Por Juliana Cristina
O projeto FotoCulturaParaTodos, coordenado por Yuri Bittar, fotógrafo e pesquisador do Centro de História e Filosofia das Ciências da Saúde (CeHFi), vinculado à Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) - Campus São Paulo, nasceu como projeto de extensão da Universidade Federal de São Paulo em 2018 através do CeHFi. A ação, inicialmente idealizada com intuito levar aulas de fotografia gratuitas às crianças e adolescentes em tratamento oncológico no Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer (Graacc), após a formalização, passou também a atender jovens de regiões periféricas da cidade de São Paulo e idosos, além de incluir outras atividades artístico-culturais, como meditação e literatura, e tornar-se aberta a graduandos(as) da Unifesp. Atualmente, apesar da ação estar parada devido à pandemia de covid- 19, Bittar estrutura novas ideias para a retomada do projeto, assim que a crise sanitária estiver melhor resolvida.
Bittar, que começou a ministrar aulas no Graacc antes de ter o projeto formalizado, comenta que, depois de ter conseguido autorização para promover aulas na instituição, levou duas câmeras pessoais, sentou com as crianças e simplesmente começou a ensinar fotografia a elas. "Acho que por ter estudado, tido apoio e trabalhar numa universidade pública, desejava compartilhar isso de alguma forma, então sempre tive vontade de ter algum trabalho social, ajudar quem precisasse através da fotografia", comenta. O fotógrafo e pesquisador da Unifesp ressalta, ainda, ter observado um impacto muito positivo e delicado na autoestima das crianças. "As crianças do Graacc estão acostumadas a pensar no agora, na doença, mas gente estava lá ensinando uma forma de expressão artística que é para o futuro, mostrando que apostava no futuro delas", completa.
Percebendo a necessidade de seus(suas) alunos(as) terem as próprias câmeras para continuarem fotografando, Bittar passou a postar pedidos de apoio em suas redes sociais e, por ter um número elevado de seguidores, muitas vezes fotógrafos iniciantes que logo trocam de câmera, começou a receber doações com frequência, inclusive de kits completos de fotografia (câmera, lente, carregador, bateria, cartão de memória). Ao mesmo tempo, apareceram pessoas que queriam contribuir com o projeto participando como voluntários. Bittar então decidiu, em 2018, formalizar o FotoCulturaParaTodos, incluindo um público maior e novas novas atividades ligadas à arte e cultura, além de ter sido criada uma nova vertente para promover mais aulas fora do Graacc. "A escolinha foi criada para continuar com as aulas fora do hospital, por exemplo, para um jovem que tinha alta porque curou a doença, e também para outros jovens, em situação de vulnerabilidade social. Chegamos a realizar as aulas no CeHFi, aos sábados, durante quase um ano, e dávamos aula para quem estava ali, com um grupo de voluntários muito disposto, mas o local não era adequado".
Atualmente a ação, de caráter voluntário e sem fins lucrativos, está parada devido à pandemia de covid- 19, visto que as aulas presenciais são inviáveis principalmente dentro do Graacc. No entanto, o coordenador pretende retomar as atividades assim que a crise sanitária estiver melhor resolvida. "Creio que vou voltar com esse projeto no Campus São Paulo, onde está sendo construído o Centro Cultural da Saúde, uma grande obra no prédio onde era a biblioteca, e nosso CeHFi vai para lá, onde terá elevador e toda a infraestrutura necessária, então estaremos num lugar bem legal para retomar as aulas", comenta. Além das aulas ministradas no Graacc e nesse novo espaço, ele também pensa em novas ideias para que o projeto possa atingir um público ainda maior, especialmente em situação de vulnerabilidade socioeconômica, com o propósito não só de apresenta-los à fotografia digital, mas também gerar inclusão. "Acho que a maior importância desse projeto é mostrar para os jovens que eles podem participar, ter novas possibilidades de se expressarem, talvez até virar profissão. Acredito também que é muito importante mostrar para as pessoas que a universidade não é uma coisa distante, mas está ao redor delas, na vida delas, e pode ser útil não só para quem é aluno inscrito".
Para conhecer mais sobre o projeto acesse o site ou, ainda, a página no Instagram.
Fotos: Yuri Bittar