de 1990, aos novos peritos que integrarão a equipe técnica do GTP.

Ao todo, serão mais 12 componentes no grupo, entre odontolegistas, médicos legistas, antropólogos, entre outros. Além de conhecer os conceitos teóricos e práticos da rotina de trabalho, os novos contratados, oriundos de diversas partes do País, estão em processo de integração com a equipe fixa do GTP. O treinamento está sendo realizado na Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e terá duração de seis dias, de 4 a 9 de maio.

Na abertura do Curso de Nivelamento compuseram a mesa Rimarcs Gomes Ferreira, coordenador do Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF); Carla Borges, coordenadora de Direito à Memória e à Verdade da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC); Javier Amadeo, membro do comitê Gestor do GTP; Samuel Ferreira, coordenador científico do grupo; e José Pablo Baraybar, do Comitê internacional de Antropologia Forense.

O curso será dividido em três módulos: “Determinação de idade, sexo, estatura e afinidade biológica”, “Identificação Antropológica” e “Traumatismos Ósseos de Interesses Forenses”. As aulas terão a participação de Baraybar, reconhecido antropólogo peruano, coordenador a Equipe Peruana de Antropologia Forense que atua no CAAF.

O professor Rimarcs, coordenador do CAAF e do curso de Medicina da Unifesp, espera que, apesar do cenário atual de mudanças políticas, o trabalho de identificação não tenha interrupção. “São Paulo tem 25% dos mortos e desaparecidos políticos da época da ditadura civil militar. O Estado tem uma dívida com essas famílias. Nós estamos apostando na transparência do processo, como forma de ter êxito ao termino das análises”, comenta. Ele também afirmou que a multidisciplinaridade é a principal característica do CAAF e que, se não fosse desta forma, seria impossível chegar a um resultado satisfatório ao final das investigações.

Também esteve presente a Assessora Forense do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), Olga Lucia Berragán. Ela fez uma apresentação aos novos ingressantes sobre o trabalho realizado pela Cruz Vermelha, cujo principal objetivo é aliviar o sofrimento das famílias devastadas por catástrofes, guerras e violações de direitos humanos, e atuará no apoio técnico ao grupo. “A CICV realiza um trabalho exclusivamente humanitário, e age de forma independente, neutra e imparcial. Nosso dever é proteger a vida e a dignidade de vítimas. Nosso trabalho na arqueologia forense pelo mundo, tem o objetivo de aliviar a dor de famílias que procuram seus entes queridos”, finalizou.

Samuel Ferreira finalizou ressaltando a importância do GTP. “O curso é essencial para quem vai integrar a equipe. Mas, além disso, o grupo deixará para a sociedade um grande legado. O CAAF, além da identificação das ossadas, fará com que seja repensada a importância da arqueologia forense no Brasil”, finalizou.

Lido 9646 vezes Última modificação em Quarta, 06 Junho 2018 13:55

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