Nota de esclarecimento sobre a situação do Hospital São Paulo
Universidade se posiciona a respeito dos comentários do ministro da Saúde, Ricardo Barros
Em resposta aos comentários do ministro da Saúde, Ricardo Barros, nesta segunda-feira (24/4), a veículos da imprensa, o Conselho Gestor do Hospital São Paulo (HSP/HU/Unifesp) vem a público fazer alguns esclarecimentos.
A direção do HSP/HU/Unifesp demonstrou, por meio de documentos e registros, que o custeio do hospital tem sido insuficiente para o atendimento que vem realizando, em especial nos últimos cinco anos, quando houve um crescimento de 58,9% no atendimento e não houve aumento nos recursos do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Programa Nacional de Reestruturação dos Hospitais Universitários Federais (Rehuf).
Temos informado que nosso orçamento atual está aquém da sua capacidade atual de atendimento, hoje em 753 leitos, 130 ambulatórios, 95 especialidades, pronto-socorro de portas abertas e atendimento de alta complexidade. O HSP/HU/Unifesp também é o hospital de ensino dos 1.107 residentes médicos e mais de 500 residentes multiprofissionais das escolas Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) e Paulista de Enfermagem (EPE/Unifesp), além de, nele, serem realizadas pesquisas clínicas que beneficiam milhares de pacientes em áreas como a Oncologia, transplantes, diabetes, Cardiologia minimamente invasiva, Neurologia e Neurocirurgia, entre outras. As diretorias das escolas ressaltam a importância do HSP/HU/Unifesp para o ensino de alta qualidade que é desempenhado e que se configura plenamente como hospital universitário.
O Conselho Gestor do HSP/HU/Unifesp protocolou, em duas ocasiões, - dezembro 2016 e março de 2017 – junto ao Ministério da Saúde, uma vasta documentação comprovando os atendimentos e seu caráter de ensino com mais de 90% de atendimento gratuito pelo SUS. A documentação também fundamentou a solicitação de um acrescimento de 1,5 milhão de reais ao mês, que será fundamental para manter o fornecimento de insumos.
Sobre os gastos e custos do HSP/HU/Unifesp, mencionados pelo ministro, o Conselho Gestor informa que o hospital não recebe mais do que outras instituições de mesmo porte e complexidade e que não apresenta gastos excessivos com a “máquina”.
Um plano de ação da gestão já vem sendo aplicado, ao longo dos últimos oito meses, visando diminuir os custos administrativos, bem como otimizar contratos e manutenção. Mesmo assim, não tem sido possível acompanhar a inflação, dissídios e custos de funcionamento que só aumentaram. Salientamos que, dentre as ações de médio prazo a serem desenvolvidas no decorrer deste ano, incluímos: a) alinhamento entre as esferas federal, estadual e municipal sobre a importância do HSP/HU/Unifesp no atendimento à cidade e ao Estado de São Paulo; b) diagnóstico detalhado visando ações de médio prazo e eixos de sustentabilidade para os próximos anos; c) fortalecimento das instâncias de decisão, em especial do Conselho Gestor, e estruturação e aperfeiçoamento do modelo de governança acadêmico-administrativo; d) treinamento e dimensionamento de quadros, de acordo com as estratégias adotadas.
O Conselho Gestor e a alta direção da Unifesp e SPDM estão totalmente à disposição para que, tanto o Ministério da Saúde, como as secretarias de Saúde do Estado e do Município, visitem as nossas estruturas e nos auxiliem na implementação dos planos de ação. Estamos abertos e à disposição para apresentar e debater.
Reafirmamos nosso desejo de trabalhar. Porém, é importante que os gestores da saúde e os gestores do hospital encontrem juntos as saídas e ações para que o HSP/HU/Unifesp continue sendo da população mais carente, bem como o centro de formação de centenas de profissionais de saúde que estão distribuídos em todo o país.
Por fim, esperamos que o Ministério da Saúde reconsidere sua posição, possibilitando a apresentação dos dados e do plano de ação para reduzir custos, mas que também nos ajude com saídas para a obtenção da sustentabilidade financeira e da utilização de toda a nossa capacidade em prol da população e da sociedade.
Soraya Soubhi Smaili
Reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Ronaldo Ramos Laranjeira
Presidente da Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM)