Quarta, 17 Janeiro 2024 13:23

Projetos da Unifesp na área de próteses e órteses recebem apoio do CNPq

Juntas, verbas para o desenvolvimento das propostas alcançam R$ 675 mil

Dois projetos do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (ICT-Unifesp), campus de São José dos Campos, foram aprovados e receberão importante aporte financeiro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ambos estão relacionados à inovação e desenvolvimento de próteses e órteses e contam com a parceria de universidades de dentro e fora do Brasil.

O primeiro projeto que teve o apoio do CNPq aprovado foi Órteses de membro superior para reabilitação pós-hospitalar de indivíduos com sequelas de Acidente Vascular Cerebral (AVC): Planejamento virtual de produção com uso da manufatura aditiva e capacitação técnica na área - chamada Nº 21/2023 do CNPq - Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva -, que deve receber aporte no valor de R$ 570 mil.

Com realização prevista de janeiro de 2024 a dezembro de 2025, o projeto teve como motivação dar resposta aos desafios emergentes relacionados ao aumento significativo de casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) pós- pandemia, que atualmente afeta mais de 100 milhões de indivíduos globalmente. “O Brasil, em particular, observou um alarmante crescimento nos casos entre adultos jovens, entre 30 e 39 anos, resultando em deficiências motoras permanentes. O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta muitos obstáculos para atender pacientes pós-AVC, como a carência de órteses de membro superior devido a restrições orçamentárias, complexidades nas prescrições médicas e escassez de profissionais especializados. É nesse contexto que o projeto mostra sua relevância”, destaca a professora Dra Maria Elizete Kunkel, do ICT-Unifesp e coordenadora da pesquisa.

A ideia é propor uma abordagem inovadora para aprimorar a reabilitação pós- AVC, focando na produção de órteses personalizadas de membro superior por meio de tecnologias de saúde 4.0. “Nos inspiramos no sucesso da fabricação de próteses de membro superior que são doadas pelo Programa de Extensão Mão3D da Unifesp, para, assim, desenvolvermos um protocolo de produção de órteses, integrando-o ao SUS. O objetivo é melhorar a qualidade de vida dos sobreviventes de AVC, otimizando o tratamento pós-hospitalar oferecido pelo SUS pela criação e planejamento virtual de produção de órteses estáticas e dinâmicas para membros superiores”, explica Maria Elizete. O projeto será executado com a cooperação da Universidade do Vale da Paraíba (UNIVAP), Universidad de La Frontera do Chile (UFRO) e a Universidade Rainha Njinga a Mbandi ((URNM), em Angola, na África.

Além de melhorar a qualidade de vida do paciente, o projeto também contempla treinamento para que profissionais da área possam implementar esse tipo de desenvolvimento. “Dessa forma, conseguimos não apenas uma solução prática para as limitações atuais, como também contribuir significativamente para a ciência da reabilitação, integrando avanços tecnológicos com necessidades clínicas prementes”, ressalta a coordenadora.

Os ensaios clínicos serão realizados com voluntários, pacientes pós-AVC atendidos pelo SUS, sob a supervisão da equipe de fisioterapia do Centro de Práticas Supervisionadas da UNIVAP para validar a eficácia dessas órteses. O treinamento de profissionais vai incluir uso de metodologia ativa com auxílio de inteligência artificial da URN e será implementado pela equipe da Unifesp na universidade africana URNM.

Interdisciplinaridade e inovação

O segundo projeto aprovado pelo CNPq é Inovação em próteses e órteses com aplicação de biomimética e técnicas de manufatura aditiva: Uma abordagem interdisciplinar para a educação e produção aditiva e capacitação técnica na área - chamada Nº 14/2023 - Apoio a Projetos Internacionais de Pesquisa Científica, Tecnológica e de Inovação -, no valor de R$ 105 mil, sob a mesma coordenação da professora Maria Elizete Kunkel.

Neste, o objetivo é avançar ainda mais nesse nicho de atendimento, desenvolvendo novos modelos de próteses e órteses através da aplicação de ferramentas da Indústria 4.0 e métodos inovadores de formação de recursos humanos.

“A última década testemunhou avanços notáveis na aplicação da manufatura aditiva e da biométrica no desenvolvimento de próteses e órteses personalizadas, promovendo dispositivos mais leves e acessíveis. Nesse contexto, nosso grupo de Biomecânica e Tecnologia Assistiva da Unifesp se concentra na exploração da manufatura aditiva para próteses de membros superiores e outras partes anatômicas”, afirma a professora e coordenadora do projeto.

O caráter interdisciplinar do projeto reúne especialistas em engenharia, comunicação e biomimética, visando a execução de um amplo programa, estabelecendo uma ponte entre ensino, pesquisa e extensão, com uma notável articulação internacional.

“A metodologia abrange o design thinking e ferramentas de modelagem 3D, simulação e fabricação dos dispositivos envolvendo estudantes do Programa de Mestrado e Doutorado Profissional em Inovação Tecnológica da Unifesp.

Uma metodologia de ensino específica será elaborada com a Universidad de La Frontera (UFRO), incorporando avaliações de competência inovadoras e feedback em tempo real, com o auxílio de inteligência artificial, e será implementada com estudos do curso de graduação de Bionik da faculdade Westfälisches Hochschule, na Alemanha.

Os resultados esperados serão divulgados por meio de um programa específico de divulgação científica elaborado com auxílio de docentes da Unifesp e de pesquisadores da Universidade Federal do Sul e Sudoeste do Pará (Unifesspa) para uma melhor compreensão da sociedade, incluindo a elaboração de livro de crônicas e um podcast.

“São resultados que certamente demonstram o potencial impacto positivo do projeto, além dos domínios científico, social e humano, destacando a importância da colaboração interdisciplinar na inovação e avanço tecnológico no campo das próteses e órteses”, conclui Maria Elizete.

 

Lido 587 vezes Última modificação em Sexta, 09 Fevereiro 2024 11:31

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