Quarta, 03 Junho 2015 15:44

Edição 4 - Entreteses

banner entreteses 04 - imagem do Rio Pinheiros cheio de lixo, com um prédio refletido nele

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Junho 2015

Em meio à crise hídrica que assola não só países do Oriente Médio e da África, como também a China e a Índia, este número da Revista Entreteses apresenta 23 páginas especialmente dedicadas à água, recurso abundante no Brasil, porém mal distribuído e mal administrado pela população e pela gestão pública. O recurso, que antes valia ouro, principalmente em regiões do Nordeste do país devido à pouca (ou nenhuma) oferta, é desperdiçado e mal gerido até chegar ao ponto de provocar escassez em São Paulo, principal centro financeiro da América do Sul e a 14ª cidade mais globalizada do planeta segundo o Globalization and World Cities Study Group & Network (GaWC).

O especial traz importantes pesquisas sobre qualidade da água nas represas Guarapiranga e Billings, além das envolvidas com a biorremediação para o reuso da água de refinarias de petróleo e com a remediação de solos e aquíferos. Ao final, o leitor terá uma visão mais dinâmica sobre a crise hídrica mundial (e local) na entrevista com João Alberto Alves Amorim, professor da Unifesp e especialista em Direito Internacional do Meio Ambiente e em Direitos Humanos. Amorim também é autor dos livros Direito das Águas: Regime Jurídico da Água Doce no Direito Internacional e no Direito Brasileiro e A ONU e o Meio Ambiente – Mudanças Climáticas, Direitos Humanos e Segurança Internacional no Século XXI.

As quase 90 páginas restantes desse número apresentam outras pesquisas de ponta desenvolvidas nas mais distintas áreas – como saúde mental, da mulher e do trabalhador, Neuroaudiologia, Economia em Saúde, Genética, drogas, plantas medicinais e fármacos, História, Ciências Sociais, Pedagogia, sustentabilidade e Tecnologia.

Completamos a edição com uma entrevista com Esper Abrão Cavalheiro, atual pró-reitor de Planejamento da Unifesp e ex-presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que teve como foco a criação de um centro de estudos avançados na Unifesp, em que o neurocientista critica o excesso de formalismo que os programas de pós-graduação impõem aos pesquisadores brasileiros. Elaboramos, também, o perfil de um dos mais consagrados cientistas brasileiros, Otto Gottlieb, possibilitado pelo trabalho minucioso de pesquisa que contou com o auxílio da futura jornalista Rosa Donnangelo.

Expediente

Editorial :: Você tem sede de quê? Você tem fome de quê?

Carta da reitora :: Universidade pública assume o seu papel na crise hídrica

APG :: Corte orçamentário e o passo sem pé do governo federal

Entrevista • Esper Cavalheiro  :: Cientistas brasileiros precisam de mais ousadia

Perfil • Otto Richard Gottlieb :: “Ciência é tudo ou nada”

Especial • São Paulo (e o mundo) pede água :: Água é recurso cada vez mais escasso no mundo

Represa Guarapiranga :: Mudança de parâmetros

Represa Billings :: Opção questionável

Biorremediação :: Bactérias tratam água poluída por refinarias de petróleo

Aquíferos :: O poder do nosso solo

Entrevista • João Amorim :: Gotas que valem ouro

Vitamina D :: Um bem proveniente do sol

Saúde do trabalhador :: Síndrome metabólica é uma das principais causas de problemas cardíacos

Neuroaudiologia :: Enxaqueca pode comprometer audição

Economia em saúde :: Pesquisa avalia percepção sobre genéricos

Genética :: Estudo sugere subdiagnóstico da doença celíaca

Saúde da mulher :: Método pode ajudar no diagnóstico precoce da endometriose

Prevenção :: Visão precoce

Drogas  :: Prevenção é adotada por minoria das escolas na cidade de São Paulo

Saúde mental :: Realidade ignorada

Assistência  :: Tecnologia ajuda a decifrar sofrimento em bebês

Alimentação escolar  :: Não só o valor nutritivo determina a qualidade da refeição

Patrimônio histórico :: Antigas indústrias, novas perspectivas

Perspectivas  :: Ciências Sociais investigam o subimperialismo

Pedagogia  :: Criatividade e tecnologia transformam o ensino

Fármacos :: Pesquisa na Mata Atlântica abre perspectiva de novos medicamentos

Sustentabilidade :: Polímeros condutores à prova do tempo

Plantas medicinais :: Resposta à insulina pode aumentar com o Ginkgo biloba

Buckybombas :: Nanoexplosivos contra vírus e bactérias

Tecnologia :: Mais ordem no cais

Tecnologia :: Impressora 3D promete revolucionar mercado de próteses de mão


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Expediente - edição 4

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Um bem proveniente do sol

Estudo avalia a prevalência de hipovitaminose D em pacientes com osteoporose em tratamento ambulatorial

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Mais ordem no cais

Sistema computacional integrado desfaz o gargalo gerado no desembarque de carvão mineral no país, reduz custos e causa menor impacto ao meio ambiente

Publicado em Edição 04

Software desenvolvido por pesquisadores da Unifesp automatiza a identificação de expressões de dor em recém-nascidos

Valquíria Carnaúba

Entreteses04 p075 choro bebe

A Associação Internacional para o Estudo da Dor define essa sensação como “uma experiência sensorial e emocional desagradável, associada a uma lesão tecidual real ou potencial, que pode ser descrita nos termos dessa lesão”; assim, “a dor é sempre subjetiva” (1979). A dor e suas implicações motivam constantes avanços na Neonatologia, pois afligem recém-nascidos e prematuros, que chegam ao mundo sem saber expressá-la, muito menos fisiologicamente maduros para lidarem com ela. Daí a relevância de projetos como o conduzido por Ruth Guinsburg, professora titular do Departamento de Pediatria da Escola Paulista de Medicina (EPM/Unifesp) – Campus São Paulo, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp): um software concebido para detectar, em tempo real, expressões faciais de dor em bebês.

Os estudos iniciais para a criação desse software foram realizados há mais de dez anos pela fisioterapeuta especialista em Fisioterapia Respiratória Pediatrica e mestre em Engenharia Biomédica, Tatiany Marcondes Heiderich. Entretanto, o projeto foi colocado em prática somente em 2009 - com a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Unifesp -, durante o curso de doutorado em Ciências Aplicadas à Pediatria na EPM. “Meu interesse pelo assunto foi despertado quando percebi que nessa faixa etária todas as análises eram visuais e apontadas manualmente. Foi o contato com a Engenharia Biomédica que me inspirou a buscar ferramentas para automatizar esse processo”, afirma a pesquisadora.

A metodologia que Tatiany utilizou abrange a detecção de dor por meio da escala Neonatal Facial Coding System (NFCS), um guia que determina pontos dos rostos dos recém-nascidos que indicam a presença de dor. Capaz de aferir a sensação utilizando-se de um conjunto de parâmetros, como fronte proeminente com aproximação das sobrancelhas, olhos espremidos, fenda nasolabial aprofundada e lábios esticados de forma horizontal ou vertical, a escala é uma das mais bem conceituadas na literatura da área por ter uma especificidade muito alta e uma reprodutividade interessante.

Biometria

A validação do software – que busca assegurar o fornecimento de resultados confiáveis – foi realizada a partir da captação de imagens de 30 recém-nascidos na unidade de Neonatologia do Hospital São Paulo/Hospital Universitário da Unifesp, entre junho e agosto de 2013. Os bebês, cujo tempo de vida variava entre 24 e 168 horas, não apresentavam malformações congênitas e não necessitavam de suporte ventilatório ou sonda gástrica.

Antes do início das gravações, os bebês foram fotografados em momentos de relaxamento para que as imagens fossem usadas como parâmetro em relação à mudança de expressões. As imagens posteriores foram realizadas simultaneamente por três câmeras, durante 24 horas por dia, permitindo o mapeamento de mais de 60 pontos da face; tais pontos levaram à padronização utilizada pelo sistema de identificação biométrica, uma característica do programa.

Todos os relatórios gerados pelo software foram avaliados por seis profissionais especializados em Neonatologia, que compararam as fotos dos bebês antes, durante e depois de passarem por procedimentos médicos dolorosos e determinaram a presença ou não de dor em cada uma delas. Com base nessas constatações, o programa mostrou-se eficaz na identificação dos sinais de dor de todos os bebês flagrados em algum momento de sofrimento. No entanto, quando o mesmo documento foi repassado a médicos e enfermeiros da área, apenas 77% deles conseguiram detectar as expressões de dor.

De acordo com a pesquisadora, o desenvolvimento posterior do software tornará viável a geração de um relatório baseado na escala NFCS, que indicará quantas vezes o paciente apresenta face de dor no período de tempo em que é filmado. Isto poderá abrir caminhos para o controle da analgesia sistêmica em recém-nascidos (além de seus efeitos colaterais), a eliminação de lacunas existentes nos métodos de avaliação da dor por escalas, a supressão do sofrimento nas unidades de tratamento intensivo (UTIs) e, claro, a queda da mortalidade infantil.

Projeto em fase inicial

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Para Ruth Guinsburg, o software poderá auxiliar profissionais de saúde a detectar o sofrimento de bebês internados em UTIs

Apesar da inovação ser muito bem-vinda, o projeto encontra-se em sua fase nascente. O sistema de captação de imagens – que é composto de um computador central e de três câmeras à beira do leito – depende ainda da posição do neonato para garantir sua eficácia. “O que fizemos até o momento foi a validação do software para situações de um bebê a termo [bebê nascido após o período normal de gestação] com dor aguda, permitindo-se que a programação traduzisse a face da criança”, explica Ruth. “Porém, o programa ainda precisa de uma série de melhorias para só então ser colocado em prática”.

Os próximos passos para a aplicação definitiva do software incluem a observação de seu desempenho dentro de uma unidade de terapia intensiva e o refinamento de suas funções, como enumera Tatiany. “É preciso reestruturá-lo e implementar métodos de análise da orelha, língua e área (delimitada) superior da face, que ajudarão a detectar novos movimentos – como o tremor de queixo –, além de aperfeiçoar o método de captura das imagens.”

Quanto a outras aplicações, Ruth é otimista: “Existe a possibilidade de, no futuro, profissionais da área adequarem a aplicação do programa em crianças acometidas por deficiências graves que não conseguem expressar a dor.”

Expressões de dor no recém-nascido, segundo a escala NFCS

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O sistema desenvolvido é baseado na escala Neonatal Facial Coding System (NFCS), utilizada no reconhecimento de movimentos faciais de dor, convertida em linguagem de computador com o suporte do Departamento de Informática em Saúde (DIS) da Escola Paulista de Medicina (EPM)

Entreteses04 p076 expressoes

Artigo relacionado:
HEIDERICH, Tatiany Marcondes; LESLIE, Ana Teresa Figueiredo Stochero; GUINSBURG, Ruth. Neonatal procedural pain can be assessed by computer software that has good sensitivity and specificity to detect facial movements. Acta Paediatrica, [s.l.], v. 104, n. 2, p. e63-e69, fev. 2015. Disponível em: . Acesso em: 8 abr. 2015.

Publicado em Edição 04
Terça, 02 Junho 2015 14:59

Mudança de parâmetros

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