Por Mayara Toni
Na noite da última segunda-feira (7/6), durante o II Congresso Acadêmico Unifesp, o Teatro Marcos Lindenberg foi palco do ato-debate contra a cultura do estupro e a violência contra a mulher. Para compor a mesa, foram convidadas a pesquisadora na área de Filosofia Política pela Unifesp, feminista e atualmente secretária-adjunta da Secretaria de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo, Djamila Ribeiro, e a ex-ministra Eleonora Menicucci, que cuidou de Políticas para as Mulheres no governo Dilma.
Djamila iniciou o debate apresentando fatos históricos que perpetuaram a cultura do estupro, desde os tempos da colonização até os dias atuais. “É importante ressaltar que, quando a miscigenação aconteceu no Brasil, foi de forma muito violenta”, afirma Djamila. Seguindo sua linha de pesquisa e militância, a filósofa explicou sobre a importância de se olhar para a mulher negra com mais atenção. Ela cita que “apesar de todas estarem sujeitas a esse tipo de violência, precisamos dar um recorte especial ao grupo que está mais suscetível. O estereótipo designado para a mulher negra é racista, sendo o corpo dela desumanizado e visto como objeto sexual”.
Dando prosseguimento ao debate, a ex-ministra Eleonora Menicucci trouxe elementos com os quais vivenciou durante quase cinco anos à frente da Secretaria de Políticas para as Mulheres. Na Unifesp, Eleonora é professora titular em saúde coletiva, atuando principalmente com os temas direitos reprodutivos e sexuais, saúde integral da mulher, envelhecimento, violência de gênero, aborto, direitos humanos, autonomia, avaliação qualitativa, políticas públicas de saúde e autodeterminação.
Durante sua fala, Menicucci citou sobre as iniciativas de combate à violência contra a mulher como a criação de meios mais ágeis de denúncia e o seu contato direto com as vítimas. “Mesmo afastada do cargo, estive presente na residência da família da jovem de 16 anos estuprada por 33 homens. Precisamos ver a realidade de quem vive isso, estar ali para dar o nosso apoio”, afirma Eleonora.
No final do debate, os participantes puderam esclarecer dúvidas e manifestar-se em relação ao assunto. A reitora Soraya Smaili, presente no evento, agradeceu a mesa e aos presentes no evento. “A universidade não pode ser o espaço da discriminação. Aqui precisa ser o espaço das ideias, do debate e de todas as posições”, finalizou.