Por Daniel Patini
Um estudo do Centro de Pesquisa em Urologia da Disciplina de Urologia do Departamento de Cirurgia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), juntamente com o Hospital São Paulo (HU/HSP), concluiu que fumar provoca uma diminuição da qualidade do sêmen, afetando sua capacidade de fertilizar o óvulo com sucesso. Os resultados são da dissertação de mestrado da estudante Mariana Antoniassi, sob a orientação do professor Ricardo Pimenta Bertolla, e foram publicados no periódico científico BJU International.
Para o trabalho, foi analisado o sêmen – fluído que transporta os espermatozoides – de 20 tagabistas, que fumavam pelo menos dez cigarros por dia, e de 20 não fumantes. Os voluntários de ambos os grupos tinham entre 20 e 50 anos.
O DNA do grupo tabagista apresentou uma fragmentação de quatro a cinco vezes maior quando comparado ao dos não fumantes, provavelmente, devido ao estresse oxidativo causado pelo cádmio e pela nicotina presentes na composição do cigarro.
“O estudo é inovador pois traz a informação de que o sêmen dos tabagistas apresenta uma natureza inflamatória”, afirma a pesquisadora. “Esse estresse, caracterizado pelo excesso de radicais livres, pode desestabilizar o espermatozoide e prejudicar sua função de fertilizar”.
“A fragmentação do DNA dos espermatozoides tem sido mostrada em outros estudos e está associada ao aumento de riscos de problemas genéticos no feto e ao desenvolvimento de câncer na infância”, alerta Bertolla, que é responsável pelo Centro de Pesquisa em Urologia.
Além disso, as mitocôndrias também estavam menos ativas nos espermatozoides dos fumantes. “Elas geram energia para o espermatozoide; se estão menos ativas, significa que eles terão sua movimentação prejudicada, o que diminui a chance para que ocorra fertilização”, explica Mariana.
Os pesquisadores encontraram ainda uma maior porcentagem de acrossomas defeituosos, que é a parte da cabeça do espermatozoide que libera enzimas que o permitam entrar no óvulo, bem como alterações nas proteínas do plasma seminal dos fumantes. Essas alterações proteicas demonstram que o sêmen desses pacientes está em um estado inflamatório, o que potencializa os danos aos espermatozoides.