Por Marcos Zeitoune
(Imagem ilustrativa)
O verão chegou e, com ele, a temporada de cruzeiros teve início, prometendo impactar positivamente a economia. Dados da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA Brasil) apontam que, pela primeira vez em seis anos, cresceu o número de turistas viajando em transatlânticos pelo país.
Se, por um lado, tudo é festa para quem está de férias, por outro lado os estudos sobre a qualidade de vida dos trabalhadores de cruzeiros marítimos são pouco encontrados, provavelmente devido às dificuldades de acesso a essa atividade. No geral, as pesquisas brasileiras sobre condições do trabalho embarcado abordam, sobretudo, o trabalho offshore, em plataformas marítimas de petróleo.
O projeto de pesquisa Vida no mar: estudos de relatos online de trabalhadores embarcados foi desenvolvido por Gustavo Cardoso Luz Peterlevitz, na modalidade de trabalho de conclusão de curso do Bacharelado Interdisciplinar em Ciência e Tecnologia do Mar da Universidade Federal de São Paulo (BictMar/Unifesp) - Campus Baixada Santista, com coautoria do professor Rodolfo Eduardo Scachetti e orientação da professora Nancy Ramacciotti de Oliveira-Monteiro.
O estudo trata de relatos online de trabalhadores embarcados, numa proposta de levantamento de temas colocados em blogs sobre experiências da vida cotidiana no mar. As informações foram levantadas em 23 blogs e sistematizadas com base na análise de conteúdo. Como resultados foram definidas duas categorias temáticas: uma de queixas e outra de benefícios associados ao trabalho embarcado.
As queixas mais relatadas foram: isolamento social, falta de privacidade, alimentação de baixa qualidade, falta de conforto, carga horária excessiva, assédio moral, problemas de saúde, estados psicológicos negativos e falhas na organização do trabalho, entre outros; e os benefícios mencionados foram salário, oportunidades de viagem e socialização facilitada.
Nos navios de cruzeiro, esse confinamento pode ser comparado com o trabalho nas plataformas de petróleo. Queixas pertinentes aos estados psicológicos, quase sempre associados às condições de confinamento, foram manifestadas na grande maioria das postagens (91%).