Por Daniel Patini
(Imagem ilustrativa)
Pesquisa da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), publicada na revista científica BMC Public Health, constatou uma relação entre baixos níveis de atividade física durante a pandemia de covid-19 com sintomas de ansiedade e depressão, sendo que 30% dos(as) participantes apresentaram sintomas de depressão de grau moderado a grave e 23,3%, sintomas de ansiedade de grau moderado a grave.
O nível de atividade física dos indivíduos analisados caiu significativamente durante o período de isolamento social: antes do período de pandemia do novo coronavírus, 69% dos(as) voluntários(as) eram classificados(as) como muito ativos(as), contra somente 39% durante a quarentena. As pessoas que diminuíram mais o nível de atividade física durante a pandemia também apresentaram mais sintomas de ansiedade e depressão. Observou-se ainda uma maior presença desses mesmos sintomas entre indivíduos com baixa renda mensal familiar, indivíduos mais jovens e entre as mulheres.
"Está nítido que, durante a quarentena, as pessoas se tornaram muito mais vulneráveis física e mentalmente. Portanto, programas de atividade física devem ser incentivados, respeitando-se as medidas de distanciamento necessárias para prevenir a disseminação do novo coronavírus (Sars-CoV-2)", sugere a pesquisadora e docente da Unifesp, Marilia Andrade.
Participaram do estudo 1.853 brasileiros(as)
O trabalho foi realizado pela disciplina de Neurofisiologia e Fisiologia do Exercício do Departamento de Fisiologia da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, em parceria com outras instituições de ensino nacionais e internacionais, como a Universidade Federal de Goiás (UFG), Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), Universidade da Ática Ocidental (Grécia), Universidade de Zurique (Suíça) e a Universidade McMaster (Canadá).
Para o estudo, questionários autoaplicáveis sobre informações pessoais, o período de isolamento social, níveis de atividade física e sobre transtornos do humor e bem-estar foram respondidos de forma on-line por 1.853 brasileiros, sendo 1.110 mulheres e 743 homens. Dentre eles, o International Physical Activity Questionnaire (IPAQ), Patient Health Questionaire - 2 (PHQ-9), General Anxiety Disorder (GAD-7) e o Índice de Bem-Estar (WHO-5).
O questionário IPAQ foi respondido duas vezes: uma considerando as condições de vida do sujeito avaliado em junho de 2020, período da aplicação da pesquisa, e a outra sobre momentos anteriores ao isolamento social, para entender a diferença entre essas respostas e sua relação com os resultados dos demais questionários.