Terça, 08 Mai 2018 14:29

Celina Turchi aborda em palestra descoberta sobre relação entre Zika vírus e microcefalia

Epidemologista e pesquisadora trouxe à Unifesp conferência sobre o trabalho que destrinchou o surto de microcefalia registrado no país

Por Valquíria Carnaúba

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A Unifesp sediou, no dia 27 de abril, palestra da epidemologista e pesquisadora do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães - Fiocruz Pernambuco Celina Turchi, responsável por comprovar a relação entre o Zika vírus e surto de microcefalia que atingiu, principalmente, o Nordeste brasileiro. Participaram da abertura Soraya Soubhi Smaili, reitora da Unifesp, Esper Abrão Cavalheiro, pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa, Arnaldo Lopes Colombo, professor titular da Disciplina de Infectologia do Departamento de Medicina da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp), Jair Mari, professor do Departamento de Psiquiatria (EPM/Unifesp), e Vera Murányi Kiss, presidente da Fundação Péter Murányi.

Smaili declarou que, em consonância com a relevância da descoberta, faz-se cada vez mais necessário acreditar nos cientistas brasileiros. “Ainda que passemos por um momento que já se apresenta com enormes desafios em relação ao futuro das pesquisas e da ciência em nosso país, são iniciativas como a de Celina Turchi que reforçam a necessidade de cada vez mais recursos para projetos que se submetam prioritariamente às demandas da sociedade”, comemorou.

O consenso entre os componentes da abertura foi que o prêmio Péter Murányi 2018 é uma conquista da ciência brasileira. “O Zica vírus não afeta somente o Brasil, mas a resposta foi brasileira”, afirmou a presidente da fundação. O pró-reitor de Pós-Graduação e Pesquisa frisou ainda a qualidade da ciência nacional que se revela a cada pesquisa como a de Turchi. Já Colombo encerrou a mesa de abertura apontando os caminhos que se abrem a partir da descoberta. “O discernimento das questões envolvendo o Zika vírus auxiliará na elaboração de estratégias de contenção e prevenção do problema”, afirmou o infectologista da Unifesp.

Turchi destacou os antecedentes da descoberta. “A pesquisa remonta ao que se sabia sobre o Zika vírus desde a década de 1940. Na época, um pesquisador da Fundação Rockefeller, investigando a febre amarela em uma área da Uganda, estabeleceu que existia uma zoonose que causava febre em macacos, levando a ciência a considerar a ação do vírus apenas uma curiosidade médica. Durante os 70 anos que se sabia da existência do vírus, até a epidemia que ocorreu nas Américas, o mesmo era considerado de menor importância”, relembra.

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Premiação e relevância à saúde pública

O trabalho de Celina Turchi e de sua equipe, o Grupo de Pesquisa da Epidemia de Microcefalia (Merg), resultou no primeiro lugar do Prêmio Péter Murányi 2018, edição Saúde. Esses pesquisadores acompanharam, de janeiro a novembro de 2016, a gestação de mulheres atendidas em oito maternidades públicas do Estado de Pernambuco. Durante o período, 32 recém-nascidos foram diagnosticados com microcefalia. Testes laboratoriais apontaram a presença de infecção por Zika vírus em 13 deles.

Os resultados apontados pelo grupo de estudos, chefiado por Turchi, permitiram que fossem criadas medidas de combate ao mosquito transmissor do Zika vírus por parte do poder público, como a distribuição de repelentes para grávidas moradoras de áreas de risco para a doença e o acompanhamento das crianças portadoras de microcefalia, bem como auxiliaram na análise clínica das infecções.

 

Lido 10700 vezes Última modificação em Quinta, 03 Janeiro 2019 12:54

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