Por Denis Dana
O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI) lançou, na quarta (16/2), uma chamada pública para a concessão de apoio financeiro voltado para a implantação, adequação e melhoria de infraestruturas de ambientes controlados e salas limpas para desenvolvimento de pesquisas no país, no valor de R$ 50 milhões. Os recursos, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), serão concedidos por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), vinculada ao MCTI, com 30% do total destinados para as regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. A abertura da chamada aconteceu no anfiteatro da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM/Unifesp), e foi marcada por destaque à produção científica realizada pelas universidades públicas do país.
Em sua fala de boas-vindas representando o reitor da Unifesp, Nelson Sass, que cumpria agenda já estabelecida anteriormente no mesmo dia e horário no campus São José dos Campos e no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), Lia Bittencourt, pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa, destacou a honra de a universidade servir como local para um anúncio importante para o desenvolvimento da ciência nacional e ressaltou que, “mesmo nesses momentos difíceis de pandemia, a Unifesp seguiu dedicada à formação dos alunos e à produção científica, agindo em diversas frentes, tanto no que diz respeito ao atendimento de pacientes e assistência à saúde quanto ao desenvolvimento de diversos estudos, sempre muito atuante”.
Lia Bittencourt, pró-reitora de pós-graduação e pesquisas, representou o reitor, Nelson Sass no evento
Presente à mesa de apresentação da chamada pública, Fúlvio Scorza, diretor da EPM/Unifesp, também agradeceu o prestígio de a Unifesp receber um evento que traz como objetivo a evolução da infraestrutura para a prática da ciência do Brasil e aproveitou para igualmente reforçar a força da universidade pública na produção científica. “Na lista dos 100 mil cientistas mais influentes do mundo (divulgada recentemente pela Universidade de Stanford, EUA), 812 são brasileiros e 12 desta universidade, o que revela todo o potencial que o nosso país e que a universidade pública têm para fazer ciência”.
Fulvio Scorza, diretor da EPM/Unifesp, durante a sua intervenção
Waldemar Barroso, presidente da Finep, vinculada ao MCTI, e Marcelo Morales, secretário de Pesquisa e Formação Científica do MCTI, também compuseram a mesa e em suas falas fizeram coro ao Scorza. “Nosso país tem demandas e competências, temos plena capacidade para produzir e desenvolver ciência, mas por vezes o que nos falta é uma infraestrutura melhor. É o que objetiva essa chamada pública e que deve oferecer melhores espaços para toda a cadeia de produção científica”, disse Barroso, seguido por Morales: “a universidade pública brasileira, como a Unifesp, é responsável por 95% da produção científica do país, o que merece todo o nosso reconhecimento. Sabemos que é necessário recuperar a infraestrutura das universidades e essa chamada pública vem justamente para dar melhores condições na sequência de toda essa produção”.
O evento de lançamento da chamada pública contou também com a participação de Helena Nader, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que ressaltou “a necessidade de o Brasil se unir e compreender que a ciência não é gasto, mas é investimento”; e com a presença do astronauta Marcos Pontes, ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, responsável por fechar o evento com o destaque acerca da importância da ciência.
A vice-presidente da ABC, Helena Nader, durante sua participação
“Todo recurso aplicado no desenvolvimento científico e tecnológico nacional retorna ao país, com benefícios para todas as áreas. Temos que seguir na busca desses investimentos, de modo que possamos aproveitar todo o potencial de nossos pesquisadores. Isso dá a dimensão da importância dessa chamada pública”, enfatizou o ministro Pontes.
O ministro do MCTI, Marcos Pontes, durante sua fala
Mais sobre o edital
A chamada pública tem como objetivo ampliar o espectro de Instituições de Ciência e Tecnologia (ICTs) brasileiras com ambientes controlados e salas limpas disponíveis para desenvolvimento de pesquisa. O edital também prevê o desenvolvimento da autonomia nacional por meio da disponibilização destes ambientes e, assim, reduzir a dependência externa do país, além de estimular o desenvolvimento e a permanência de recursos humanos no Brasil.
Os ambientes controlados são locais dentro de um plano de localização física que contêm algum tipo de controle, especificamente, pressão, temperatura e segregação, cujas atividades de pesquisa não precisam, necessariamente, atender a certos padrões de contaminação por partículas.
Já as salas limpas são ambientes esterilizados que contam com controle ambiental definido dentro dos termos de fluxo de ar, umidade, temperatura, pressão, iluminação, ruído, vibração, contaminação microbiana e por partículas, que são projetadas e utilizadas buscando a redução da introdução, geração e retenção de contaminantes em seu interior, cuja presença interfere no resultado de testes ou fabricação de produtos.
Serão selecionadas propostas para a concessão de apoio financeiro para implantação, adequação e melhoria de infraestrutura de ambientes controlados e salas limpas para desenvolvimento de pesquisa, em espaços já existentes na instituição, observando as normas técnicas vigentes.
Fotos: José Luiz Guerra