Por Paula Garcia
Em reunião realizada na última quarta (10), o Conselho Universitário da Universidade Federal de São Paulo (Consu/Unifesp) aprovou a resolução que trata das diretrizes, princípios e fundamentos para a construção da política de promoção da equidade e igualdade étnico-racial, prevenção e combate ao racismo na Unifesp. “Essa resolução se apresenta como um passo importante na Unifesp, porque reafirma o compromisso dessa instituição para o combate ao racismo estrutural e institucional, em conformidade com os demais projetos e planos institucionais, e evidencia o compromisso da gestão e demais servidores(as) contra toda e qualquer prática discriminatória e preconceituosa. É importante, ainda, o fato de que, para além dos preceitos legais, essa resolução contribui para a promoção, nos diversos espaços da universidade, a circulação de saberes e conhecimentos que contestam legados coloniais”, afirma Hosana dos Santos Silva, docente do Campus Guarulhos e uma das representantes da Comissão Antirracista na reunião.
Durante a apresentação, a presidente do Consu, Soraya Smaili, realizou um pedido formal de desculpas em nome da Unifesp a todas as situações de racismo existentes na instituição, ressaltando que esses atos não são mais tolerados. “Em uma sociedade racista, em que persistem práticas discriminatórias que promovem apagamentos e silenciamentos de grupos socialmente minorizados é necessário lutar, continuamente pelo reconhecimento, valorização e legitimação de diferentes e variadas formas de dizer, saber, conhecer, entender e explicar o mundo. Nesse sentido, os princípios e diretrizes para a política de promoção de igualdade racial e combate ao racismo da Unifesp se constituem a partir de uma perspectiva histórica e epistemológica que contribui para evidenciar as lutas de povos negros, indígenas, populações tradicionais e demais grupos historicamente racializados e discriminados em suas histórias, culturas e origens”, comenta Silva.
O documento também contempla a criação do comitê responsável por avaliar, planejar, propor e gerenciar ações para a construção conjunta da política, prevista para ser entregue em um prazo de 180 dias, além de contribuir para o desenvolvimento de propostas advindas da comunidade acadêmica, comunidades externas, órgãos e setores governamentais que visem à promoção da equidade racial e étnica e ao combate ao racismo, e também propor e incentivar estudos, pesquisas e debates sobre o tema.
A vice-reitora da Unifesp, Andrea Rabinovici, que foi coordenadora da Comissão de Combate ao Racismo, ressalta que o processo em si da elaboração das diretrizes foi de muito aprendizado, de construção de consensos e de forma participativa. Informa que as reuniões ocorreram com participação de mais de 50 pessoas, de todos os campi, incluindo estudantes, docentes e técnicos(as) entre especialistas e militantes no combate ao racismo. “Ainda há um caminho grande a ser percorrido, mas o processo inicialmente percorrido, a aprovação do Consu por aclamação e o entusiasmo dos(as) participantes darão força enorme para seguir em frente”, declara Rabinovici.