Quinta, 20 Outubro 2016 12:25

Moção do Consu contra a PEC 55

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), por meio de seu Conselho Universitário, manifesta sua posição contrária à aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 55 (PEC/55, antiga PEC 241), em especial ao congelamento das despesas governamentais em Educação, Saúde, Ciência, Tecnologia e Inovação. Se aprovada, a PEC/55 representará a estagnação por 20 anos no crescimento e desenvolvimento social, econômico e intelectual do Brasil, uma vez que os futuros excedentes de receita não poderão ser investidos no próprio país, mas serão preponderantemente utilizados para pagamento de juros a rentistas do sistema financeiro.

De acordo com nossos próprios cálculos a partir de dados extraídos do Portal Transparência, se a PEC/55 tivesse sido aprovada em 2005, no período entre 2005 e 2015 a Unifesp teria deixado de receber R$ 1,354 bilhão em sua execução financeira, que inclui pagamento de contas correntes, aquisição e manutenção de material permanente, execução de obras e despesas com pessoal. 

Os cálculos aplicados ao Ministério da Educação apontam uma perda de cerca de R$ 244 bilhões no mesmo período. Já o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação teria recebido R$ 24,1 bilhões a menos. Por fim, a perda do Ministério da Saúde teria sido de R$ 92,5 bilhões. Somadas, as perdas apenas para esses três ministérios seriam de R$ 360,6 bilhões.

Os recursos investidos na Educação, Saúde e Ciência, Tecnologia e Inovação, além de serem fundamentais ao bem-estar da sociedade, efetivamente circulam na economia nacional, geram empregos e beneficiam diretamente milhões de brasileiros. Tratam-se de investimentos contracíclicos à crise que se revertem em ganhos monetários e sociais.

Contudo, no caso das universidades públicas o maior prejuízo, virtualmente impossível de ser calculado, seria a perda de milhares de alunos que não teriam cursado o ensino superior de elevada qualidade, muitos deles os primeiros de toda a história de sua família. Além disso, um sem número de pesquisas científicas e de projetos de extensão que contribuíram para o bem-estar da sociedade não teriam existido. Haveria maior desemprego, pois com universidades com menos recursos a demanda por trabalhadores diretos e indiretos também é menor.

A PEC/55 representa a mais séria ameaça a todas as históricas conquistas sociais e econômicas do povo brasileiro. Representam medidas mais afinadas à lógica de desenvolvimento social e à verdadeira responsabilidade para com o povo brasileiro a adoção do firme combate à sonegação fiscal, da redução de perdas por corrupção, da revisão do sistema tributário e a auditoria da dívida pública. Tais medidas, por si só, muito provavelmente resolveriam a situação de déficit fiscal do país e não levariam o Brasil ao risco de permanecer em estado vegetativo por duas décadas, impactando de forma irreversível gerações de brasileiros.

Universidade Federal de São Paulo
Conselho Universitário
São Paulo, 19 de outubro de 2016 

 

 

Lido 13732 vezes Última modificação em Quinta, 08 Dezembro 2016 10:42

Mídia