Mesa de abertura do seminário com a reitora da Unifesp, representantes do MEC, do Ministério dos Povos Indígenas, e outras lideranças indígenas
Em 2 de agosto, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) recebeu o Seminário da Região Sudeste (RJ e SP) - Proposição da Universidade Indígena do Brasil (UnIND). O evento ocorreu no Anfiteatro da Reitoria e teve como objetivo realizar um processo de escuta com entidades indígenas e indigenistas, bem como com especialistas no tema, para subsidiar a criação e implementação da Universidade Federal Intercultural Indígena.
Promovido pelo Ministério da Educação (MEC) em conjunto com o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), por meio da Secretaria de Educação Superior (Sesu) e da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização de Jovens e Adultos, Diversidade e Inclusão (Secadi), encontro foi o 9.º de uma série de 16 seminários que estão sendo realizados no país. O evento contou com equipe da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura - Proec/Unifesp, da Cátedra Kaapora/Proec/Unifesp no acolhimento e produção do evento, bem como da Prof.ª Chantal, da Unicamp.
Compuseram a mesa de abertura a reitora da Unifesp, Raiane Assumpção, a diretora de Políticas de Educação Escolar Indígena do Ministério da Educação (Secadi/MEC), Rosilene Tuxá, o representante do Departamento de Línguas e Memórias Indígenas do Ministério dos Povos Indígenas (MPI), Edilson Baniwa, o membro do Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena (FNEEI), Gersem Baniwa, o coordenador da Funai no litoral sudeste, Ubiratan Jorge, o coordenador de Políticas para a População Indígena (CPPI) do Estado de São Paulo, Cristiano Awa Kiririndju, a representante do Conselho Estadual dos Povos Indígenas de São Paulo (CEPISP), Avani Florentino, o coordenador da Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), Timoteo Potygua, a coordenadora das mulheres nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro pela Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpinsudeste), Lilian Terena, a coordenadora do setorial de educação do Conselho Estadual dos Direitos Indígenas do Rio de Janeiro (CEDIND-RJ), Marize Vieira de Oliveira, e a professora da Universidade Indígena Pluriétnica Aldeia Maracanã e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mônica Lima Mura Manaú Arawak.
Durante o encontro, Raiane Assumpção agradeceu a presença de representantes indígenas, de docentes e de estudantes da universidade – integrantes do curso de Licenciatura Intercultural Indígena (Lindi), sediado no Campus Baixada Santista, com sua primeira turma iniciada em 2024, disponibilizando 40 vagas anuais –, e destacou a trajetória da Unifesp nesse relacionamento entre ciências indígenas e ciências acadêmico-científicas não indígenas. “A nossa universidade tem uma história de mais de 50 anos de interação com a cultura e a saúde indígena, por meio do Projeto Xingu”, comentou.
Raiane Assumpção durante seu discurso no seminário
Como representante do MEC, Rosilene Tuxá enfatizou a importância dos seminários para a proposição da UnIND, bem como o papel fundamental das instituições de ensino superior para uma estruturação conjunta, por meio do compartilhamento de suas experiências e vivências.
Rosilene Tuxá integrou a mesa e realizou a leitura do Marco Conceitual da UnIND
Gersem Baniwa reforçou que o Brasil é um dos últimos países da América do Sul a assumir o compromisso de criação da universidade indígena. Além disso, as políticas afirmativas e de cotas adotadas no país ainda são consideradas complexas. “A Universidade Indígena é para equiparar, para que os saberes ocidentais sejam ciência, que os nossos saberes indígenas também sejam outras ciências, com suas lógicas, racionalidades, modos de produção, modos de transmissão, e sobretudo, um modo de uso coletivo”, ressaltou Baniwa
No decorrer da cerimônia de abertura, foi feita a leitura do Marco Conceitual da Universidade Federal Intercultural Indígena e, posteriormente, a divisão em quatro grupos de trabalho: de estudantes; de professores(as); de lideranças políticas e lideranças tradicionais; e de mulheres e conhecedoras tradicionais.
Público contou com lideranças indígenas, estudantes e docentes
Grupos de trabalho
No período da tarde, os grupos de trabalho (GTs) puderam expor os principais aspectos levantados durante as discussões internas. A valorização da autonomia dos povos indígenas, o fortalecimento dos conhecimentos ancestrais, a criação de núcleos de protagonismo para mulheres indígenas, a promoção da troca de saberes e a facilidade no acesso e permanência no ensino superior foram alguns dos temas relatados como primordiais para a futura universidade.
Sobre a UnIND
A criação da Universidade Federal Intercultural Indígena é uma reivindicação do movimento indígena reapresentada ao Ministro da Educação, no início de 2023, como parte das propostas consideradas prioridade no VI Fórum Nacional de Educação Escolar Indígena, realizado em dezembro de 2022.
Espera-se que a UnIND seja pública, gratuita e referenciada na interculturalidade e intercientificidade indígena, e que ela promova, por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, atividades voltadas para a valorização dos patrimônios epistemológicos, culturais e linguísticos dos povos indígenas.
Para conhecer mais detalhes sobre a rodada de seminários de consulta para criação e implementação da UnIND, acesse aqui.
https://unifesp.br/boletins-anteriores/item/7066-unifesp-sedia-seminario-sobre-a-criacao-e-implementacao-da-universidade-federal-intercultural-indigena#sigFreeIda66900be12
Fotos: Alex Reipert