Sexta, 16 Setembro 2022 10:16

Opinião: Programa do Campus Diadema da Unifesp difunde a cultura do software livre

Iniciativa articula atividades de ensino, pesquisa e extensão, promovendo inclusão social por meio da educação

Por Marco André Ferreira Dias*

Software Livre e Inclusão Digital são temas estratégicos para o desenvolvimento do país, mas a ampla inclusão digital e o maior uso de ferramentas abertas só se realizarão se houver um esforço em educação nessas áreas.

No dia 17 de setembro de 2022, foi comemorado o Dia do Software Livre como forma de divulgar suas vantagens e incentivar a sua utilização. O software livre engloba-se na linha de pensamento defendida pela Free Software Foundation (FSF), que qualifica, na ordem a seguir, as suas características mais importantes:

1. liberdade de conhecimento;
2. qualidade das ferramentas; e
3. gratuidade.

Apesar de o software livre ser comumente associado ao conceito de gratuito, esta é apenas umas das suas qualidades positivas, talvez a menos importante. A característica mais importante é, na verdade, a liberdade de conhecimento proporcionada pelo seu uso. Acredita-se que o resultado obtido por meio dessa ideologia na eficiência de sua aplicação seja a ampliação da inclusão digital.

No Campus Diadema da Unifesp, temos o Programa de Educação em Software Livre (PESL-Diadema), inspirado em uma outra iniciativa com o mesmo nome no Campus São José dos Campos, que articula atividades de ensino, pesquisa e extensão, promovendo inclusão social por meio da educação e acesso ao software livre.

O programa permite a aproximação da comunidade aos conceitos de software livre e de tecnologia da informação e fornece elementos suficientes para que o(a) aluno(a) possa, posteriormente, construir um conhecimento sobre sistemas operacionais abertos, como o Linux; programação de computadores, usando o Python; e automação e robótica, usando a plataforma Arduino, o que poderá ajudar, por exemplo, na conquista de uma vaga de trabalho.

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Alunos(as) da Fundação Florestan recebem certificado do curso de Programação e Robótica / Crédito: Mauro Pedroso

Nesse aspecto, vale citar a parceria feita entre o programa e a Fundação Florestan Fernandes em Diadema, através da qual é oferecido um curso de formação profissional visando à conquista do primeiro emprego. O curso é dividido em três módulos e objetiva introduzir o(a) aluno(a) às novas tecnologias e seu desenvolvimento, estimulando também a empreender nesse cenário.

Além disso, o PESL-Diadema proporciona workshops com atividades práticas (hands on), em que o(as) participantes utilizam as principais ferramentas e aplicações disponíveis no Linux.

Como exemplos, temos a oferta de cursos para o público da “melhor idade”, voltados aos aplicativos Office e celulares; a parceria breve com a Secretaria Municipal de Educação, com um curso voltado às necessidades dos(as) professores(as) da Educação Básica do município; e a oferta de cursos para os(as) terceirizados(as) das empresas que prestam serviços dentro do próprio campus, entre outros.

Senhoras em uma sala de aula utilizando computadores; em primeiro plano, mulher auxilia uma aluna
Curso de LibreOffice (uma suíte Office) para uma turma de "melhor idade" / Crédito: Bolsistas PESL

Os sistemas Linux são gratuitos e mais “leves”, pois requerem menos memória e capacidade de processamento. Logo, tornam-se a ferramenta ideal para recolocar em funcionamento computadores antigos. Desse modo, podem proporcionar às camadas mais carentes da população a possibilidade de ter um computador funcional em seus lares.

Uma das facetas da revolução digital atual é a programação. Para os cursos de introdução, foi feita a escolha pelo Python como linguagem de entrada para o estudo de lógica de programação pelos motivos abaixo:

1. é uma linguagem de programação de código aberto, disponível gratuitamente em várias plataformas (Android, Linux, Windows, etc.); e
2. possui uma curva de aprendizagem mais suave, e seus comandos podem ser interpretados em um terminal.

A ideia do software livre ainda vai além, sendo empregada em outros ramos, como a popularização da chamada “computação física”, utilizando uma plataforma chamada Arduino. Nesse conceito, temos:

1. o uso de computação e eletrônica (sensores e atuadores) na prototipação de objetos físicos para interação com seres humanos;
2. comportamento implementado por software; e
3. utilização de microcontroladores.

Com uma placa extremamente simples e usando uma interface de programação, é possível controlar o comportamento para qualquer projeto de hardware e automação. Dessa forma, vemos que duas facetas interessantes do software livre podem possibilitar, com baixos custos e mais liberdade, o ensino de duas componentes importantes da revolução digital atual: a robótica e a programação, voltando-se para a formação profissional e pessoal da comunidade.

*Docente do Campus Diadema e coordenador do Programa de Educação em Software Livre (PESL-Diadema) da Unifesp

As opiniões expostas nos artigos são de responsabilidade do(a) autor(a) e não expressam a posição oficial da universidade

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