Por Daniel Patini
No dia 30 de abril de 1996, foi realizado o Dia de Vacinação do Idoso, ação pioneira no país idealizada pela Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp). Os idosos cadastrados no Centro de Estudos do Envelhecimento da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) receberam 500 vacinas doadas por uma empresa farmacêutica.
Até aquele ano, não havia vacinas de gripe para idosos nem na rede privada e nem pública, ao contrário do que ocorria com as crianças, que possuíam um calendário adequado. “Nós, médicos, não tínhamos formação para indicar qualquer vacina aos idosos”, revela o geriatra e professor da EPM, João Toniolo, um dos idealizadores do evento.
Ele explica que o objetivo dessa ação era estimular a elaboração de alguma lei nesse sentido. E o objetivo foi alcançado: em 16 de abril de 1997, foi aprovada a Lei Municipal nº 12.326/97, que instituiu a vacinação gratuita anti-influenza (gripe), pneumocócica e antitetânica na “1ª Campanha Municipal de Vacinação para Idosos”.
Já em junho 1998, a vacinação foi estendida para todo o estado, por meio da aprovação de uma lei similar pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Em 1999, quando entrou em vigor a lei estadual e em comemoração ao Ano Internacional do Idoso, o Ministério da Saúde decidiu incluir a imunização de idosos no calendário nacional de vacinação.
Em abril daquele ano, 7.5 milhões de pessoas com mais de 65 anos receberam essas vacinas, contribuindo para o controle epidemiológico do vírus influenza e de suas graves consequências, bem como para melhoria da qualidade de vida. Em 2000, a campanha foi ampliada para idosos com mais de 60 anos.
“Devido à grande adesão às campanhas de vacinação, promoveu-se a conscientização dos benefícios da vacina em adultos entre o público geral, profissionais de saúde, comunidade científica e autoridades da saúde pública”, explica Toniolo.
A importância da vacinação
Desde 1998, com a instituição da lei estadual, alguns dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIEs) tornaram-se responsáveis pela vacinação, incluindo o da Unifesp, que vacinou mais de 5 mil idosos somente durante os oito primeiros dias da campanha de 2016 – quase o total dos vacinados durante todo o ano passado (6 mil).
De acordo com o médico, as pessoas dessa faixa etária, devido à diminuição da imunidade e coexistência de doenças crônicas, têm maior chance de contrair a gripe e complicar essas doenças pré-existentes, como diabetes e problemas cardíacos.
“Existe uma maior probabilidade de complicações como as pneumonias, aumentando a necessidade de internação hospitalar e mesmo mortalidade”, relata. Para isso, a vacina de gripe deve ser tomada no início do outono, época dos primeiros casos, e deve ser repetida todos os anos devido à mutação do vírus.
Além dos idosos, o vírus da gripe H1N1 também afeta pessoas jovens e crianças, levando a quadros graves e mesmo a mortes, como ocorreu em 2009 e no início de 2016, mesmo não estando no período outono-inverno. “Com a experiência de todos esses anos de vacinação de idosos contra gripe foi possível ampliar indicação para crianças, adolescentes e grávidas, minimizando as consequências da pandemia nesse período”, finaliza.