No último dia 28 de agosto foi realizado no prédio da reitoria da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), um encontro do Comitê de Acompanhamento do Grupo de Trabalho Perus – GTP, do qual fazem parte os comitês Gestor e Científico e parentes de mortos e desaparecidos políticos. O GTP trabalha na análise das ossadas encontradas em uma vala clandestina do Cemitério João Bosco, em Perus, dentre as quais acredita-se que possam estar os restos mortais de militantes desaparecidos na época da ditadura civil militar.
Na ocasião foram apresentados os resultados parciais, bem como o cronograma das próximas ações. Das 1049 caixas nas quais as ossadas estão armazenadas, 433 já estão no Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF), da Unifesp. Destas, 387 já foram analisadas e tiveram o perfil biológico determinado. A estudo dos restos mortais está sendo realizado por meio de parceria entre a universidade, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC).
O coordenador do Comitê Científico, Samuel Ferreira, apresentou o cronograma da próxima fase dos trabalhos. Entre a segunda quinzena de outubro e o mês de novembro, terá início a coleta de sangue dos familiares para o mapeamento do perfil genético. Para essa análise, serão necessárias de três a quatro gotas de sangue, e o procedimento é rápido e indolor. O material será transferido para o cartão de coleta, que facilita o armazenamento espacial e dispensa o uso de refrigerador, pois ele pode ser mantido em temperatura ambiente de 20°C a 30°C por até 30 anos.
Inicialmente serão priorizados os casos de familiares com idade avançada, ou em condições de saúde debilitada. No primeiro momento, também será feita a coleta de sangue de parentes cujos desaparecidos têm maior probabilidade de estarem entre as ossadas, que são Francisco José e Oliveira, Dimas Casimiro e Grenaldo de Jesus da Silva. Também serão levadas em consideração a localização e proximidade geográfica, de modo a otimizar recursos humanos e materiais.
Por conta da reforma estrutural do CAAF, iniciada no último dia 31 de agosto, a coleta das amostras ósseas dos restos mortais será realizada no departamento de anatomia da Unifesp e, após finalizadas as obras, elas deverão ser feitas no próprio centro. O material será encaminhado para um laboratório internacional para a análise, que tem até três meses para apresentar os resultados da comparação genética.
Toda coleta deve ser finalizada até março de 2016. O material será encaminhado para análise em até cinco lotes, contendo de 200 a 250 amostras. Todo o processo deverá ser finalizado até o primeiro trimestre de 2017.