Por José Luiz Guerra
A Unifesp, em parceria com o Laboratório de Aplicações de Vídeo Digital da Universidade Federal da Paraíba (LAVID/UFPB) e com o Laboratório de Artes Cinemáticas da Universidade Presbiteriana Mackenzie (LabCine/Mackenzie), participou da última edição do CineGrid Workshop 2015, na Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD), com uma demonstração da primeira cirurgia oftalmológica a laser captada com uma câmera capaz de filmar 1000 quadros por segundo na definição 4K.
A câmera utilizada foi uma Phantom, da empresa Vision Research, especializada em equipamentos de pesquisa em ultra alta resolução. A câmera gera algo em torno de 1 Terabyte de dados a cada 3 minutos. A captação da cirurgia foi realizada pela equipe do LabCine, da Universidade Mackenzie, em parceria com o Laboratório do Programa Telessaúde Brasil Redes da Unifesp, coordenado pelo docente Cícero Inácio da Silva. A pesquisa contou com o apoio do Setor de Cirurgia Refrativa, do Departamento de Oftalmologia e do Departamento de Tecnologia da Informação (DTI), ambos da Unifesp.
Como não existe ainda um player para visualizar os resultados, a equipe do LAVID/UFPB desenvolveu uma adaptação do FOGO Player, um sistema de visualização de conteúdos em UHD (ultra alta definição), para poder rodar os 1000 frames por segundo (FPS) em 4K. O resultado obtido foi significativo, pois foi possível observar a ação do laser na córnea do paciente, o que não é possível ser visualizado a olho nu. O desenvolvimento dessa tecnologia permitirá que os residentes da área de oftalmologia, ligada ao campo da cirurgia refrativa, possam observar a ação do laser no paciente e visualizar os efeitos do laser na córnea. “A ideia é poder criar condições para que as cirurgias possam, em um futuro breve, serem transmitidas para diversas localidades, auxiliando na formação de residentes médicos na área da cirurgia refrativa”, afirma Cícero.
Já a chefe do setor de Cirurgia Refrativa da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, Eliane Nakano, explica que as imagens geradas tornam "visíveis” a forma com que o laser esculpe a córnea, ilustrando para o médico usuário o que a engenharia por trás do produto faz para que, clinicamente, a miopia seja tratada. Para ela, o uso das tecnologias permite aplicações que, por sua vez, explicam e sustentam o desenvolvimento de ferramentas sempre melhores para a evolução do conhecimento. “Ainda há novos horizontes para aperfeiçoamento das cirurgias e podem surgir com tal conjunção, de forma que a Medicina continue sempre a ser mais precisa e melhor para a humanidade”, completa.
Um dos desafios que a equipe do Brasil levou para o CineGrid 2015 é fazer a transmissão de uma cirurgia captada a 1000 FPS em 4K para o próximo CineGrid San Diego em dezembro de 2016. Contudo, o desafio é bastante intenso, pois demandará 120 Gbps de conectividade dedicada conectada diretamente à câmera, o que ainda não existe entre Brasil e Estados Unidos, mas que poderá ser desenvolvida em breve para que essa conexão científica se estabeleça no campo da telemedicina, telessaúde, videocolaboração e visualização avançada.
As imagens da apresentação no CineGrid San Diego podem ser acessadas aqui. As imagens da captação da cirurgia estão disponíveis neste link.