Quinta, 27 Janeiro 2022 18:01

Pesquisa da Unifesp comprova alterações pulmonares e imunológicas em idosos com síndrome metabólica

Estudo demonstra que a inflamação provocada pela doença afeta a função pulmonar e a resposta imunológica em pacientes idosos

Por Lauren Steffen

Pesquisadores conversam um participante do estudo

A pesquisa Função pulmonar muda em idosos com e sem síndrome metabólica foi desenvolvida por Maysa Alves Rodrigues Brandão Rangel, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano e Reabilitação da Unifesp, sob a orientação do professor Rodolfo de Paula Vieira. A pesquisa contou com o apoio da Fapesp.

A síndrome metabólica é uma doença identificada a partir da existência de três ou mais fatores, dentre eles obesidade, aumento da circunferência abdominal, diabetes, hipertensão arterial, taxa de triglicerídeos alta ou baixo nível de colesterol bom (HDL). Ela é responsável por desencadear uma inflamação de baixo grau, podendo causar alterações estruturais e funcionais em diversos órgãos. O objetivo do estudo foi constatar a relação da síndrome metabólica com alterações na função pulmonar e na resposta imunológica de pacientes idosos. “Fala-se muito da parte sistêmica, de alterações em órgãos como pâncreas e fígado, mas não se sabia sobre a influência da doença na parte pulmonar, o que acontece, de fato, no pulmão. Essa questão ainda não estava bem esclarecida pela ciência, especialmente em idosos”, conta Rangel.

A partir de uma parceria entre a Unifesp e a Prefeitura de São José dos Campos, foram selecionados 1.000 idosos de quatro centros municipais de cuidado ao idoso. Os participantes foram divididos em dois grupos: um formado por portadores da síndrome metabólica e o outro sem a doença. Foram excluídos do estudo pacientes com histórico de tabagismo, com doenças respiratórias e que praticavam atividade física regular.

Os voluntários foram submetidos a análises de sangue, verificação da força muscular e exames de avaliação respiratória. A partir da investigação do soro sanguíneo e do ar condensado, o estudo constatou que as mesmas citocinas inflamatórias do sangue estavam presentes nos pulmões. Os resultados, publicados na revista Scientific Reports, comprovaram que a síndrome metabólica também afeta os pulmões, acelerando o processo inflamatório e fibrótico. Além disso, os dados revelaram que os participantes com a doença apresentaram alterações imunológicas.

Esses elementos ajudam a esclarecer por que pessoas obesas e com síndrome metabólica foram um dos grupos mais afetados com a covid-19. “Esses pacientes já têm um baixo grau de inflamação e uma imunidade deficitária. Quando contraem uma doença inflamatória sistêmica, como a Covid-19, um novo processo inflamatório é desencadeado. Dessa forma, supomos que idosos com síndrome metabólica estão mais suscetíveis ao desenvolvimento de formas mais graves da Covid-19”, explica Rangel.

Com base nessas informações, ficou clara a necessidade de que médicos que atendam pacientes com síndrome metabólica avaliem seus pulmões e sua resposta imunológica. “Na maioria das vezes, os médicos não investigam a função pulmonar desses pacientes. Especialmente no caso de idosos com a doença, é fundamental fazer exames de avaliação respiratória para começar a adotar medidas preventivas que evitem o agravamento do problema”, alerta Rangel.

Com informações da Agência Fapesp

Lido 5640 vezes Última modificação em Quinta, 18 Abril 2024 14:11

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