Projeto Vida Trans Viva
Pesquisa realizada pelo CAAF e pelo Núcleo TransUnifesp parte da Antropologia Forense para investigar homicídios contra pessoas trans.
O Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), junto ao Núcleo de Estudos, Pesquisa, Extensão e Assistência à Pessoa Trans “Professor Roberto Farina” (Núcleo TransUnifesp) iniciou uma pesquisa que busca investigar, a partir dos princípios da Antropologia Forense, os assassinatos cometidos contra pessoas trans na Grande São Paulo, no período entre 2017 e 2019. A pesquisa é coordenada por Marília Calazans (CAAF) e Denise Leite Vieira (Núcleo TransUnifesp). Entre os objetivos, estão compreender a dinâmica dos crimes; identificar o papel de instituições e órgãos de governo na (sub)notificação dos homicídios; analisar como as narrativas da mídia se referem às pessoas trans; e analisar o impacto social e familiar gerado pelos assassinatos.
Segundo o coordenador do CAAF, Edson Teles, a pesquisa parte do pressuposto de que parte importante da violência em nossa sociedade ocorre a partir da produção de corpos vulnerabilizados, os quais sofrem os crimes sem qualquer motivo, apenas por existirem. “A importância de entender os homicídios de pessoas Trans é a de compreender os espaços, as formas, os horários, a reação das instituições do Estado, entre outros dados, de modo que nos permita colaborar com a elaboração de políticas públicas que evitem este tipo de ocorrência e de ações de reparação e justiça”.
Denise Vieira afirma que há ainda o potencial de legitimar dados produzidos por essas associações, que são frequentemente questionados, porque além do desrespeito e da invisibilização das identidades trans, não há notificação consistente sobre assassinatos por crimes de ódio “O sistema apaga a vida e também a morte de pessoas trans, negando-lhes o direito à dignidade e à memória. Quem se importa com corpos e identidades dissidentes?”, questiona.
Para Bruna Benevides, autora da pesquisa anual "Dossiê da violência e do assassinato contra pessoas trans brasileiras" desde 2017, “Vidas trans importam vivas”. A também pesquisadora do CAAF explica que pesquisar as mortes dessas pessoas é um caminho para lutar pela vida.
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