Por Alexandre Milanetti
Realizada entre os dias 30 de novembro de 12 de dezembro em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP28) contou, nesta edição, com a presença in loco de três professores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): João Alberto Alves Amorim e Osmany Porto de Oliveira, docentes do Departamento de Relações Internacionais da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios (Eppen/Unifesp) - Campus Osasco; e Ronaldo Adriano Christofoletti, docente do Departamento de Ciências do Mar do Instituto do Mar (IMar/Unifesp) - Campus Baixada Santista. Cerca de 100 mil pessoas participaram deste evento global.
João Amorim participou da COP28 na qualidade de observador oficial da sociedade civil, credenciado junto ao secretariado da Conferência pelo grupo da Casa Comum da Humanidade, organização da sociedade civil, integrada por pesquisadores(as), intelectuais e docentes de diversos países, que está sediada na Universidade do Porto (Portugal). Já os professores Ronaldo Christofoletti e Osmany Porto estiveram presentes à conferência por meio da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Além de acompanhar as principais reuniões na Blue Zone e diversos eventos paralelos, na qualidade de observador, pude também acompanhar a publicação de relatórios e declarações de diversas organizações internacionais e países. A COP28 já começou envolta em polêmicas, e se revelou como sendo a reunião da convenção do clima com a maior presença oficial, registrados como delegados, de lobistas da indústria dos combustíveis fósseis. Foi a primeira conferência do clima em que o presidente da conferência era, ele próprio, CEO de uma das maiores empresas petrolíferas do mundo”, analisou João Amorim.
Osmany Porto acompanhou as atividades relacionadas às cidades durante o evento mundial. “Há uma reivindicação antiga dos governos subnacionais para maior participação nos processos de deliberação das Nações Unidas. As cidades estiveram presentes na agenda oficial e em diversas atividades paralelas. O papel das cidades é muito importante para as políticas de adaptação e mitigação às mudanças climáticas. De acordo com as Nações Unidas, mais de 50% da população global vive hoje em cidades. Quando um evento extremo climático afeta uma cidade, como as fortes chuvas de fevereiro no litoral norte de São Paulo, as autoridades locais precisam agir com rapidez, para minimizar os danos às pessoas. Este é um dos argumentos utilizados para que haja maior participação das cidades na agenda oficial e nas deliberações durante as COP’s. As cidades brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro, bem como o Governo Federal, por meio do Ministério das Cidades, foram muito ativos durante o evento”, avaliou Porto.
O programa Maré de Ciência, da Unifesp, em parceria com Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação (MCTI) e Unesco, participou da COP 28 em quatro painéis que debateram os impactos da crise climática no oceano e os esforços necessários entre os diferentes níveis do governo e setores da sociedade frente a essa ameaça. Durante a conferência, os 195 países participantes avaliam como está o cumprimento do Acordo de Paris, e o Maré de Ciência se somou ao debate para destacar o papel da cultura oceânica nesta agenda. Isso porque as cidades costeiras estão na linha de frente dos impactos das mudanças climáticas e precisam ser resilientes e adaptadas para a proteção da vida humana e manutenção dos serviços ecossistêmicos. "Entender o papel da ciência e da educação desde a primeira infância no combate às mudanças climáticas é essencial para formar a geração de líderes que atuam pela sustentabilidade", explicou Ronaldo Christofoletti, coordenador do programa Maré de Ciência.
Osmany Porto destacou que participar de um evento como a COP28 é extremamente importante para o ensino das Relações Internacionais, sobretudo nas disciplinas que ele ministra na Unifesp, que são Análise de Política Externa e Difusão de Políticas e Cooperação para o Desenvolvimento. “Entender o modus operandi de megaeventos globais como a COP são fundamentais para complementar as teorias ensinadas nas disciplinas, combinando abstração e empiria. Apresentar os detalhes do evento em sala de aula ajuda a ilustrar a complexidade da governança global”, apontou o professor da Eppen.
Já seu colega e professor do mesmo departamento no Campus Osasco, João Amorim teceu críticas na avaliação final dele sobre a COP28: “os resultados desta reunião, na minha opinião, foram pífios e decepcionantes. Inclusive em relação à polêmica e à demora na aprovação da declaração final, bem como em relação ao seu conteúdo”.
As próximas Conferências do Clima das Nações Unidas serão realizadas no mês de novembro, respectivamente, no ano de 2024 em Baku (Azerbaijão - COP29) e no ano seguinte em Belém (Pará, Brasil - COP30).