Quinta, 27 Mai 2021 09:23

Estudo do ICAQF/Unifesp observa relação entre clima e mortes por covid-19

Realizada em parceria com outras instituições, pesquisa verificou ligação entre fatores ambientais e mortalidade pela infecção do novo coronavírus

Por Juliana Cristina

imagem de um coronavírus fazendo sombra no globo terrestre, dando ideia de uma ameaça
(Imagem ilustrativa)

Conduzido por pesquisadores(as) do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema, em parceria a Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Universidade de Ciências Empresariais e Sociais (UCES), da Argentina, Universidade Austral do Chile e a Sociedade Peruana de Alergia, Asma e Imunologia (SPAAI), do Peru, o estudo procurou analisar a existência de uma relação entre fatores ambientais – como condições meteorológicas e poluição do ar – e a evolução no número de mortes por covid-19, entre os meses de fevereiro e agosto de 2020.

Foram avaliadas cerca de 36 cidades da América Latina, preferidas pela diversidade em relação às condições ambientais e socioeconômicas, das quais os(as) pesquisadores(as) utilizaram, para análise estatística, dados diários – de 2015 a 2020 – relativos à temperatura e coluna troposférica NO2 do OMI (Ozone Monitoring Instrument/Instrumento de Monitoramento de Ozônio). A pesquisa considerou, ainda, variáveis que seriam capazes de influenciar no aumento da taxa de mortalidade, como características demográficas, comorbidades na população e redução na mobilidade.

O estudo observou relação positiva entre temperatura e exposição ao NO2 à mortalidade por covid-19, apesar da evolução pandêmica ter sido relativamente diferente entre as cidades analisadas, e concluiu que a exposição à poluição atmosférica mostrou menor impacto em relação à evolução do número de mortes, sendo que o aumento de uma unidade na concentração de poluentes foi associada ao crescimento de 2% de mortalidade. A temperatura do ar, no entanto, mostrou maior relação o aumento da taxa de mortalidade por habitante nas cidades estudadas – em locais mais quentes foi verificado maior número de mortes, sendo que o aumento de 1°C na temperatura média da cidade representou 25% de crescimento da mortalidade por covid-19.

Luciana Rizzo, docente do ICAQF/Unifesp e uma das responsáveis pelo projeto, afirma: “a partir desse estudo, concluímos que a temperatura do ar foi uma importante preditora da evolução das taxas de mortalidade por covid-19 na região do Cone Sul em 2020. Em geral, cidades localizadas na região tropical apresentaram maior número de mortes por habitante. Argumentamos que a temperatura influenciou indiretamente a mortalidade por ser uma variável ambiental que reflete a diversidade de condições socioeconômicas e de infraestrutura das cidades consideradas”.

Lido 5179 vezes Última modificação em Quinta, 18 Abril 2024 14:43

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