10.ª Edição do Congresso Acadêmico Unifesp

Evento é parte integrante as celebrações dos 30 anos da universidade 

Escrito por José Luiz Guerra

Raiane Assumpção durante a abertura do 10º Congresso Acadêmico Unifesp
Raiane Assumpção durante a abertura do 10º Congresso Acadêmico Unifesp

A 10.ª edição do Congresso Acadêmico Unifesp teve início na manhã desta segunda-feira (30/9), em uma cerimônia marcada pela diversidade, pela memória dos 30 anos da Universidade e pelo debate acerca das Ações Afirmativas nas Universidades.

Coral Unifesp se apresentando durante o 10º Congresso Unifesp
Coral Unifesp se apresentando durante o 10º Congresso Unifesp

Estiveram presentes na reunião a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, a vice-reitora, Lia Bittencourt, o chefe de Gabinete, Dan Levy, pró-reitores(as) titulares e adjuntos, diretores(as) de campi, docentes, estudantes de graduação e pós-graduação, servidores técnicos(as) administrativos(as) em educação, além de representantes da sociedade civil e da participação de cerca de duas mil pessoas que acompanhou a transmissão de forma remota.

O cerimonialista Márcio Hollosi apresentou o evento em Libras
O cerimonialista Márcio Hollosi apresentou o evento em Libras

O evento começou com a apresentação do Coral Unifesp, regido pelo Maestro Eduardo Fernandes, que interpretou músicas de Chico Buarque. O cerimonial foi conduzido por Márcio Hollosi, docente da Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (EFLCH/Unifesp) - Campus Guarulhos, que apresentou o evento utilizando a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

A reitora, Raiane Assumpção, discursando durante o evento
A reitora, Raiane Assumpção, discursando durante o evento

A reitora da Unifesp fez a abertura do evento agradecendo a presença de todos(as) e celebrou o dia da(o) secretária(o), comemorado em 30 de setembro, mesma data de início do congresso. “As atividades finalísticas de ensino, pesquisa, extensão e inovação são a missão maior da nossa universidade, mas para que isso seja realizado nós temos inúmeras ações e atividades que são realizadas pelas áreas-meio e as(os) secretárias(os) fazem parte dessa tarefa cotidiana que permite que a nossa agenda seja realizada. Por isso, deixo o nosso reconhecimento”. Raiane também agradeceu a presença dos componentes da mesa de abertura, dos intérpretes de libras e dos presentes, de forma presencial ou remota.

“O congresso Acadêmico da Unifesp completa dez anos de existência cumprindo a missão de congregar e dialogar, tanto internamente como externamente, com o conjunto da comunidade científica e com a sociedade em geral, colocando a produção acadêmica, científica e cultural da nossa comunidade a serviço da população e, ao mesmo tempo, provocando para que essa produção seja cada vez mais ampliada e esteja a contento ou cumprindo a sua missão de ampliação deste conhecimento”, comentou a reitora. Lembrou que o congresso acadêmico é o evento mais importante do ano na instituição e que neste ano faz parte do conjunto das comemorações dos 30 anos da Unifesp. “São três décadas de compromisso com a educação de qualidade, a pesquisa inovadora e a extensão universitária transformadora. Ao longo desses anos, a Unifesp se consolidou como uma das principais universidades do Brasil, reconhecida por sua excelência acadêmica e por seu papel fundamental no desenvolvimento científico e social do nosso país,” completou.

A reitora destacou que a Unifesp é responsável por 57 cursos de graduação, 71 de pós-graduação e mais de 600 projetos e programas de extensão, além de mais de 100 programas de residência médica, multi e uniprofissional, sendo responsável também pela formação de mais de 3.500 profissionais todos os anos. “A Unifesp é constituída por estudantes, técnicos(as) e docentes de sete campi, que se organizam mais uma vez para mostrar sua produção que ocorre dentro e fora da universidade e é feita com e para a sociedade brasileira. Raiane também agradeceu à comissão organizadora do congresso, equipes técnicas e de apoio. A reitora finalizou seu discurso manifestando sua emoção de participar de mais uma abertura do congresso acadêmico, que materializa o significado da universidade pública, em defesa da vida digna e da democracia.

A pró-reitora de Graduação, Ana Gouw, discursou representando os(as) pró-reitores(as)
A pró-reitora de Graduação, Ana Gouw, discursou representando os(as) pró-reitores(as)

Representando os(as) pró-reitores(as) a pró-reitora de Graduação, Ana Gouw, lembrou que o congresso teve início com diversos programas de bolsas, que foi tomando corpo e se consolidando, tornando-se o maior evento da instituição. “Nesses 10 anos, o congresso passou por diversos formatos e mudanças, desde totalmente presencial no campus São Paulo, até totalmente remoto durante a pandemia e, posteriormente, no formato híbrido, mas em todos eles a comunidade fez questão de apresentar os seus trabalhos e celebrar suas conquistas”, comentou. A pró-reitora classificou o congresso como um local de refúgio, por sair da rotina das aulas e do dia a dia, permitindo trocar com colegas de outros campi

O diretor do Campus Baixada Santista, Odair Aguiar Jr, discursou representando os(as) diretores(as)
O diretor do Campus Baixada Santista, Odair Aguiar Jr, discursou representando os(as) diretores(as)

Odair Aguiar Jr. representou os(as) diretores(as) de campi e relembrou o compromisso assinado pela comunidade em 2004, no sentido de aumentar o número de vagas na graduação, ampliando o território de abrangência nas áreas do conhecimento do ensino e na pesquisa. “Embarcarmos no esforço de uma nação disposta a diminuir o déficit de vagas públicas no ensino superior como sistema Federal de ensino. Hoje, levando em conta as 69 universidades, saltamos de 592 mil matrículas na graduação 2004 para 1 milhão, 344, em 2022, ano do último censo da educação, praticamente triplicando essa quantidade”, comentou. O diretor do Campus Baixada Santista destacou também que, em razão da exclusão dos mais pobres das universidades, também era preciso garantir a permanência desses(as) estudantes. Ainda sobre o acesso estudantil, lembrou que a Unifesp é responsável por uma das primeiras licenciaturas interculturais indígenas no país e que o legado da inclusão deve permanecer para as próximas gerações.

diane Cristina da Silva, superintendente de TI, representando a comissão organizadora do congresso
Lidiane Cristina da Silva, superintendente de TI, representando a comissão organizadora do congresso

Representando a comissão organizadora, Lidiane Cristina da Silva, que também é superintendente de TI, destacou que o congresso é um marco pelas comemorações dos 30 anos da Unifesp, período totalmente dedicado à construção do conhecimento, formação de profissionais e desenvolvimento da sociedade. “O tema central do Congresso: 30 anos - Incluir, inovar e fortalecer reflete o compromisso da Unifesp com uma sociedade justa, inclusiva e sustentável, e pela primeira vez podemos registrar esses valores nos trabalhos que estão sendo apresentados neste ano, já que cada autor(a) pode escolher em quais objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) seu trabalho se enquadra”. A superintendente convidou a toda a comunidade a conhecer os trabalhos por meio da plataforma, além de conferir a programação que os campi se propuseram a fazer, “Hoje não celebramos apenas o nosso passado, mas também o nosso presente e nosso futuro, olhando para trás, reconhecendo a todos os que contribuíram com essa história, e para frente, sempre com esperança, certos(as) de que a Unifesp continuará construindo seu caminho de excelência,”

Lidiane destacou ainda o trabalho dos(as) TAEs envolvidos(as) no processo. “Para reconhecimento dessa história, a importância de nós, técnicos(as) administrativos(as) em educação, não poderia passar despercebida, pois são eles(as) que garantem o funcionamento da nossa universidade. Os(as) técnicos(as) são a espinha dorsal da universidade e, por isso, em nome dessa coordenação, deixo registrado aqui o reconhecimento pelo trabalho de vocês e hoje, no dia 30 de setembro, também especial às nossas secretárias e secretários”. A superintendente de TI também agradeceu às comissões centrais e locais pelo trabalho árduo para permitir que mais de 2 mil trabalhos fossem apresentados em apenas três dias.

Matheus Braga Barnabé, representante dos(as) pós-graduandos(as)
Matheus Braga Barnabé, representante dos(as) pós-graduandos(as)

Matheus Braga Barnabé, mestrando em Neurociências e presidente da APG, representou os(as) pós-graduandos(as) e iniciou seu discurso agradecendo pela oportunidade de participar da solenidade e destacando a importância da ciência no cotidiano das pessoas, em especial durante o período da pandemia e em um cenário de pouco investimento. “Quantas vezes, desde o momento em que vocês acordaram, foram impactados pela ciência? Seja usando o celular ou usando uma medicação? O Brasil é um país rico em diversidade e recursos, mas o quanto estamos fazendo com esse potencial? É através da ciência que podemos transformar esse potencial em realidade”. Barnabé destacou que cada projeto que será apresentado no congresso destaca o papel fundamental da ciência, tecnologia e inovação e fez um apelo por mais investimentos na ciência e tecnologia nacional. “Um país sem ciência é um país sem futuro”, complementou.

Bel Moretti Aly, estudante do curso de enfermagem da EPE/Unifesp, representando os(as) estudantes
Bel Moretti Aly, estudante do curso de enfermagem da EPE/Unifesp, representando os(as) estudantes

Bel Moretti Aly, estudante do curso de enfermagem da EPE/Unifesp, agradeceu a oportunidade de poder representar os(as) estudantes e celebrou a aprovação das cotas trans na universidade e lembrou que a população trans é, historicamente, oprimida, segregada e tem acesso ao ensino superior dificultado e que a permanência estudantil também deve ser fortalecida. “A permanência vai ser sempre um tema recorrente na nossa universidade, não somente porque agora ele está em evidência, mas também porque as políticas de permanência são uma dívida que a universidade e o governo tem com os estudantes para que a gente possa estar aqui fazendo o nosso melhor e garantindo a pesquisa de qualidade e uma educação de qualidade para nós”. Também reforçou a necessidade do letramento institucional voltado ao tratamento da pessoa trans, a ampliação e expansão de iniciativas que já existem na universidade para todos os campi, como banheiros sem gênero e o apoio do Núcleo TransUnifesp.

Jibran Yopopem Patte, representante da sociedade civil 
Jibran Yopopem Patte, representante da sociedade civil 

Por fim, representando a sociedade civil, Jibran Yopopem Patte, membro da Articulação Brasileira de Serviço Social e Povos Indígenas e do grupo de trabalho para debater a inclusão dos estudantes indígenas na Unifesp, falou a respeito da relação da Unifesp com o tema. “Nossa presença na universidade sempre foi muito dificultada, mas a gente conseguiu através da nossa discussão, da nossa participação e do nosso enfrentamento, um espaço para debater a presença na Universidade. A gente sempre falou que a universidade precisa ser democrática, recebendo as pessoas que, historicamente, no nosso país, sempre foram marginalizadas. E esse ano fomos presenteados com a presença dos indígenas na oniversidade", comentou Patte, referindo-se à Licenciatura Intercultural Indígena, que é oferecida no Campus Baixada Santista, voltada a professores(as) indígenas em exercício na educação básica em classes regulares, multisseriadas ou vinculadas de escolas indígenas pertencentes à rede estadual de ensino de São Paulo. Patte também agradeceu à gestão por abrir a possibilidade de iniciar as discussões que culminaram na criação de processo seletivo específico para população indígena, a partir de 2025, para os cursos do Campus Baixada Santista.

Homenagem aos 30 anos da Unifesp

Após a cerimônia de abertura do evento, foi realizada uma mesa de debates em homenagem aos 30 anos da instituição. Estiveram presentes a professora do Departamento de Psicobiologia da EPM/Unifesp, Maria Lucia Formigoni, que também preside o Instituto de Estudos Avançados e Convergentes (IEAC) e a Comissão dos 30 anos da Unifesp, os(as) servidores(as) técnicos(as) administrativos(as) em Educação Pablo Nepomuceno e Maria José Conceição dos Santos e as docentes Marcia Nagaoka e Marisa Sacaloski.

Maria Lucia Formigoni (ao centro) falando durante a mesa em homenagem aos 30 anos
Maria Lucia Formigoni (ao centro) falando durante a mesa em homenagem aos 30 anos

Formigoni iniciou a mesa relatando sua experiência na universidade, relembrando que presenciou o início do processo de discussões para tornar a Escola Paulista de Medicina em Universidade Federal de São Paulo, inicialmente na área da saúde. A docente, que ingressou no curso de Biomedicina em 1976, ainda na EPM, comentou que, ao longo do processo de discussão da criação da Unifesp, vivenciou os debates entre manter-se como uma escola voltada para área da saúde ou tornar-se uma universidade plena. “A universidade de hoje é fruto de um projeto bem-sucedido e aqueles(as) sonhadores(as) de 1994 estavam certos em apostar que nós ganharíamos muito com a criação e que hoje nós temos uma universidade plena, com todas as áreas de conhecimento”, comentou.

Pablo Nepomuceno ingressou na Unifesm em 1994 como graduando do curso de Fonoaudiologia
Pablo Nepomuceno ingressou na Unifesm em 1994 como graduando do curso de Fonoaudiologia

Pablo Nepomuceno entrou na Unifesp em 1994 como graduando no curso de Fonoaudiologia e relatou sua experiência em fazer parte da primeira turma do curso, já como Unifesp o que, segundo ele, foi motivo de muito orgulho. “A possibilidade da Escola Paulista de Medicina se tornar Universidade Federal de São Paulo, em um primeiro momento, ao menos para os discentes, causou certo temor, mas foi um desafio necessário e, hoje, de forma inquestionável, é entendido por todos como bem-vindo. Estamos todos(as) aqui felizes e orgulhosos(as) por fazermos parte da Unifesp", comentou.

Marcia Nagaoka, atualmente professora do Campus Baixada Santista, entrou na Unifesp como mestranda em 1994
Marcia Nagaoka, atualmente professora do Campus Baixada Santista, entrou na Unifesp como mestranda em 1994

“Eu entrei no mestrado em 1994 na Escola Paulista de Medicina e saí com título de mestre pela Unifesp, então eu poderia ter dois diplomas”, brincou Marcia Nagaoka. Anos mais tarde, prestou concurso público e ingressou como uma das primeiras docentes do Campus Baixada Santista e pôde vivenciar um projeto pedagógico completamente novo, marcado pela interdisciplinaridade, não só no projeto pedagógico, mas também no processo administrativo. “Tenho orgulho de estar na Unifesp, em um campus novo, e tenho muita emoção de ter participado dessa história na minha pós-graduação aqui na Unifesp, mas também de participar da história que estamos construindo. Não posso deixar de agradecer a quem me trouxe até aqui, meus orientadores, Maria Kouyoumdjian e Durval Rosa Borges, mas também a grupos de colegas docentes que estão envolvidos em áreas de gestão, como o professor Odair Aguiar Jr, diretor Campus Baixada Santista, e a vice diretora do ISS/Unifesp, Gláucia de Castro-Champion. Essa continuidade da história para mim é bastante importante e eu agradeço a todos”.

Marisa Sacaloski ingressou no mestrado em Fonoaudiologia na Unifesp em 1994 e hoje é docente da instituição
Marisa Sacaloski ingressou no mestrado em Fonoaudiologia na Unifesp em 1994 e hoje é docente da instituição

Filha de operários e a primeira da família a ingressar em uma instituição pública de ensino superior, Marisa Sacaloski comentou que entrou no curso de Fonoaudiologia em 1987, muito antes de se falar em Unifesp e encontrou uma instituição ainda com poucos serviços para estudantes. Em 1994, ano de criação da universidade, ingressou no mestrado e retornou à instituição em 2019, como docente efetiva. Desde então começou a participar ativamente das atividades na área de acessibilidade e inclusão, da criação da câmara de mediação e presenciou conquistas como a maior participação de estudantes nos colegiados e a implantação de cotas Trans na instituição, mas entende que ainda há possibilidade de melhorias. “Falta subsídio financeiro, falta pessoal, a participação de discentes e docentes precisa se fazer cada vez mais presente… mas isso que está acontecendo aqui hoje me dá esperança de que dias melhores sempre são possíveis, se a gente participar dessa construção, colocar as mãos na massa, arregaçar as mangas e, de fato, trabalhar para que a gente possa construir um modelo mais empático. Aqui somos todas, todos e todes Unifesp”, completou.

Maria José Conceição ingressou na Unifesp via concurso público em 1994
Maria José Conceição ingressou na Unifesp via concurso público em 1994

Finalizando a mesa, a servidora Maria José Conceição, que ingressou em 1994 por meio de concurso público, se encantou desde o início, pois era oriunda do movimento estudantil e a Unifesp discutia, naquele momento, a democratização e a autonomia universitária. Dez anos depois, em 2004, pôde acompanhar o início da expansão da universidade, inicialmente para o Campus Baixada Santista, no mesmo ano em que foi aprovado o Plano de Carreira dos Cargos Técnicos Administrativos em Educação (PCCTAE), sancionado em janeiro de 2005. Relembrou também de datas importantes, como a mudança da Reitoria para um prédio próprio, em 2011, a eleição de Soraya Smaili como a primeira mulher reitora em 2012 e a realização do 1º Congresso da Unifesp, que permitiu a apresentação de teses que contribuiriam com o novo Estatuto e Regimento Geral da Universidade, além da maior presença de mulheres em cargos de gestão. “A universidade se tornou, de fato, plural em todos os aspectos. Hoje temos mais duas mulheres nos cargos máximos da Unifesp, a professora Raiane e a professora Lia. Só tenho orgulho dessa universidade, pois como servidora, cresci muito como profissional”. Conceição finalizou agradecendo pela oportunidade de representar os TAEs na mesa e agradeceu à gestão pela indicação de seu nome para solenidade.

“Todos nós aqui amamos a nossa família, o nosso bairro, a nossa cidade, o nosso estado e o nosso país e na universidade também é mais ou menos dessa forma: termos um grande amor, uma grande identificação com as nossas escolas, como nosso campus, mas isso não nos impede de termos também um imenso orgulho por sermos Unifesp”, completou Maria Lucia Formigoni, finalizando a mesa.

Palestra sobre Ações Afirmativas nas Universidades: Lutas, Conquistas e Desafios

Após a abertura e as homenagens aos 30 anos da Unifesp, ocorreu a palestra Ações Afirmativas nas Universidades: Lutas, Conquistas e Desafios, ministrada por Nilma Lino Gomes, professora titular e emérita da faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que foi ministra do Ministério das Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos de 2015 a 2016, reitora da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) e atua ativamente nas áreas de diversidade, cultura e educação, relações étnico-raciais e educação, direitos humanos, políticas educacionais, desigualdades sociais e raciais, movimentos sociais e educação, com ênfase especial na atuação do movimento negro brasileiro.

Nilma Lino Gomes ministrou a palestra intitulada Ações Afirmativas nas Universidades: Lutas, Conquistas e Desafios
Nilma Lino Gomes ministrou a palestra intitulada Ações Afirmativas nas Universidades: Lutas, Conquistas e Desafios

Nilma ressaltou sua emoção em poder ministrar a palestra e por participar do congresso e das comemorações dos 30 anos da instituição. Ao longo da palestra, discorreu sobre a implementação das políticas de ações afirmativas para todas as populações, visando corrigir as desigualdades sociais. “Nosso histórico é colonial. Temos um capitalismo que nos devora, e essas desigualdades ainda demorarão muito tempo para serem corrigidas”. Reforçou ainda que as ações afirmativas devem ser transitórias, mas que só podem terminar quando a situação de desigualdade e exclusão que as provocou tiver terminado.

A pesquisadora chamou a atenção para a necessidade de um modelo de educação mais diverso e inclusivo, visto que 56% da população brasileira se considera negra, mas que a elite brasileira, em todos os setores da sociedade, é predominantemente branca. Segundo ela, as ações afirmativas na universidade permitem que a diversidade observada na sociedade brasileira esteja também nas universidades. “ E quanto mais diversidade, melhor a qualidade e a relação humana”. A pesquisadora também celebrou a iniciativa da Unifesp em discutir as ações afirmativas durante o congresso. “Na hora que temos uma possibilidade de, nos 30 anos da Unifesp, as pessoas virem aqui e falarem sobre essa diversidade e a gente ver essa diversidade circulando, imagina quão mais humanos nós nos tornamos no campo dos direitos humanos? Isso é muito forte!”, comentou.

Nilma Lino Gomes durante a palestra
Nilma Lino Gomes durante a palestra

Nilma concluiu a palestra reforçando a importância e a necessidade da educação como método de inclusão e diversidade. “O movimento negro educador, quando pensamos a educação e a educação superior, cobra de nós que sejamos, de fato, educadoras e educadores, pois mutas vezes somos pesquisadoras e pesquisadores e esquecemos que somos professoras e professores. E ao refletirmos sobre essa luta, devemos reafirmar o nosso compromisso com uma luta verdadeiramente democrática, inclusiva, transformadora, que reconheça a dignidade de todas as pessoas e que se comprometa com a equidade, luta contra o racismo e por justiça social”, completou.

A abertura do evento, a mesa em homenagem aos 30 anos da Unifesp e a palestra de Nilma Lino Gomes foram transmitidas na íntegra pelo Canal Unifesp Ao Vivo.

Fotos: Alex Reipert