Por Daniel Patini
Na manhã de terça-feira (3/3), o Hospital São Paulo, hospital universitário da Universidade Federal de São Paulo (HSP/HU Unifesp), reuniu o corpo técnico da instituição – médicos, docentes, estudantes e profissionais da Saúde – para discutir as ações de enfrentamento do novo coronavírus que estão sendo adotadas e atualizar as informações mais recentes sobre o assunto.
A professora afiliada e médica infectologista da Unifesp, Nancy Bellei, apresentou os aspectos virológicos e clínicos do avanço da infecção no mundo, desde os primeiros casos notificados na China, baseando-se nos artigos publicados a partir de janeiro de 2020. Atualmente, são mais 90 mil casos no mundo, com destaque para os países com maior número de infectados: China, Coreia do Sul, Itália e Irã.
De acordo com os dados coletados, o maior risco de doença grave e mortes ocorre em pessoas com mais de 60 anos, sendo que os maiores índices de letalidade acontecem nos idosos com mais de 80 anos (15%). A maior parte do contágio e dos casos ocorreu dentro dos domicílios, entre os próprios familiares.
Bellei fez também um breve histórico dos tipos de Coronavírus, incluindo as epidemias recentes, como a Sars em 2002-03 e a Mers, de 2012, que teve origem no Oriente Médio. Ela alertou para a grande dispersão do vírus Sars-CoV-2, responsável pela doença Covid-19, e destacou a potencial transmissão com a falta de medidas de intervenção não farmacológica como lavagem de mãos, etiqueta respiratória e isolamento de pacientes sintomáticos observada no início da epidemia na China. Ressaltou a importância da vacinação contra influenza, principalmente, para os doentes crônicos, os quais representam o grupo de maior hospitalização e gravidade, dentre aqueles infectados pelo Sars-CoV-2.
Como enfrentar essa epidemia?
Em sua apresentação, o professor associado e livre-docente da Disciplina de Infectologia da Unifesp, Eduardo Medeiros, demonstrou as notificações de Covid-19 no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Até o momento, são dois casos confirmados e 433 suspeitos (sendo 162 descartados). Na maioria dos suspeitos, na verdade, foi identificado vírus influenza, o que denota a importância da vacinação para esse vírus quando estiver disponível.
Medeiros relatou a importância de o hospital manter uma equipe assistencial estruturada, integrada e coordenada para enfrentar situações como essa, revendo os processos assistenciais de forma constante. Ele destacou a mobilização interna desenvolvida por meio de orientações aos pacientes com informativos e para os profissionais que atuam principalmente no pronto-socorro e na enfermaria de Doenças Infecciosas e Parasitárias, de treinamento para coleta de material para exames e da elaboração dos fluxos de atendimentos. Atualmente, segundo ele, estão em avaliação e discussão os critérios clínicos para internação.
O professor reforçou as medidas de prevenção para evitar a transmissão do vírus, como lavar as mãos com água e sabão com frequência ou higienizá-las com álcool em gel, cobrir o rosto ao tossir ou espirrar, dentre outras. Para os profissionais da Saúde, é recomendado o uso de equipamentos de proteção individual como avental, máscara tipo cirúrgica e óculos de proteção. Na situação que possa gerar aerossóis, como procedimentos de coleta de material respiratório, é recomendado o uso de máscara PFF2 (N95). A limpeza constante do ambiente também é fundamental.
Ainda de acordo com ele, recomenda-se acompanhamento domiciliar para pacientes com quadros respiratórios leves suspeitos ou confirmados e seus contatos, sem necessidade de buscar atendimento em hospitais, acompanhando a evolução dos sintomas em casa. Para o professor, até o momento, a instituição tem conseguido resolver as questões referentes ao coronavírus de forma bastante adequada. “Nessa situação toda, mesmo diante de nossas dificuldades, o Hospital São Paulo se preparou com processos assistenciais que permitem uma assistência segura para os pacientes e profissionais do hospital”, concluiu.
Ao final, os especialistas conversaram com o público e tiraram dúvidas. A programação desses encontros deve se estender pelas próximas semanas para manter atualizações acerca desse importante tema. Informações e recomendações adotadas para o enfrentamento da epidemia podem ser consultadas na página da Comissão de Epidemiologia Hospitalar do Hospital São Paulo (CEH-HSP).
Fotos: Alex Reipert