Quarta, 25 Setembro 2019 11:24

Fórum debate históricos e desafios do movimento LGBTQIA+

Encontro foi promovido pela Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Unifesp, juntamente com o Núcleo Trans, Prae e Proec

Com o intuito de fomentar o debate sobre a diversidade sexual e de gênero, foi realizado, no dia 24/9, no Teatro Marcos Lindenberg, o IV Fórum LGBTQIA+ na Unifesp: históricos e desafios. O fórum, que integra as festividades dos 25 anos da universidade, é uma realização da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Unifesp, em conjunto com o Núcleo Trans, com a Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e com a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proec).

O encontro aconteceu ao longo do dia com uma apresentação do histórico da comissão e a realização de mesas sobre a história do movimento LGBTQIA+ (sigla para lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, queer, intersexo, assexuais e outras identidades) e de debates sobre os desafios atuais para a militância. Além disso, houve o lançamento dos livros "História do Movimento LGBT no Brasil" e "Intersexo".

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Mesa de abertura (da esq. p/ a dir.): Isabel Hartmann de Quadros, pró-reitora de Graduação; Anderson Rosa, pró-reitor de Assuntos Estudantis; Soraya Smaili, reitora da Unifesp; Raiane Assumpção, pró-reitora de Extensão e Cultura; Magnus Dias da Silva, pró-reitor adjunto de Extensão e Cultura e representante do Núcleo Trans Unifesp; e Bruno Henrique Rocha, coordenador da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da Unifesp

Na abertura do evento, Raiane Assumpção, pró-reitora de Extensão e Cultura, lembrou que o fórum é um momento de reflexão sobre o que está sendo construído em nosso cotidiano nessa temática e de pensar qual o papel da universidade no processo de reestruturar formas de se estabelecer relações sociais. "Além de manter o posicionamento sobre aquilo que a gente acredita: uma sociedade com princípios como o respeito e a valorização da diversidade e da dignidade humana", completou.

O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Anderson Rosa, expressou o orgulho que sente pelo evento, com destaque para o seu processo de criação, caracterizado por um esforço coletivo feito com a participação das pessoas que militam na causa LGBTQIA+. E, segundo ele, como resultado disso, "é importante notar que a universidade tem demonstrado mais pluralidade e, justamente por isso, tem se tornado cada vez melhor, sendo reconhecida nacional e internacionalmente".

Para Isabel Hartmann de Quadros, pró-reitora de Graduação, essa discussão é transversal, sendo necessário mobilizar todos os setores da universidade e da sociedade, no sentido de entender e trabalhar essas diferenças para o acolhimento dessa população. Magnus Dias da Silva, pró-reitor adjunto de Extensão e Cultura e representante do Núcleo Trans Unifesp, inaugurado oficialmente em março de 2017, salientou a importância de encontros como esse no processo de emancipação da população LGBTQIA+.

Bruno Henrique Rocha, estudante que representou a Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da Unifesp, relembrou o histórico de lutas e as edições anteriores do fórum, destacando as conquistas realizadas na universidade, por parte da comissão, desde o uso do nome social das pessoas trans em todos os sistemas da instituição, em 2016, até a elaboração da Carta de Princípios Relacionada à Diversidade Sexual e de Gênero, aprovada pelo Conselho Universitário (Consu), em 2019.

Por fim, a reitora da Unifesp, Soraya Smaili, alertou que diante da atual conjuntura essa é a hora de agir. Destacou a importância de reconhecer o que foi conquistado, sem esquecer que ainda há uma longa caminhada pela frente, especialmente, em um momento de retrocessos e ameaças à universidade pública. "Temos que celebrar nossas conquistas, os 25 anos da Unifesp e esse fórum, mas é preciso lembrar que nada está garantido e que devemos unificar nossas lutas com outras esferas da sociedade pelos direitos humanos e pelas políticas públicas", ponderou.

Estiveram presentes no evento compondo uma mesa de debates representantes da Associação Brasileira de Intersexo (ABRAI), Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (ANTRA), Instituto Brasileiro de Transmasculinidade (IBRAT), além da participação na plateia de profissionais e ativistas que atuam com a temática LGBTQIA+. O fórum foi finalizado com a belíssima apresentação cultural do grupo artístico Missa Negra LGBT. Destacamos a performance do estudante de Terapia Ocupacional da Unifesp Neith Martinha, também membro da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero.

Homenagens

Durante o encontro, foram homenageados alguns indivíduos importantes para as conquistas LGBTQIA+ no Brasil, sendo eles: o professor Roberto Farina (in memoriam, sendo representado pela filha Monica Farina), cirurgião da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e pioneiro na cirurgia plástica urogenital para transexuais no país, em 1971; Waldirene Nogueira, primeira pessoa a se submeter à cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em 1971 (operada pelo Prof. Farina); o psicólogo e escritor João Nery (in memoriam), primeiro homem transexual a realizar cirurgia de redesignação sexual no Brasil, em 1977; e o advogado Paulo Lotti, que representou a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos na propositura do mandado de injunção ao Supremo Tribunal Federal (STF), para o reconhecimento da criminalização da homofobia e da transfobia.

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Fotos: Alex Reipert

Lido 6921 vezes Última modificação em Quarta, 02 Outubro 2019 14:58

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