Sexta, 10 Novembro 2017 13:34

Práticas em saúde voltadas à população de travestis e de mulheres e homens transexuais são discutidas em evento

I Encontro Brasileiro de Saúde Trans foi sediado no início de novembro na Unifesp

Por Daniel Patini

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sediou, de 1º a 4 de novembro, I Encontro Brasileiro de Saúde Trans - BRPATH, com o objetivo de promover a atualização e discussão de boas práticas em saúde voltadas à população de travestis e transexuais.

Durante os quatro dias do evento, que aconteceu no Teatro Marcos Lindenberg e reuniu representantes nacionais e internacionais da sociedade civil, da academia e do poder público, criou-se um ambiente de ampla discussão multiprofissional sobre o tema e de enfrentamento à transfobia. Além disso, foram apresentados trabalhos científicos na área.

O encontro foi uma realização do Ambulatório Trans Unifesp do Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assistência à Pessoa Trans Professor Roberto Farina (Núcleo TransUnifesp - NTU), da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec/Unifesp), em parceria com Ambulatório de Saúde Integral para Travestis e Transexuais do Centro de Referência e Treinamento DST/AIDS - Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

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Presente na cerimônia de abertura, reitora da Unifesp, Soraya Smaili, disse estar extremamente honrada em representar a universidade e ser um privilégio em sediar esse evento, em especial, em um momento de tantas incertezas e instabilidades. “Certamente as propostas que sairão dessas atividades serão fundamentais para que a Unifesp possa continuar fazendo sua missão, com inclusão”, garantiu Soraya.

A pró-reitora de Extensão e Cultura, Raiane Assumpção, reiterou a importância do encontro, pois ele expressa a necessidade de se construir um conhecimento a partir do diálogo com a própria comunidade. “Entendemos que a produção da ciência não pode ser descolada do sujeito. Só conseguimos produzir uma ciência que possa ser referendada na medida em que a gente consegue dialogar com esse sujeito que vivencia as expressões na sociedade”, enfatizou.

Maria Clara Gianna, coordenadora adjunta do Programa Estadual DST/Aids-SP e uma das organizadoras do BRPATH, falou sobre o processo de construção do evento, as parcerias que o tornaram possível e disse estar certa do fortalecimento da população trans como resultado do encontro. “Teremos ganhos enormes no que diz respeito à saúde, a direitos e no respeito a travestis e transexuais”, afirmou Maria Clara.

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O pró-reitor adjunto de Extensão e Cultura e também um dos organizadores do BRPATH, Magnus Régios Dias da Silva, ressaltou a transformação pela qual passa quem se permite conhecer o outro e a aprendizagem que o ambulatório no Núcleo Trans da Unifesp tem proporcionado a ele. “As demandas da população trans exigem que o profissional de saúde se reinvente e assuma novas bandeiras. Eu me transformo todas as semanas com esse trabalho”, disse.

Completaram a mesa de autoridades Georgiana Braga-Orillard, diretora do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/Aids (UNAIDS Brasil), Gail Knudson, presidente da World Professional Association for Transgender Health (WPATH), Alícia Krüger, assessora técnica do Departamento das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais do Ministério da Saúde, Carué Contreras, representante da Rede Nacional de Pessoas Vivendo com HIV/Aids (RNP+), Adriana Sales, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), e Lan Matos, coordenador nacional do Instituto Brasileiro de Transmasculinidades (Ibrat).

Ao final da abertura, apresentaram-se para o público a artista Ângela Leclery, o cantor e compositor Erick Farbi e o Coral da Câmara de Comércio LGBT Brasileira. No encerramento do evento, foi apresentado o espetáculo teatral "O evangelho segundo Jesus Cristo, Rainha do Céu", de Jo Clifford, com Renata Carvalho e direção de Natalia Mallo.

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Criação da BRPATH

Durante os trabalhos o I Encontro Brasileiro de Saúde Trans, sediado na Unifesp, foi instituída a diretoria da gestão da Associação Brasileira Profissional para a Saúde Trans e Travesti (BRPATH) para o primeiro biênio (2017-2019). Ela é composta por pessoas cis e trans/travestis, profissionais de saúde e de áreas afins, estudantes e, principalmente, ativistas do movimento social de travestis e transexuais. Mais informações podem ser conferidas aqui.

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