Sexta, 01 Abril 2022 08:44

Ação promove dignidade menstrual de mulheres cis e homens trans que vivem e circulam no centro de São Paulo

Projeto é parceria entre universidade e movimentos atuantes na defesa dos direitos humanos com ênfase nos direitos das mulheres

 Por Juliana Cristina

Encontro do projeto; pessoas sentadas em um roda de conversa

Criado em 2021, fruto da parceria entre o Laboratório de Saúde Coletiva do Campus São Paulo da Unifesp com os movimentos sociais e organizados Fluxo Solidário, É de lei e Movimento de mulheres Olga Benário, o projeto de extensão Dignidade menstrual surgiu com objetivo de desenvolver um plano de educação e promoção da saúde voltado para mulheres cisgênero e homens transgênero que se encontram em situação de vulnerabilidade social, sobretudo, residentes de cortiços, ocupações ou em situação de rua na região do centro de São Paulo. A ação se desenvolve em três núcleos, divididos dentro desse território, o qual contempla os bairros do Bom Retiro, Campos Elíseos, Canindé, Glicério, Luz, Pari, e Sé.

Claudia Fegadolli, coordenadora do projeto e docente no Departamento de Ciências Farmacêuticas do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp) - Campus Diadema, relata que o projeto surgiu quando o movimento social Fluxo Solidário procurou o Laboratório de Saúde Coletiva, do qual ela faz parte, para pensar na parceria. "Achamos interessante a proposta e vimos como uma oportunidade de vincular com movimentos que já trabalham conosco, pensando também no fortalecimento e articulação com outros que pudessem ter interesse na mesma temática, para formarmos uma âncora na universidade e desempenhar um papel na visibilidade e criação de espaços em associação com movimentos que atuam mais especificamente no campo dos Direitos Humanos e da Defesa de Direitos", comenta.

A ação foi pensada a partir de uma divisão de três territórios dentro da região central de São Paulo, três núcleos atuando com coordenações nos movimentos sociais, cada um com uma equipe mínima envolvendo a figura de um extensionista de Iniciação Científica, um coordenador de campo, apoio técnico (para auxiliar na produção e organização de materiais) e um pesquisador social (bolsistas que atuam em campo). Além disso, será inserida uma pessoa responsável por prestar apoio técnico em comunicação, a qual auxiliará com o desenho dos materiais educativos que serão desenvolvidos em diferentes mídias.

Para atingir o objetivo principal de desenvolver uma estratégia de educação e promoção da saúde, os responsáveis pelo projeto pretendem agir principalmente por meio de oficinas e rodas de conversa, trabalhando no contexto da saúde e melhoria da qualidade de vida, além de elaborarem materiais educativos, tais como cartilhas, fanzines, e outras estratégias de mídia, como produção de vídeos. Fegadolli aponta que "a ideia é usar uma diversidade de materiais pra atingir da melhor maneira possível as pessoas daquele território". No mais, em relação ao processo formativo, a ação procurará trazer pessoas que vivem e circulam no centro de São Paulo para discutirem os temas em conjunto com os responsáveis, além de envolver lideranças de movimentos sociais, trabalhadores da área da saúde de outros equipamentos que tenham interesse em se voluntariar para participar do projeto e os próprios extensionistas.

A coordenadora ressalta que a importância da ação ecoa em diferentes dimensões. "Acredito que o projeto é extremamente importante. Primeiro, no fortalecimento e articulação da universidade com movimentos sociais: desenvolver ações que não partem da instituição, mas de uma troca, reconhecimento e aproximação com problemas vivenciados pela população, trazidos por forças já organizadas em territórios. Depois, em relação à temática em si; temos ouvido bastante ultimamente sobre dignidade e pobreza menstrual, e temos uma atenção hoje para escolares, mas essa população adulta em situação de vulnerabilidade que vive ali no centro tende a ser invisibilizada, então, o projeto tem uma grande importância ao dar visibilidade aos problemas vivenciados pelas mulheres cis e homens trans daquela região".

Atualmente, o projeto está em fase de mapeamento da pobreza menstrual e dos recursos e potências dos territórios para que, posteriormente, possam promover intervenções em prol da dignidade menstrual por meio de estratégias principais (pesquisa), educação e ação no local.

Dignidade Menstrual portal1

Fotos: arquivo pessoal

Lido 4936 vezes Última modificação em Terça, 02 Abril 2024 13:54

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